
Review: Borderlands 4 ambiciona ser o melhor da série e consegue
Como 4º episódio numerado da saga, Borderlands 4 se destaca por mundo aberto vasto e movimentação mais ágil
oucas coisas nos videogames são tão recompensadoras quanto ver um inimigo deixar itens coloridos no chão ao ser derrotado. Fãs de Diablo, Destiny e The Division que o digam. A cor, elemento fundamental na composição do que hoje conhecemos como loot, é o que determina o nível de uma arma ou equipamento e funciona como termômetro da empolgação do jogador, e Borderlands 4 é um rei dessa regra.
É um tanto arriscado dizer que a franquia Borderlands criou, mas dá para afirmar com segurança que foi precursora ao combinar FPS, RPG e loot. Até então, ninguém havia integrado mecânicas de saque, sistemas de raridade de itens e uma progressão viciante em uma experiência cooperativa de tiro – ao menos não com tanta harmonia.
Concordo que essa mistura pode parecer comum atualmente, mas representou um ponto de inflexão em 2009, quando o Borderlands original foi lançado para PC, PlayStation 3 e Xbox 360. Passaram-se gerações até que a Gearbox Software percebesse que os anos 2000 ficaram para trás e que se reinventar era mais que necessário. Em 2025, finalmente, o estúdio conseguiu com Borderlands 4.
Borderlands 4: evoluir é preciso
Borderlands 4 mira mais alto que seus antecessores e deposita suas fichas em um mundo verdadeiramente aberto, vasto e sofisticado, cuja transição entre regiões acontece com mais naturalidade. Quando digo que o mapa é aberto, não, não é da boca para fora: você pode deixar a campanha de lado, logo após o prólogo, cumprindo ou não objetivos no seu próprio ritmo. É um playground sem regras desde o início.
Borderlands 3 se vendia como um jogo mais aberto – e, de fato, tinha áreas expansivas –, mas ainda delimitado por zonas, seguindo a cartilha de como tudo funcionava nos dois primeiros títulos. O quarto episódio, por sua vez, tem a exploração sem fronteiras como protagonista, o que, como resultado, relega a missão principal ao papel de coadjuvante.
Silos, tesouros, atividades paralelas, fragmentos de história e colecionáveis são apenas alguns dos pontos de interesse que entopem o mapa com um volume intimidador de ícones. Para se ter uma ideia da dimensão dos atrativos, passei as primeiras quinze horas de gameplay na área inicial e ainda deixei coisas pelo caminho.
Silos, tesouros, atividades, fragmentos de história e colecionáveis são apenas alguns dos atrativos que entopem o mundo aberto com um volume intimidador de ícones

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
Encontros aleatórios são opcionais em Borderlands 4, mas sempre nos incentivam a dar uma paradinha para farmar pontos de experiência e coletar loot. São os pit stops que fazemos para concluir esses eventos inesperados que dobram o tempo de jogatina, como se o conteúdo “fixo” já não fosse generoso o bastante. É o tipo de jogo que pode se tornar infinito para quem quiser que ele renda até o próximo lançamento da série.
Geograficamente falando, a pluralidade dos biomas faz bem aos olhos. Das cordilheiras nevadas às praias e florestas exuberantes, há estímulos visuais suficientes para manter o jogador entretido dentro da mesma província, sem enjoar. Uma pena que não haja um modo foto, não na janela de lançamento, para que a gente possa registrar a maravilha que é esse lugar.
História mais madura, mas o cringe está de volta
O fato de o mapa ser o trunfo de Borderlands 4, entretanto, não desqualifica sua narrativa – aqui com um tom propositalmente mais maduro. Situada em Kairós, a aventura parte do momento em que assumimos a função de um caça-arcas encarregado de libertar o planeta-prisão de seu governo opressor, sob o domínio do Senhor do Tempo, um déspota que se vale de aparatos alienígenas para manipular a população.

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
Acima dos tesouros que um caça-arcas costuma almejar, o seu propósito em Kairós logo passa a ser o de perseguir os cúmplices do vilão. Com o apoio das facções rebeldes que encontra ao longo da jornada, você deve abater, um a um, os fiéis escudeiros do tirano, cada qual exercendo um papel-chave na operação que busca controlar Kairós de ponta a ponta.
Tão boas quanto os objetivos principais, as missões secundárias de Borderlands 4 tomam o caminho oposto à abordagem mais sóbria da campanha e trazem ótimas lembranças dos títulos antigos, preservando o humor escrachado, que se empenha em ser cringe. Em uma das tarefas secundárias, por exemplo, precisei provar a um terraplanista, por meio de uma aula prática de física, que a Kairós não é plana como ele pensa que é (sem conseguir convencê-lo ao final).
Sem limitações no combate
Mais ágil e flexível, o combate de Borderlands 4 é levado a um novo patamar com a inclusão do pulo duplo, da esquiva no ar, da habilidade de planar e, sobretudo, do gancho, agora que o level design se beneficia da verticalidade. Você raramente fica no chão e está sempre interagindo com elementos do cenário, seja no solo, com o auxílio de bombas e outros itens, ou no ar, graças aos atalhos que o arpéu nos permite alcançar.

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
Ter mais mobilidade também contribui para que a locomoção a pé seja mais agradável, ao contrário dos games anteriores, em especial do 1 e do 2, nos quais dependíamos dos veículos a todo momento. Nesse sentido, achei a movimentação do personagem muito mais parecida com a de Destiny, nem tanto com a de Borderlands 3 em si.
Atirar em Borderlands 4 é uma delícia: cada arma proporciona uma satisfação muito particular, tamanha é a diversidade do arsenal, até mesmo no que diz respeito à customização. O gunplay segue impecável e agora tem a velocidade como uma de suas principais características. Ficar parado não é uma opção: os inimigos exigem que você esteja em constante movimento, mesmo na dificuldade baixa, seja jogando sozinho ou em grupo, já que seu escudo se esgota com certa facilidade.
Com a baixa variedade de inimigos, contudo, não demora muito até que você aprenda a lidar com todos os tipos e, com isso, o combate acabe caindo na repetição mais cedo do que deveria. A diversificação que o jogo busca nas missões não se estende para os mobs, infelizmente, e tira um pouco do brilho de uma experiência que tinha, em suas mãos, todos os ingredientes para ser perfeita.
Atirar em Borderlands 4 é uma delícia: cada arma proporciona uma satisfação muito particular, dado o quão diversificado é o arsenal

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
Problemas técnicos: pode escolher
Concebido na Unreal Engine 5, Borderlands 4 já trazia uma certeza antes mesmo de ser lançado: seria um jogo pesado e, bem, mal otimizado. Na matéria em que o Flow Games destrinchou os aspectos técnicos, constatamos que, no PC, o game utiliza a geração de quadros por IA como muleta para aprimorar o desempenho, até em máquinas mais potentes.
Já os consoles, por outro lado, por não poderem recorrer a funcionalidades semelhantes de otimização, sofrem com quedas constantes e gargalos, mesmo no PlayStation 5 Pro, console que usei para testes. O modo desempenho ao menos se mantém estável, numa taxa que quase sempre beira os 60 fps, em detrimento, obviamente, da resolução.
Se fossem apenas problemas de fps em Borderlands 4, já estaria bom. Também me deparei com missões em que não era possível interagir com o objeto necessário para avançar, o que me fez reiniciar a partir do último ponto de salvamento, além de casos em que as texturas simplesmente não carregaram como esperado, tanto nos cenários quanto nas armas.

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira
Devo dizer, porém, que Borderlands 4 está em processo de ser otimizado pela Gearbox e já se encontra em uma situação melhor, ou seja, mais jogável do que no seu lançamento. A tendência é que continue melhorando, mas fico me perguntando que tipo de magia a desenvolvedora pretende fazer para que esse game rode de forma minimamente decente no Nintendo Switch 2.
Veredito
A par dos tropeços de seu antecessor, Borderlands 4 internaliza o que deu errado e evolui em todos os quesitos passíveis de melhoria. Sem pestanejar, é a experiência definitiva para quem curte a franquia: humor escrachado, conteúdo sem miséria, missões secundárias tão boas quanto a história principal, mundo aberto entupido de atrações e uma jogabilidade mais satisfatória que aqueles vídeos relaxantes de gente cortando sabonete.
Analisado no PS5 Pro.
Uma cópia de Borderlands 4 foi gentilmente cedida pela Gearbox Software para o propósito de análise
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Borderlands 4
Publisher: 2K
Desenvolvedora: Gearbox Software
Plataformas: PS5, Xbox Series S|X e PC
Lançamento: 11/09/2025
Tempo de review: 53 horas
Borderlands 4 internaliza o que deu errado em seu antecessor e evolui em todos os quesitos passíveis de melhoria
Prós
- Mundo aberto vasto, entupido de atividades
- Combate mais ágil e flexível
- Gunplay mais satisfatório do que nunca
- O loot é tão viciante quanto o jogo do tigrinho
- Marca o retorno do humor escrachado
Contras
- Alguns problemas técnicos grosseiros
- Baixa variedade de inimigos











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