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Caso Microsoft e Activision pode ser ‘questão de honra’ para FTC

Bloqueio do negócio da Microsoft pode ter base em motivação pessoal da liderança do órgão, não o interesse dos consumidores

05.07.2023 às 14:54

Se até o DualShockers, um veículo primariamente dedicado à cobertura do ecossistema PlayStation, acha estranho a guerra fervorosa travada pela FTC contra a aquisição bilionária da Activision Blizzard pela Microsoft, significa que talvez tenhamos que mergulhar ainda mais a fundo nesse assunto.

Afinal, pistas sugerem que o órgão regulador dos EUA pode ter outras intenções para bloquear a negociação – muito além do interesse geral dos consumidores americanos e da busca por manter o setor com uma concorrência sadia.

microsoft activision blizzard

Imagem: Microsoft

A nova FTC

Segundo um artigo publicado nesta quarta-feira (5) por Jack Coleman, o caso envolvendo Microsoft e Activision Blizzard possivelmente tem um significado oculto para a comissão federal, com o potencial de ser a vitória que seus líderes tanto almejam ou o começo do fim para essa nova administração.

Aqui, vale um pouco de contexto. Desde a mudança do governo Trump para o de Biden, a FTC tem ganhado uma postura mais agressiva em seus processos antitruste e colocado muitas das big tech em sua mira. Muito disso se deve a algumas figuras-chave indicadas pelo atual presidente para atuar no comando ou assistência do órgão.

Isso aconteceu primeiro com a chegada de Jonathan Kanter para operar justamente nas ações antitruste, junto do Departamento de Justiça dos EUA, e depois com a nomeação de Lina Khan para o comando da comissão. Ambos são críticos ferrenhos ao tamanho e à influência das empresas de tecnologia nos dias de hoje – incluindo aí a Microsoft, é claro.

microsoft x ftc - lina khan

Imagem: FTC

Aparentemente, essa cruzada pessoal da dupla extrapolou a atuação convencional da FTC, que entrava em cena apenas quando o consumidor era diretamente prejudicado por uma movimentação do mercado, para utilizar a máquina federal para colocar as companhias do setor contra a parede.

Ou seja, a análise necessária para bloquear ou permitir uma fusão ou aquisição passou a não levar em consideração somente aumento de preços de produtos ou serviço, mas também impactos potenciais para os trabalhadores da área ou como o negócio afetaria empresas menores – ou concorrentes – no mesmo segmento.

Microsoft pode ser troféu para liderança da FTC

Essa agressividade, no entanto, tem trazido mais derrotas do que louros da vitória para a FTC. Recentemente, por exemplo, uma tentativa de se opor a uma compra feita pela Meta – dona do Facebook, Instagram e WhatsApp – acabou sendo revertida na Justiça.

Entra em cena, então, a proposta de aquisição da Activision Blizzard por US$ 69 bilhões pela Microsoft. De acordo com o DualShockers, esse negócio já teria sido fechado há tempos se a transação tivesse ocorrido em administrações anteriores do órgão. Sob o comando de Khan, no entanto, o caso acabou virando uma peça importante no tabuleiro – e uma espécie de “questão de honra” para a comissão.

O caso acabou virando uma peça importante no tabuleiro – e uma espécie de “questão de honra” para a comissão

O principal ponto de ruptura entre as companhias e a FTC seria o impacto negativo que uma possível exclusividade de Call of Duty no ecossistema Xbox teria no mercado. O detalhe? Phil Spencer e outros executivos da Microsoft e ABK já se comprometeram, múltiplas vezes, a manter CoD não só nas plataformas atuais, como expandir os sistemas em que a franquia está disponível, incluindo aí uma inesperada versão para Nintendo Switch.

microsoft - call of duty

Imagem: Activision

Outro elemento que levou ao bloqueio nos EUA é a estrutura do Game Pass, as IPs do conglomerado Activision e a força da MS no setor de nuvem, que poderiam levar a dona do Windows a se tornar uma líder isolada do setor de cloud gaming e dificultar consideravelmente a chegada de novos entrantes.

A preocupação até é pertinente, mas perde força diante do tamanho do segmento hoje e do fato de a Microsoft também ter feito uma série de parcerias com provedores cloud ao redor do mundo para garantir amplo acesso a seus jogos e serviços. Some a isso o fato de o Xbox estar atrás de Sony e Nintendo em quesitos como receita e alcance na indústria de jogos global e o cabo de guerra fica ainda mais complicado.

Tá bom, mas onde vai dar tudo isso?

O último movimento da FTC nesse jogo de xadrez foi o pedido de uma liminar para colocar o negócio da Microsoft em pausa, e é aí que mora tanto a vantagem quanto a possível derrota do órgão.

microsoft xbox

Fonte: IGN/Reprodução

Por um lado, a juíza responsável pelo caso, Jacqueline Scott Corley, já deixou claro que não está muito convencida pelos argumentos da comissão federal e da Sony. Negar a liminar, então, seria um desfecho amargo para Khan, Kanter e seus colegas, e poderia resultar em perda de credibilidade e até mesmo numa troca das cadeiras no futuro próximo.

Por outro, a data-limite para que o negócio seja fechado entre Microsoft e Activision Blizzard é o próximo dia 18 de julho, um prazo que, apesar de estar na mente da juíza, é bastante apertado. Como as duas companhias decidiram desistir da fusão caso a compra não seja aprovada até lá, essa pode ser a vitória que a FTC tanto almejava.

Seja como for, é certo que estamos nos momentos finais dessa novela e que teremos uma decisão que vai mudar – de um jeito ou de outro – o cenário dos games nos EUA e no mundo. E você, aposta em qual encerramento para essa história? Deixe a sua opinião mais abaixo, na seção de comentários do Flow Games!

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1 ano atrás

Se lascou flow a abk é nossa