
Review: Hollow Knight Silksong é puro VIDEOGAME!
Zerar Hollow Knight Silksong me relembrou os maiores prazeres dos videogames
Hollow Knight Silksong GOTY
sse texto não é sobre mim, mas sim sobre Hollow Knight Silksong. Ainda assim, não tenho outra forma de começar a escrever essa análise que não seja contextualizando um pouco da minha vida e dos bastidores do Flow Games.
Um mês atrás eu nunca imaginaria que analisar Hollow Knight Silksong caberia a mim, e riria se alguém me contasse que não só o review do jogo ficaria comigo, mas que eu mesmo pediria diretamente aos meus amigos para analisá-lo. Afinal de contas, eu já não gostava muito do Hollow Knight original, e nunca fui lá muito fã de jogos derivados de Metroid (ou Metroidvania, se preferir).
Acontece que, em um daqueles caprichos do destino, eu acabei pegando profunda simpatia pela história dos bastidores de desenvolvimento do Hollow Knight Silksong ao ler sobre como a sua pequena equipe passou por uma espécie de “céu de desenvolvimento”, fazendo tudo com a maior calma do mundo e se divertindo ao longo do processo. Enquanto o mundo se perguntava o que estava errado no longo ciclo de desenvolvimento do game, os caras riam e se divertiam em seu próprio ritmo. Eu adorei isso!

Imagem: Team Cherry
Há algo de muito bonito, recompensador e exemplar nessa forma de produzir arte, ainda mais levando em conta que eles optaram por lançar um projeto tão ambicioso em um precinho bem camarada. E foi por isso que eu decidi votar com a carteira e comprar o jogo no dia do seu lançamento, apoiando essa prática de mercado e torcendo pelo melhor. Mal sabia eu o que me esperava…
Como Hollow Knight Silksong me conquistou
Acredite em mim quando eu digo que, se eu não gostava de Hollow Knight, não era por falta de tentativas e de boa vontade. Ao menos quatro vezes eu comecei a campanha do zero em diferentes plataformas, mas sempre acabava empacando fatalmente com coisa de duas a cinco horas de gameplay, totalmente perdido no mapa e sem fazer ideia do que fazer.
Eu sei, “git gud” e tal, mas senso de direção nunca foi o meu ponto mais forte, e o sistema de mapas críptico e obtuso tirava quase que totalmente a minha diversão, por mais que eu gostasse da estética, trilha sonora e sistema de combates. Assim, quando Hollow Knight Silksong apareceu no horizonte, a minha esperança e torcida foi justamente “tomara que agora esteja mais fácil de navegar por aí, senão eu não vou conseguir jogar de novo”.
Considerando que eu zerei Hollow Knight Silksong praticamente sem encalhar (salvo um único trecho que descreverei mais adiante), só há dois caminhos possíveis: ou eu magicamente fiquei bom em jogos de labirinto e exploração nesse meio tempo ou, mais provável, o mapa da sequência e toda a sua estrutura de progressão lógica pelos cenários ficou bem mais intuitiva, melhor trabalhada, desenhada e habilmente conectada.
Na minha percepção, ter uma estrutura de atos com objetivos finais sempre bem marcados ajudou muito, assim como me auxiliou bastante equipar uma bússola cedo e praticamente não esbarrar com becos sem saída. No meu primeiro loop de gameplay, era difícil passar mais de uma hora sem pegar um novo poder inédito e empolgante, seja ele um pulo duplo, gancho, corrida ou até novas formas de se mover e bater graças ao sistema de brasões.
A sensação de progresso constante me permitiu sentir uma adrenalina e deslumbre como quase nunca sinto em jogos. Me aventurar por Hollow Knight Silksong foi como voltar a ser um adolescente descobrindo jogos legais na locadora, mergulhando em um mundo mágico de possibilidades, segredos e mistérios. Foram dezenas de horas empolgantes que eu guardarei no coração para sempre.

Imagem: Team Cherry
Uma das melhores histórias da geração
Há muitas formas de desenvolver a sua narrativa nos videogames. Isso pode ser feito apelando para a estrutura e clichês hollywoodianos com toda a pinta cinematográfica, como costumam fazer os jogos exclusivos de PlayStation. A história também pode ser mais minimalista e servir apenas como um pano de fundo para sustentar o gameplay. Pode rolar mais ao estilo de um livro com muito texto, ou surgir mais organicamente.
Não existe uma única fórmula certa para o sucesso, mas eu gosto bastante da abordagem de Hollow Knight Silksong, que é quase uma versão mais “lite” dos Souls da FromSoftware. Aqui você não precisa ficar lendo cada descrição de item para entender o que está acontecendo, mas muito da trama é contada através do ambiente, por objetos interativos e por personagens secundários que parecem estar vivendo as suas próprias jornadas e conversam de forma meio críptica.
É até engraçado notar como a Hornet reage a tudo isso. Ela não chega a ser babaca com os outros insetos, mas ela é meio “poucas ideias” e, quando alguém fala algo enigmático demais, não hesita em pedir mais explicações de forma direta. Ela não chega a ser arrogante também e, embora saiba que tem talentos e que veio ao mundo em condições especiais, evita fazer promessas ousadas e determinadas demais. No fim do dia, ela ainda é uma guerreira fazendo o melhor que ela pode fazer, e isso fez com que eu adorasse a nossa heroína do “Guaraná”.
Intrigado com o desenrolar da trama, eu logo fui ao YouTube e páginas de internet pesquisar mais sobre a lore do primeiro jogo, que eu ainda não tinha zerado, para ver o que eu estava perdendo e como ela se conectava em Hollow Knight Silksong. Nisso, foi uma grande alegria perceber duas coisas:
Primeiro, que os jogos estavam contando uma trama digna dos melhores momentos de J.R.R. Tolkien, com muitos elementos de fantasia e intriga entre figuras poderosas rolando em um mundo cativante e único. Segundo, que Hollow Knight Silksong parecia um espelho de seu predecessor em tom, abordagem e até mesmo objetivo.
Se antes tudo era mais dark e mergulhávamos no mundo, aqui a ideia é “ascender”, literal e figurativamente. São jornadas complementares que se encaixam maravilhosamente, contadas de uma forma que só os videogames poderiam fazer. Nenhuma outra mídia poderia contar a história dessa forma, o que eleva e valida os videogames como arte.
Uma aula de arte em todos os sentidos
2025 foi um ano de grandes trilhas sonoras para os videogames, seja nas centenas de faixas clássicas regravadas e remixadas com big band em Mario Kart World, seja no minimalismo viciante de Blue Prince, ou na emocionante trabalho do Woodkid em Death Stranding 2. É até difícil escolher qual é a melhor do ano, mas eu fico inclinado a consagrar Christopher Larking por Hollow Knight Silksong. Eis uma das minhas favoritas:
É impressionante como ele conseguiu ir além do primeiro jogo e criar uma atmosfera única para cada uma das dezenas de áreas do mapa, evocando perfeitamente as emoções e tom de cada local, e até misturando elementos deles na trilha sonora. Ouça, por exemplo, os sons mais maquinais e batidas mais industriais nas áreas cercadas por maquinário, e compare com o som lúgrubre de lugares desolados repletos de cadáveres. É uma jornada e tanto!
Christopher Larking é parte da equação que potencializa ainda mais os acertos de Hollow Knight Silksong. A criativa luta contra os Cogwork Dancers, por exemplo, já é brilhante mecanicamente por si só, com duplas de chefes dançando pela tela. Mas a sua sincronia com o tempo da música é o que torna a experiência transcendental, e talvez a melhor boss battle que eu já vi desde os tempos de Nier Automata, o que é um dos maiores elogios que eu posso fazer por aqui.
Hollow Knight Silksong traz um festival de chefes memoráveis
Já que estamos falando em chefes, outro elemento que clicou em cheio comigo, alguém que cresceu jogando os punitivos e viciantes jogos 8 bits como Ninja Gaiden, Contra e MegaMan, foi a valorização dos chefões, coisa rara de ser feita nos videogames modernos e praticamente uma arte perdida, mesmo entre os indies.
Há dezenas e dezenas deles espalhados entre encontros obrigatórios e opcionais, e quase todas as lutas oferecem um bom grau de desafio e mistura de elementos. Algumas batalhas pode exigir lidar com o cenário ao mesmo tempo que o chefão, outras podem ser precedidas por hordas, e tem até aquelas em que a arena é simples, mas o chefão tem um farto arsenal de movimentos.

Imagem: Team Cherry
Tudo é bem telegrafado, o que torna o processo de observar e memorizar muito justo. Sim, pode acontecer de você perder algumas vidas até enfim derrotar um chefe, mas o jogo nunca trapaceia: é a sua habilidade, reflexos e uso de recursos que está sendo avaliada o tempo todo, inclusive na trilha até poder encarar um boss novamente.
Quanto mais você joga e explora, melhores ficam as suas chances, já que você provavelmente vai encontrar formas de aumentar a sua barra de vida, de seda, dano de arma, e até mesmo equipar itens que auxiliam bastante. Os meus favoritos foram uns robôzinhos alados que dão dano em meu lugar, perfeitos para abrir uma janela enquanto eu me curo ao longe.
Uma pausa para apreciar o Sherma
Eu sei que isso não tem nada a ver com a análise do Hollow Knight Silksong em si, mas eu amo o Sherma e eu gostaria de dedicar esse singelo espaço do texto para destacar essa lenda dos videogames.
Então aqui está, ame o Sherma também com esse maravilhoso remix do Tee Lopes:
E problemas, tem?
A meu ver, não existem obras de arte perfeitas, então nunca teremos um jogo verdadeiramente impecável. Somos pessoas imperfeitas gerando obras imperfeitas, e a beleza da coisa toda é exatamente essa. Dito isto, fato é que não tem nada em Hollow Knight Silksong que manche a experiência memorável que eu tive. Ainda assim, puramente pelo exercício intelectual e transparência crítica, podemos caçar um pouco e pelo em ovo.
Por exemplo, quando você termina o ato 2 e o jogo sobe os seus créditos pela primeira vez, você volta ao game sem qualquer sinalização de que existe um ato 3, então você precisa ter a sorte de sentir vontade de continuar jogando para descobrir isso sozinho. E mesmo assim nada é garantido, já que o processo de liberar o ato 3 é super obtuso.
Seria legal se, assim como acontece nos atos 1 e 2, os objetivos principais fossem destacados no mapa após falar com algum NPC. Mas não, você precisa querer resolver todas as missões paralelas por vontade própria, correr atrás das pulgas perdidas e muito mais. Parece que até a data de publicação desse review, mais de um mês depois do lançamento, ainda não há um consenso sobre o que exatamente é preciso ser feito então, na dúvida, simplesmente faça tudo. É bem improvável desencalhar sozinho, e foi aqui que eu busquei auxílio externo em guias pela primeira vez.

Imagem: Team Cherry
Algumas missões paralelas também não são das mais inspiradas e podem consistir em um grinding ingrato e repetitivo, ou até mesmo oferecer segmentos de speedrun muito mais hardcore do que a média dos desafios, então a curva de complexidade e dificuldade delas não é nada balanceada.
Vale a pena jogar Hollow Knight Silksong?
Espero que esse texto tenha feito justiça ao prazer que eu senti zerando Hollow Knight Silksong mas, se ficou alguma dúvida, permita-me ser bem didático e escrever claramente de forma indubitável:
Hollow Knight Silksong é um dos melhores jogos da geração, e uma das melhores experiências que tive com videogames em 2025.
Se você gosta de aventuras com grandes mapas bem pensados; de jogos de ação e plataforma desafiadores; de histórias bem contadas através do ambiente e poucos diálogos; de trilhas sonoras emblemáticas; e de muitas horas de segredos para descobrir, não hesite em jogar. Cada segundo de espera por Hollow Knight Silksong valeu a pena.
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Hollow Knight Silksong
Publisher: Team Cherry
Desenvolvedora: Team Cherry
Plataformas: PC, Nintendo Switch 1 e 2, PS5, PS4, Xbox Series X/S, Xbox One
Lançamento: 04/09/2025
Tempo de review: 45 horas
Hollow Knight Silksong é uma aula de videogame. Suas mecânicas de plataforma e ação são tão boas quanto o design impecável de um mapa inesquecível. É candidatíssimo ao GOTY 2025.
Prós
- Design de mapa fora de série e muito acima da média
- Trilha sonora soberba
- Desafio justo e muito recompensador
- Toneladas de segredos para descobrir
- História fantástica muito bem contada
- Uma das melhores protagonistas dos videogames
Contras
- Progressão do ato 2 para o 3 é meio críptica demais
- Infelizmente, uma hora o jogo acaba











Comentários
Ótima análise!
O jogo é ABSOLUTE video-game. Mas confesso que percebi que me falta habilidade em relação aos criadores de conteúdo que assisti.
Na análise dos Bosses feitos pelo flow, os caras falavam que em 5 tentativas passaram de uns que levei horas haha. Mas isso não impacta na qualidade do jogo. Realmente, JOGÃO.
Excelente análise. Na minha opinião é um game 9,5. O único pecado dele é não ser tão acessível. Dependendo da rota que você seguir o nível de dificuldade dá um salto absurdo e as vezes não fica tão claro o caminho correto. Inclusive a SHAKRA no ato 1 pode migrar para um local bem chato de encontrar se você acessar Bellhart muito cedo. No mais é um game impecável e o mais impressionante não é a arte, música, nem o gameplay. Mas como os personagens conseguem marcar você, mesmo os mais irrelevantes. Mostra o carinho do estúdio com cada detalhe.