Review: Emio The Smiling Man traz mistério intrigante ao Switch
Confira a análise completa de Emio The Smiling Man Famicom Detective Club no Nintendo Switch
� realmente uma experiência ser botafoguense E nintendista. No futebol, meu time é acompanhado pelo mantra "há coisas que só acontecem ao Botafogo", que apesar de ser normalmente associado a infortúnios, teve origens bem positivas na crônica de Paulo Mendes Campos.
E bom, quem acompanha o noticiário da Big N dificilmente discordaria que também “há coisas que só acontecem à Nintendo”, como por exemplo lançar e dar destaque a Emio The Smiling Man Famicom Detective Club, o novo capítulo de uma franquia super nichada.
Para você ter noção, ela foi lançada originalmente apenas para o Famicom Disk System lá em 1988, sendo que os dois primeiros jogos (The Missing Heir e The Girl Who Stands Behind) chegaram a ganhar remakes igualmente improváveis no Switch em 2021.
E agora cá estamos nós, em pleno 2024, com o mestre Yoshio Sakamoto (um dos maiores figurões da empresa, veterano do lendário time do R&D 1, e responsável por franquias como Metroid e Wario, dentre dezenas de outras produções) voltando para mais um capítulo da série. Parece até filme, daquelas coisas que só acontecem na ficção mesmo. Ou, nesse caso, em uma visual novel.
Sorria, pois Emio The Smiling Man chegou
Quando falamos em visual novel, é claro que estamos tratando de um gênero com demografia bastante limitada por natureza. Se você já experimentou outros games nesse estilo e não gostou, me parece improvável que Emio The Smiling Man seja aquele que vai mudar a sua visão para a melhor.
Mas, por outro lado, se você gosta de boas histórias de detetive, terror e suspense, daquelas que apresentam um mistério inesquecível, Emio The Smiling Man é uma excelente pedida e traz todo o capricho que você poderia esperar de algo com o selo Nintendo de qualidade.
Apesar de contar com vozes apenas no idioma original em japonês, os atores nipônicos fizeram um trabalho magistral ao interpretar as falas do game, e isso acentua bem a sensação de estarmos assistindo a um anime enquanto testemunhamos o desenrolar da história.
Obviamente não daremos quaisquer spoilers sobre a trama por aqui, até porque o seu desenrolar é o principal atrativo do game, mas basicamente acompanhamos jovens detetives da Utsugi Detective Agency tentando solucionar um assassinato inspirado em uma lenda urbana do universo do jogo.
Agora acompanhado por Ayumi Tachibana, o nosso co-protagonista ouve relatos sobre um assassino que veste um saco de pão com um sorriso desenhado na cabeça. Normalmente ele mata apenas meninas chorando mas, dessa vez, quase 18 anós após as primeiras vítimas surgirem, um menino é morto, e é aí que entramos em ação.
O peculiar gameplay de Emio The Smiling Man
Para os não familiarizados, o loop de gameplay gira ao redor, principalmente, de leitura e interação com outros personagens, embora ocasionalmente você tenha segmentos ao estilo point and click, arrastando o cursor pela tela em busca de pistas e objetos de interesse, quase como uma versão lite dos Ace Attorney da Capcom.
Na maior parte do tempo, no entanto, você vai circular entre os botões de call, ask, listen e think (chamar, perguntar, ouvir e pensar, respectivamente. Pois é, faltou localização em português por aqui, uma falha bem grave para o mercado brasileiro, já que trata-se de um jogo com grande foco na leitura).
Ocasionalmente você vai precisar lidar com situações meio crípticas e com soluções obtusas, como por exemplo apertar a mesma opção de diálogo várias vezes seguidas, ou retomar uma delas após clicar em um balão de pensamento que nem parecia diretamente relacionado com o tema, mas isso não é nada que faça o seu progresso travar por mais do que poucos minutos.
Especialmente porque isso acontece já bem cedo na campanha de cerca de 10 horas totais, então depois do baque inicial, você rapidamente vai ficar calejado e aprender a se divertir e a respeitar o ritmo de Emio The Smiling Man sem precisar travar mais do que o necessário.
Vale a pena jogar Emio The Smiling Man?
Já feitas todas as ressalvas sobre como visual novel costuma ser o tipo de jogo “ame ou odeie” (exigindo bastante leitura para o horror da turma do “mucho texto”), quem curte jogos assim terá um prato cheio em Emio The Smiling Man, pois poucas vezes vemos tamanho valor de produção em títulos do gênero.
Como falei, “há coisas que só acontecem com a Nintendo”, inclusive dar muita liberdade para o seu time polir com todo o capricho do mundo a sequência de uma visual novel quase 30 anos depois do lançamento de seu capítulo anterior.
As ótimas performances das vozes japonesas, a trilha sonora climática e o visual que até parece saído de um anime de verdade dão o tom de super produção a uma história de detetive excelente e imprevisível, ao mesmo tempo engraçada e tensa; assustadora e carismática.
Um verdadeiro deleite do início ao fim!
Emio The Smiling Man Famicom Detective Club
Publisher: Nintendo
Desenvolvedora: Nintendo EPD
Plataformas: Nintendo Switch
Lançamento: 29/08/2024
Tempo de review: 10 horas
Emio The Smiling Man sofre com a falta de localização em português e por integrar um gênero nichado por natureza, mas é uma visual novel bem polida, com ótimo mistério e trama.
Prós
- Linda apresentação visual! É das melhores no gênero
- História envolvente com bom mistério
- Ótimas performances nas vozes originais japonesas
- Humor bem inserido aqui e ali
- Personagens com carisma e boa linguagem corporal
Contras
- Às vezes o gameplay se limita a spammar tentar e errar
- Não há muito fator replay depois de zerar
- Falta de localização em português
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