As 9 polêmicas entre os indicados ao The Game Awards 2023
Os indicados ao The Game Awards, premiação de games mais famosa do mundo, deram o que falar nesta semana
The Game Awards, maior premiação de jogos do mundo (tida como o “Oscar dos games”), acontece apenas no dia 7 de dezembro, mas na última segunda (13) a organização revelou os indicados para todas as categorias que vão concorrer em 2023. Contudo, a seleção dos títulos indicados não agradou ao público e gerou polêmicas.
Certamente, listas são sempre complicadas e podem conflitar com gostos pessoais de cada um, mas a realidade é algumas inconsistências e polêmicas marcaram a edição deste ano. Se você ficou curioso, confira abaixo!
Entenda o processo de votação da The Game Awards
Antes de mais nada, é preciso entender um pouco como funciona o processo de indicados da The Game Awards. Ao contrário do que se tem no imaginário popular, não é a organização que seleciona os jogos que vão participar da premiação, mas sim uma lista de júris do mundo todo selecionados por Geoff Keighley e sua equipe.
São mais de 100 júris que participam da premiação (inclusive do Brasil) e, em um primeiro momento, indicam 5 nomes para cada categoria. Ao final da contagem, os games com maior quantidade de votos se tornam os indicados (sem ordem de preferência ou peso), mas há regras adicionais: em caso de empate, mais títulos aparecerão na lista, e Geoff Keighley e sua equipe não participam da votação.
O júri da The Game Awards participa também na votação de Melhor Adaptação, mas Acessibilidade e Esports têm seu próprio júri especializado também (portanto, veículos convencionais não necessariamente indicam nomes para essas categorias).
A data de corte para os jogos participarem é o dia 17 de novembro, ou seja: games lançados após esse período só podem concorrer na TGA 2024 (assim como títulos lançados em 18 de novembro de 2023 para frente seriam elegíveis agora).
Como a The Game Awards precisa de uma lista de jogos antes desta data – afinal, nem chegamos no dia 17 e já sabemos os indicados –, é necessário que a imprensa especializada já tenha em mãos os games que podem participar em algum período de novembro (mas há uma chance de mudar as escolhas caso surja algum outro título de peso antes de a lista oficial ser divulgada).
E, complementar a esse dado, as distribuidoras de jogos podem, se quiserem, enviar códigos de games para que membros do júri testem e conheçam suas obras – mas é uma parte opcional do processo. Em outras palavras, há alguns títulos que, talvez, não tenham chegado às mãos dos jurados para serem jogados e potencialmente indicados.
No fim, os júris devem votar em uma única escolha entre os indicados, contando para 90% do peso da votação. Os 10% restantes são dos votos públicos e você também pode participar!
1 – Starfield esteve ausente do GOTY
Essa talvez seja uma das maiores polêmicas em relação a todos os indicados da The Game Awards (ou, ao menos, é uma das mais comentadas). Afinal, Starfield é um dos grandes jogos do ano, um projeto de paixão de Todd Howard e um exclusivo de peso para o lado do Xbox em 2023.
Porém, por mais doloroso que seja para os fãs, não há nada de errado com o processo. O título espacial da Bethesda estar de fora implica somente que não houve votos suficientes do júri para ele aparecer na categoria de Jogo do Ano.
E, dado o estado de 2023 como um dos melhores anos da história, é uma vaga realmente concorrida (e vale lembrar que Starfield foi divisivo e muitas críticas deram nota abaixo da média).
Muitos fãs acreditam em teorias conspiracionistas ou que há “cotas” para as grandes publishers, mas a realidade é que Phil Spencer é até mesmo parte do conselho da The Game Awards, reforçando que não há “mutretas de bastidores” por lá. Gostando ou não, é parte do processo.
Como parte de consolação, diversos jogos de peso também ficaram de fora neste ano, como Final Fantasy 16, Diablo 4, Hi-Fi RUSH, Sea of Stars, Dead Space Remake, Cocoon, Hogwarts Legacy e mais.
2 – Nintendo pode ter dois jogos no GOTY?
Juntando com o ponto anterior, diversos fãs não gostaram do fato de a Nintendo abocanhar duas vagas na categoria do GOTY da The Game Awards enquanto outros títulos importantes ficaram de fora (incluindo Starfield). Contudo, como comentado acima, não há nenhum problema e é perfeitamente possível dentro das regras.
Isso, inclusive, nem é novidade. Em 2017, vimos um cenário bem similar, com Zelda Breath of the Wild e Super Mario Odyssey concorrendo pelo pódio de Jogo do Ano. Na prática, significa apenas que a mídia especializada gostou mais desses games do que os demais e seus nomes apareceram em maior quantidade na contagem.
Portanto, por mais que pareça “injusto” essa situação, é perfeitamente normal e dentro dos protocolos da The Game Awards.
3 – Um remake pode concorrer ao GOTY? Sim!
Outra “polêmica” que deu as caras na The Game Awards nos indicados ao GOTY foi Resident Evil 4 Remake ser um dos selecionados. Afinal, pode um remake, um jogo antigo refeito, voltar a concorrer em uma premiação grande como esta? Na verdade, pode sim e não há nenhum impeditivo.
Apesar de parecer ruim um remake aparecer nas indicações, vale lembrar que ainda é um título feito do zero: não é um remaster ou um port. Não há nenhuma regra contra isso e, sendo um bom jogo e tendo indicações dos críticos, é totalmente plausível de concorrer. Inclusive, vale lembrar que Resident Evil 2 Remake concorreu em 2019 e era um dos favoritos.
4 – Cyberpunk 2077?! Sério?
Esse aqui talvez tenha pisado no calo de muitos jogadores: como pode Cyberpunk 2077, o game que lançou quebrado em 2020, participar agora tanto tempo depois da The Game Awards? Não deveria ser somente títulos lançados em 2023? Na verdade, não.
Primeiro, é necessário relembrar que Cyberpunk 2077 recebeu a expansão Phantom Liberty neste ano e, de forma praticamente unânime, foi um sucesso entre a mídia especializada. Vale lembrar que em 2016, The Witcher 3 Blood and Wine não só concorreu ao melhor RPG do ano, mas como levou o prêmio.
Além disso, a regra da The Game Awards é bem clara: não há nenhum tipo de impeditivo para jogos de anos anteriores concorrerem, mas há um asterisco aqui. Para esse game em questão, mesmo que mais antigo, voltar a participar, ele precisa ter recebido atualizações ou material relevante.
Neste ano da The Game Awards, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty concorre a melhor narrativa, melhor atuação (com Idris Elba), suporte à comunidade e melhor jogo em andamento (algo que, para muitos, é injusto, já que ele não teve suporte contínuo, mas sim correções).
Apesar de serem categorias relevantes à expansão e ao suporte ao longo ao conteúdo anos depois, a realidade que pode chocar é que ele poderia até mesmo concorrer ao GOTY. Ou em qualquer outra categoria. Novamente, se há update e conteúdo inédito de qualidade, qualquer título de anos anteriores são elegíveis novamente (pense em MMORPGs, jogos de serviço, etc).
5 – Afinal, Dave the Diver é indie ou não é?
Se teve uma polêmica que ganhou tração foi a de Dave the Diver ser indicado ao Melhor Jogo Indie da The Game Awards. Se você achou estranho isso ser uma polêmica, precisa entender um pouco melhor a história, que teve bastante repercussão nas redes sociais.
O que acontece é: apesar de Dave the Diver ter um aspecto muito similar ao de diversos outros títulos independentes do mercado, ele é, na verdade, produzido pela Mintricket e financiado pela Nexon, uma empresa de entretenimento gigantesca da Coreia do Sul. Portanto, nem mesmo sua distribuidora o considera indie.
Portanto, há dois problemas aqui. O primeiro é que o júri não conhecia esse fato e, de maneira errônea, o indicou para esta categoria. A segunda delas é que a equipe de curadoria da The Game Awards poderia fazer uma avaliação mais criteriosa sobre os indicados e, se houver algo que não se caracterize, vetar essa escolha.
Contudo, muitas discussões assolaram o Twitter/X na tarde desta terça-feira sobre o que é realmente ser um jogo indie ou não: o que configura esse rótulo? Orçamento? Equipe? Distribuidora? Devolver ainda é indie? Não temos respostas (e talvez não haja), mas você pode deixar seu comentário na matéria em relação a esse assunto.
6 – Alan Wake 2 indicado com o ator “errado”
Talvez não seja exatamente uma polêmica, mas também foi um assunto de discussão sobre a The Game Awards. Entre os atores indicados à categoria de Melhor Atuação, temos Melanie Liburd, que interpretou Saga Anderson em Alan Wake 2. Apesar de ser uma excelente atriz, alguns fãs estranharam a indicação.
A explicação é que a personagem de Saga Anderson não é explorada de uma maneira mais profunda em termos de atuação quanto outros personagens do game, incluindo o próprio Alan Wake (interpretado pelo ator Matthew Porretta) e Alex Casey, personagem coadjuvante interpretado por James McCaffrey (o mesmo ator que fez Max Payne).
E aí, concorda com essa indicação? Certamente, bem mais subjetiva.
7 – Final Fantasy 16 em RPG e sem outros nomes
Antes mesmo da The Game Awards revelar os jogos que devem concorrer em diversas categorias em 2023, Final Fantasy 16 já gerou debates na comunidade sobre a falta de elementos de RPG – o que pode ser mais crítico para uma franquia que é mundialmente famosa por ser… um RPG.
Além de a categoria ter Final Fantasy 16, que é bem debatível se deveria estar por lá, Lies of P é outro que, por ser um soulslike, sempre gera intrigas. Contudo, independentemente dos indicados, há outros RPGs que ficaram de fora, como Octopath Traveler 2, Diablo 4 e outros.
Você acha que alguns desses (ou outro não citado) deveriam estar ocupando lugar nesta competição?
8 – Sem Loud nos times de Esports
Essa aqui pode ser uma indignação maior ao público brasileiro, já que a Loud não estava entre as equipes indicadas na categoria Melhor Time de Esports da The Game Awards. Mesmo com muito público, títulos (incluindo um mundial de Valorant em 2022) e renome, o time ficou de fora da TGA 2023.
9 – E o melhor coach de Esports vai para… alguém que não é coach
Que tal encerrar a lista de uma maneira praticamente cômica? Entre as categorias de Esports da The Game Awards, temos a de Melhor Coach de Esports, premiando o técnico mais competente que ajudou sua equipe a conquistar grandes resultados. Porém, há uma pegadinha aqui.
Entre os indicados, vimos Remy “XTQZZZ” Quoniam, da Team Vitality de Counter-Strike. Até aí, sem problemas, certo? Contudo, o próprio XTQZZZ se pronunciou em sua conta pessoal do Twitter/X que sequer foi técnico em 2023 e que ele deveria ser removido da lista. Confira:
Let's be serious 2 min. I wasn't even a coach this year….Take me off the list https://t.co/pxC2Xj5w4l
— XTQZZZ (@XTQZZZ) November 13, 2023
Vamos ser sérios por dois minutos. Eu sequer fui um coach neste ano… Me tirem dessa lista”
Aqui, novamente, cai no mesmo caso de Dave the Diver ser indicado como melhor indie da The Game Awards 2023: faltou uma equipe de júris mais especializada e dentro do assunto, assim como um filtro da equipe da organização em barrar indicados que não são correspondentes em suas categorias.
Comentários
“…não tenham chego às mãos dos jurados para serem jogados e potencialmente indicados.”
Olá Vinicius! A fim de sempre buscarmos nos aperfeiçoar no que fazemos, fica minha sugestão para correção do trecho do texo acima citado. Substituir chego por chegado, que é o correto. É a mesma conjugação do verbo jogar: “talvez eles não tenham jogado.” e não “talvez eles não tenham jogo.” Obrigado!!!! E por favor não me entenda como um zé regrinha!!!
A DLC de Xenoblade Chronicles 3 também foi bem aceita pelos críticos, um dos jogos mais bem avaliados do ano no metacritic (92) , que o transforma em um jogo novo completo, umas 18 horas de história principal e possíveis 35 horas pra fazer o 100%, e como muita qualidade, tudo isso só na dlc, mas como nem vocês e nem os “jurados” se importam, ele não foi indicado naquela categoria de Cyberpunk. Anotem o que eu digo, Xenoblade ainda vai marcar seu nome na indústria dos games, a Nintendo está preparando isso no “Switch 2”.
Game of The Year deveria ser a obra prima do ano, não um remake, que já tem metade do trabalho feito, nem um jogo que reaproveita um mapa do jogo anterior.
Por mais que não tenha uma conspiração por trás, sempre tem a nostalgia ou a preferência por certas empresas que já notei faz algum tempo, fora que a popularidade parece ser um fator decisivo, mais do que qualidade.
Enfim, é um evento divertido, mas pra mim deixou de ser um evento “justo”.
Concordo. Os juris têm suas preferências, o que explica Sony e Nintendo sempre aparecerem em peso nessas premiações. Não tem nada de conspiratorio nisso, é apenas o gosto pessoal dos caras influenciando suas escolhas nos votos.
Claramente me parece mais um evento que indica tendências do que um verdadeiro qualificador de bons games.
Eu sei que a publisher não considera Dave The Diver um indie, mas sinceramente, o escopo do projeto é low cost, inclusive o valor cobrado pelo jogo é de indie, em torno de 20 dólares. Fazer jogos bons com baixo orçamento, isso deveria ser indie.
“time de especialistas”
“juri especializado”
Tem uma parte informação errada no número 6, que diz que Mathew Porretta e James McCraffey como atores do Alan Wake e do Alex Casey, respectivamente, mas está informação está errada pelo fato de eles serem os dubladores dos personagens em questão, e não os atores, sendo Iikka Villi o ator de Alan Wake e Sam Lake (que também é escritor da remedy) o ator de Alex Casey/Max Payne