Review: o carisma de Foamstars é afogado por decisões equivocadas
Shooter da Square Enix tinha potencial, mas escolhas ruins de design e otimização porca cortam o potencial de Foamstars
oamstars poderia facilmente remeter a um divertido banho de espuma, mas no fim das contas, parece mais com a experiência de ter a sua tarde na praia estragada ao tomar um caixote de uma onda gigante que chega sem aviso.
Como fã de Splatoon, eu fiquei bem feliz ao ver a Square Enix trabalhando em uma proposta parecida com a do shooter da Nintendo. Quer dizer, os desenvolvedores provavelmente não gostariam muito dessa comparação direta, mas vamos combinar que a premissa é Splatoon purinho, né?
No controle de personagens carismáticos que disparam armas de espuma colorida, você precisa preencher o mapa com as suas cores para ter a vantagem nos combates, sejam eles lutas em equipes online, o grosso da diversão, ou em breves missões offline espalhadas ao longo de uma curtíssima campanha. Similaridade pouca é bobagem.
Contrariando o senso comum das redes sociais, sempre tentei ver o lado bom de Foamstars e me empolgar com a sua proposta, imaginando que seria um título perfeito para jogar ao menos alguns minutos por dia. Mas ainda que tenhamos elementos bem legais por lá, o saldo geral não é muito positivo, ao menos no lançamento.
Foamstars sofre muito com decisões equivocadas
Não adianta de muita coisa o seu jogo ser “grátis” (aspas porque ele foi disponibilizado no catálogo da PS Plus em lançamento day one, mas é preciso estar em dia com a mensalidade do serviço para poder jogar) quando os seus cosméticos nas lojas internas custam tão caro. Aliás, é muito difícil imaginar alguém se animando a pagar um valor tão alto por skins.
O design geral também deixa bastante a desejar, e mesmo testando o game no PlayStation 5, o SSD não faz milagres e volta e meia é preciso encarar loadings meio demorados conforme circulamos entre menus burocráticos e porcamente otimizados, o que faz o jogo parecer meio mal-acabado no geral. Uma pena.
Some a isso longuíssimas cenas que você não pode sequer pular, a incapacidade de deixar um personagem favoritado a fim de não ter que passar pela tela de seleção em todas as partidas (o que adiciona ainda mais tempo ocioso em menus), e a ausência de uma opção para jogar de novo imediatamente, circulando por ainda mais menus, e você tem uma receita pronta para causar fadiga aos poucos.
Em jogos assim, é essencial que as coisas sejam bem otimizadas e intuitivas, porque aí a experiência fica mais fluída e agradável. Mas aqui, cada pequeno aborrecimento vai se somando em uma bola de neve, ou melhor, de espuma, e quando você nota já está preso nela e muito frustrado.
Há poucos modos de jogo para compensar esses problemas, e mesmo se você tiver a disposição para completar 100% da história, não receberá recompensa alguma por isso.
Para piorar, eu testei o game em vários dias diferentes da semana e nos mais variados horários, e mesmo assim o matchmaking foi catastrófico. Demora tanto tempo para achar uma partida que a melhor ideia é ligar o jogo e ter um livrinho ou celular ao lado para se distrair enquanto um time rival não é encontrado.
Em média, entre o processo de clicar para buscar uma partida online e começar a jogar, esses trâmites todos levavam entre 4 e 5 minutos, nunca muito menos do que isso, e volta e meia, substancialmente mais. Se o jogo quiser sobreviver, isso é algo que precisa ser sanado com urgência, quem sabe com a adição de bots se faltarem jogadores?
O lado mais colorido de Foamstars
Ainda que essas reclamações todas sejam os principais fatores que mais me marcaram em Foamstars, também há alguns elementos positivos dignos de nota para destacar por aqui. Eu gosto bastante do design dos personagens, de suas roupas, armas, e até do seu lore repleto de positividade com mensagens edificantes (ainda que tenha faltado localizar o jogo em português).
Nos raros momentos em que você efetivamente consegue estar jogando online contra outras pessoas, o loop de gameplay diverte e há algumas sacadinhas legais. A adrenalina de um fim de partida, em especial, é quando o gameplay mais brilha. Confira uma rodada completa que gravei e veja se não empolga:
Não quero dar uma de mãe Dináh, mas esses primeiros dias experimentando Foamstars permitem um exercício um tanto óbvio de futurologia: como tantos outros jogos como serviço ao vivo disponibilizados inicialmente na PS Plus, ele precisará fazer muito mais e melhor do que isso se quiser ter uma sobrevida.
Do jeito que está, os sinais de Foamstars são preocupantes e parecem apontar para aqueles típicos jogos que são fatalmente desligados cerca de um ano após o seu lançamento pela baixa base de jogadores, poucos atrativos nas compras online, e custos de manutenção para os servidores.
Espero estar errado, pois certamente há potencial nesse novo mundo da Square Enix. Mas ao menos por enquanto, Foamstars está mais para uma cervejinha com espuma demais e substância de menos.
Foamstars
Publisher: Square Enix
Desenvolvedora: Toylogic
Plataformas: PS5, PS4
Lançamento: 06/02/2024
Tempo de review: 11 horas
Foamstars até diverte em seus melhores momentos, mas os cosméticos caros, matchmaking lento, menus pouco otimizados e decisões questionáveis de design tornam a experiência tediosa.
Prós
- Design legal dos personagens
- As partidas divertem (quando funcionam)
Contras
- Matchmaking muuuuuito demorado
- Cosméticos com preço fora da realidade
- Sem localização em português
- Falta de modos de jogo
- História bem curtinha
- Otimização deixa a desejar
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