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Afinal, quanto o NVIDIA Reflex ajuda na latência de jogos?

Muito se fala sobre o NVIDIA Reflex, mas o que ele faz? E realmente vale a pena ativá-lo em qualquer jogo?

17.08.2024 às 12:00

Lançado em 2020, o NVIDIA Reflex era (e continua sendo) uma tecnologia bem interessante. A promessa da empresa na época era, de uma forma quase mágica, reduzir a latência, ou seja, diminuir o tempo entre o aperto do comando no teclado, mouse ou controle até a ação efetivamente acontecer em tela.

Mas o que exatamente ele faz? Na prática, você tem benefícios palpáveis, há custos de performance, e, se há pontos positivos, eles têm algum impacto na prática? A convite da NVIDIA, fomos ao escritório da companhia para entender mais como funciona o recurso ao nível de hardware e testá-lo lado a lado com setups mais modestos.

nvidia reflex

Imagem: NVIDIA

Como o NVIDIA Reflex funciona?

Diferente do DLSS, Ray Tracing e outras tecnologias implementadas na linha RTX em 2018, o NVIDIA Reflex chegou posteriormente em 2020, mas não utiliza os Tensor Cores e RT Cores, a tecnologia de redução de latência da NVIDIA funciona a partir da linha GTX 900 e não depende de hardwares mais atualizados para ser executado.

Na verdade, o resumo é que o Reflex é mais um protocolo de comunicação que sincroniza e coordena as funções da GPU e CPU para evitar milissegundos de atrasos para renderização de quadros no display, servindo como um “maestro” entre as operações e otimizando o tempo entre o comando no mouse ou teclado até o resultado em tela.

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Imagem: NVIDIA

Por não ser um “processo extra” na fila de renderização, o NVIDIA Reflex tem zero impacto na performance, ou seja: ativá-lo não vai aumentar a carga de trabalho da GPU e CPU e reduzir seu fps em jogos. Mas como acontece a magia de redução de latência com zero impacto?

Conforme citamos, o NVIDIA Reflex é uma tecnologia que ajuda a cortar custos durante a produção e execução de frames, mas primeiro precisamos entender como esse processo funciona (ao menos de forma resumida).

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Imagem: NVIDIA

Durante a execução de um jogo, o processador (CPU) calcula a lógica do game (como IA, sistemas, dano, etc) e envia essas informações para a placa de vídeo (GPU), criando a “fila de renderização” e parte para calcular as informações do próximo frame. Tanto a lógica do jogo quanto a fila de renderização custam tempo (medido em milissegundos).

Em um cenário ideal sem uso do NVIDIA Reflex, a melhor forma de ter latência baixa é ter uma alta taxa de quadros e estar com a GPU quase em 100% de uso, mas não em 100%, para que o CPU consiga renderizar tudo da forma mais rápida possível sem criar “filas de quadros”: afinal, com o processador no limite e a placa de vídeo quase no limite, tudo que é requisitado será renderizado “na hora”.

Porém, esse cenário é quase inexistente e é para isso que o NVIDIA Reflex serve. O que a tecnologia da NVIDIA faz é sincronizar o tempo de execução dessas etapas entre o CPU e GPU, eliminando a fila de quadros e a necessidade de o processador criar um processo para mandar à placa de vídeo sobre as informações do quadro.

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Imagem: NVIDIA

É uma explicação sumarizada e simples, mas o resumo é que algumas etapas comuns que vemos em games são sincronizadas e não dependem de ciclos de processamento para funcionar, reduzindo etapas e, assim, a latência.

Qual a diferença entre NVIDIA Reflex e o Reflex + Boost? Qual usar?

Se você já viu o painel de configurações em que o NVIDIA Reflex aparece em jogos, já deve ter reparado que há mais do que apenas ligar ou desligar. Entre as opções, há o Reflex e o Reflex + Boost, mas o que isso significa e qual usar? Afinal, com o nome “Boost” parece ser sempre a melhor opção, não é mesmo?

Bom… apesar de não necessariamente ser a melhor opção, ela acaba sendo uma versão de “garantia” para que as coisas funcionem. Em suma, ter a opção Boost ativada significa que a GPU estará sempre operando na sua capacidade total, ou seja, nos clocks máximos e, em alguns casos, até com um overclock leve e rápido para certas situações.

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

Em certas situações, os perfis de energia do Windows podem estar no modo de economia de energia, fazendo com que a frequência da placa de vídeo não esteja na capacidade máxima (ou em alguns casos, até dar uma dose extra de potência quando necessário).

Na prática, se nenhum tipo de configuração do seu sistema operacional estiver atrapalhando, você pode usar o NVIDIA Reflex comum e não terá diferenças. Se não tem certeza e quer garantir, use o Reflex + Boost.

Setups lado a lado, há resultados satisfatórios?

Uma das coisas legais ao visitar o escritório da NVIDIA é que a equipe reproduziu dois setups diferentes, ambos com o NVIDIA Reflex ativado, mas com setups bem diferentes e com latências drasticamente distantes entre eles. A ideia era ver com testes empíricos o quanto a latência realmente impacta na jogabilidade.

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Imagem: Valve

Em um dos computadores, tínhamos um i5 de quarta geração e uma GTX 1050 Ti (curiosamente, a placa de vídeo mais popular para CS:GO e, agora, CS2), enquanto o outro tinha um hardware bem mais parrudo, com uma RTX 4070 e um processador bem mais potente (aliado a um monitor de 360 Hz).

PC de Latência Alta:

  • GeForce GTX 1050 Ti
  • Core i5 4ª geração
  • 8GB de RAM DDR3-1600
  • SSD SATA de 240GB
  • Monitor 1080p 75Hz

PC de Baixa Latência:

  • GeForce RTX 4070 Ti
  • Ryzen 7 5800X3D
  • 16GB de RAM DDR4-3200
  • SSD NVME de 480GB
  • Monitor 1080p 360Hz G-SYNC

No PC menos potente, a média era de 58 a 70 fps, enquanto o melhor equipado mantinha taxas de quadro na média de 300 fps, ambos com VSync desativado (algo que ajuda na latência) e Reflex ativado.

Obviamente, a maior taxa de quadros na conta de latência ajuda (e muito), mas é curioso se compararmos as métricas de tempo de resposta. No setup mais modesto, mesmo com o NVIDIA Reflex ativado, a média ficava em 70 ms.

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Imagem: Nana Dua na Unsplash

Como comparação, jogos no PS5 e Xbox Series X|S em 60 fps podem variar caso a caso, indo de 50 a 120 ms de tempo de resposta. Portanto, é interessante notar que mesmo com o Reflex ativado, a latência do PC mais fraco estava, em média, próxima da de consoles de nova geração.

E no PC mais potente? Com tudo maximizado, a latência em CS2 chegou a 5 ms. É um número assustadoramente impressionante, mas isso faz sentido na prática? Eu não sou a pessoa com o olhar mais aguçado para métricas de alta performance, mas era muito perceptível o quão mais responsivo era jogar no PC potente.

A realidade é que, para muitos games, 70 ms de latência não é ruim, mas quando estamos falando de jogar no mouse e teclado, e em um jogo competitivo online, é da água para o vinho o quão diferente pode ser a experiência.

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Imagem: NVIDIA

Obviamente nem todo mundo tem um setup tão potente para rodar jogos nessas taxas de quadro alta, mas a latência é sim um ponto determinante em alguns games. O ponto é: se você tem como mitigar esse problema, faça! O NVIDIA Reflex pode ser usado em placas de vídeo da linha GTX 900 e, segundo a companhia, pode mitigar porcentagens altas de input lag (vimos que, em alguns casos, pode ser até de 45%).

Não há problemas jogar como você pode, mas certamente, como no setup mais fraco que testamos, é muito melhor jogar em 70 ms de latência com o NVIDIA Reflex ativado do que 110 ms, não é mesmo?

E você, já conhecia mais a fundo o recurso da NVIDIA? Usa nos seus jogos? Deixe seu comentário abaixo!

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