Preview: Deadlock é divertido, complexo e tem fórmula de sucesso
O Flow Games testou Deadlock e traz as primeiras impressões do jogo (além de comentar sobre as mudanças ao longo dos meses)
e você está acompanhando o novo jogo da Valve, sabe que se trata de uma história curiosa: antes mesmo de ser anunciado e com diversas restrições de divulgação (afinal, ele ainda não “existia” oficialmente), Deadlock já tinha uma quantidade enorme de jogadores aproveitando o novo MOBA misturado com Overwatch.
E, entre as pessoas que já estava testando há um tempo e não podiam falar nada, estava nosso querido Phoenix, apresentador do canal do Flow Games, que jogou dezenas de horas e conta suas primeiras impressões sobre o próximo (e possível) grande sucesso da Valve – e nós da equipe também tivemos acesso recentemente. Venha ver!
O que é Deadlock?
Se você está por fora, Deadlock, que sequer estava anunciado por meses e já tinha uma parcela grande de pessoas jogando, é o novo jogo da Valve que mistura uma combinação interessante de gêneros: superficialmente, ele parece ser um hero shooter, como Overwatch, mas as aparências podem enganar.
Por baixo do capô, Deadlock é essencialmente um MOBA em terceira pessoa e está muito mais próximo de Smite e Dota 2 do que Overwatch. Entretanto, o interessante é que todos os personagens usam armas, diferente de outros games do gênero que têm heróis melee – algo que, essencialmente, ainda o torna um shooter.
Durante as partidas de 6 vs 6, temos 4 rotas, monstros da “selva” (inimigos neutros que podem ser abatidos para recursos), torres (que são chamadas de guardiões aqui), itens, lojas espalhadas pelo mapa e heróis com habilidades distintas.
O objetivo principal de Deadlock, como todo MOBA, é destruir a base inimiga, mas há alguns temperos da Valve para diferenciá-lo dos demais – incluindo de Dota 2, que já é da própria companhia.
Como qualquer outro do gênero, você tem minions nas rotas, mas eles são um pouco diferentes: com mais autonomia e agressividade, existem tipos de corpo a corpo, longo alcance e até mesmo curandeiros, este último ajudando bastante a permanecer mais tempo fora da base.
Além disso, Deadlock tem uma mecânica interessante: dar o último ataque em minions garante uma única “moeda”, que serve tanto para experiência quanto para dinheiro de itens, chamada de “alma”. E, assim como em Dota 2, é possível negar esse recurso ao adversário, mas de uma forma diferente.
Quando minions morrem, as almas aparecem na tela: se você não fizer nada, ela será automaticamente coletada, mas o adversário pode atirar nela e não só negar o seu recurso, mas como roubá-lo. Esse sistema de ganhar recursos com suas próprias tropas derrotadas é muito legal e adiciona uma camada de complexidade grande nas partidas.
Isso obriga o jogador a entender a hora de atacar, recarregar e ter ciência do mapa, prevendo quando uma alma está protegida dos ataques inimigos (seja por estar atrás de uma cobertura ou coisa do tipo).
Outro ponto interessante é que as torres, chamadas de guardiões, também soltam almas que podem ser negadas (além disso, os guardiões têm uma autonomia maior, alguns podem até usar habilidades especiais), e a mesma coisa se aplica com os heróis de Deadlock.
A dinâmica de tempos e mapa de Deadlock também trazem suas peculiaridades, já que não há a “volta à base” tradicional nem o courier (para jogadores de Dota 2). Aqui, há sistemas de tirolesas que ajudam na locomoção, mas há uma sacada aqui também: elas só o levam até onde a rota estiver, ou seja, onde seus minions estiverem. Se estiver avançada, vai mais longe, se não, para perto da própria base.
Há muitas nuances que Deadlock traz ao gênero que, para muitos, não tinha muito para onde avançar. Ainda há diversos outros componentes que mal tocamos, como os itens que mudam drasticamente os heróis, as lojas espalhadas pelo mapa, os próprios personagens que têm habilidades bem distintas, os monstros da “selva” (que tem até um Baron/Roshan) e os detalhes do cenário assimétrico e cheio de passagens.
A realidade é que o novo game da Valve é uma grande mistura de gêneros que pareciam não combinar tanto, mas ainda traz seu próprio DNA à mistura. Mas fica a pergunta: ele é bom?
Deadlock ainda é um grande “playtest”
Conforme citado pelo nosso Phoenix, Deadlock já estava disponível para um grupo muito seleto de jogadores há meses (incluindo ele próprio) e, desde então, vem recebendo muito feedback da comunidade, mudanças e até adições de novos heróis neste tempo – tudo antes de ser anunciado, vale lembrar.
A realidade é que, no estado atual, Deadlock é um jogo excepcional e traz uma dose de complexidade de muitas camadas ao gênero, apesar de não parecer em um primeiro momento. Porém, apesar de seu estado avançado de produção e muito feedback positivo, a realidade é que ele ainda é um grande playtest.
Para quem não conhece, a Valve trabalha de uma maneira bem singular em seus jogos: semana a semana, a equipe joga, testa e realiza alterações, tudo isso semana a semana – e agora com as opiniões da comunidade. Em outras palavras, muita coisa pode mudar daqui para frente com tantos jogadores tendo a chance de experimentar as partidas.
Atualmente, os heróis de Deadlock ainda não têm papeis tão bem definidos, mas trazem um kit de habilidades muito bom, grande variedade de atributos (como dano balístico de cada projétil, carga do magazine da arma etc) além de skills de movimentação e ataques universais legais, como esquivas, pulos, golpes corpo a corpo (e carregados), parry, escaladas e por aí vai.
Os itens são outro destaque à parte, com diversos atributos interessantes desde o início, variando desde habilidades ativas para os componentes até efeitos especiais bem únicos, trazendo muito dinamismo e builds completamente diferentes para cada campeão.
Apesar de muito divertido e extremamente bem-feito, Deadlock tem, para mim, alguns pontos de melhoria (ou ao menos explicar melhor aos jogadores). Toda a dinâmica do mapa é executada de uma forma bem interessante e cria um leque de possibilidade enorme, mas ainda há uma poluição visual no minimapa e um level design confuso (ao menos para jogadores de primeira viagem).
Há muitos becos sem saída, passagens subterrâneas, portais, monstros da “selva” e outros elementos que, até o momento, é difícil saber suas utilidades sem guias. Além disso, você vai notar que alguns personagens são bem mais cobiçados por, neste momento, serem bem mais fortes – estamos de olho no seu ultimate, Sete.
Ainda há um caminho pela frente para ser trilhado por Deadlock. As rotas serão mais definidas? Teremos um jungler? Os suportes são mais rotativos como no Dota 2 ou não? Os metas sempre podem mudar, claro, mas ele sequer existe hoje – ou, ao menos, está muito experimental e não tão claro.
A Valve é muito famosa por testar extensivamente seus games e Deadlock pode seguir por muitos caminhos. E convenhamos: por trazer elementos de tantos gêneros, é possível mudar constantemente a experiência nas próximas atualizações.
Deadlock tem uma fórmula de sucesso em mãos
Infelizmente, Deadlock ainda está em fase de testes. Apesar de já estar oficialmente anunciado, ele não tem data de lançamento, jogar é possível apenas por convites da comunidade e, se o histórico da Valve se manter, isso deve acontecer por um tempo ainda.
Inicialmente chamado de Citadel, depois Nova Project e relacionado à franquia Half-Life, Deadlock já se transformou bastante em tão pouco tempo e deixou de ser atrelado à série, tudo isso sem nem mesmo ser público – e é possível que isso ainda aconteça. Mas é inegável que em um mercado tão cobiçado de títulos de serviço, Deadlock já teve um começo muito robusto.
De qualquer maneira, é nítido o esforço e carinho dos desenvolvedores para tentar fazer algo da maneira certa e, principalmente, que valha a pena: a Valve não precisa de jogos no seu modelo de negócios atual, então quando algo desse porte existe, é porque a empresa visa criar uma experiência edificante que valha o tempo de seus fãs.
É um tiro no escuro, mas o futuro parece cada vez mais nítido: Deadlock tem um enorme potencial de dar certo, mas seu sucesso estrondoso talvez dependa de maneiras de não tornar a experiência tão opressora para novatos. No fim, isso não é um “clone de Overwatch”, é mais um Dota 2 – que já é famoso por sua curva de aprendizado.
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