Preview: Dragon Quest 3 HD-2D Remake traz retrô com muito charme
O Flow Games já jogou algumas horas de Dragon Quest 3 HD-2D Remake e traz as primeiras impressões para vocês
pesar de agora a franquia Dragon Quest ter um peso bem maior no ocidente agora, nem sempre foi assim e apenas títulos mais recentes se tornaram famosos. Dragon Quest 3 HD-2D Remake é uma excelente alternativa de não só de criar um belíssimo remake com tema retrô, mas como também de apresentar títulos mais antigos para uma nova geração.
Se você vem acompanhando os anúncios de Dragon Quest 3 HD-2D Remake, vai entender o motivo pelo qual eu estava tão ansioso para testá-lo. Gráficos extremamente charmosos e uma mistura de modernidade com retragaming? Pode contar comigo!
Felizmente, tenho boas novas para vocês que estavam com um hype similar. Nos últimos dias, pude testar Dragon Quest 3 HD-2D Remake e posso contar as impressões das primeiras 6 a 7 horas da campanha e são só alegrias: pode se preparar para um RPG das antigas modernizado do jeito certo. Confira abaixo nosso preview!
Um apelo retrô raro de ver hoje em dia
Nos últimos anos, tivemos uma onda de popularidade de remakes, como Resident Evil 2 (3 e 4 depois), Dead Space, Silent Hill 2 e mais, incluindo títulos como Final Fantasy 7 Remake e Live a Live mais recentemente. É bom estar ciente, porque Dragon Quest 3 HD-2D Remake está mais para o lado do último do que os ambiciosos e expansivos remakes 3D que temos visto.
Mas não entenda mal: nem tudo precisa ser megalomaníaco e reinventar experiências com uma pegada contemporânea, seguir a cartilha de mundo aberto, sidequests e gráficos 3D de alto calibre. Dragon Quest 3 HD-2D trilha um caminho bem interessante de manter bastante a essência do original.
Dito isso, não espere nenhuma grande experiência revolucionária e algo nos moldes de Dragon Quest 11. A dinâmica ainda é da era 2D, com um mapa-múndi menor, missões secundárias que não são tão fáceis de entender ou rastrear, combate não tão cheio de efeitos e por aí vai.
Porém, esses aspectos estão longe de deméritos. Muito pelo contrário, é um frescor entre os RPGs complexos. Na verdade, talvez seja até pejorativo chamar Dragon Quest 3 HD-2D Remake dessa forma, porque de “menos complexo” ele não tem nada. Ele pode ser inspirado e seguir as regras de títulos antigos do gênero, mas há um pacote especial por aqui.
Se você nunca jogou nada de Dragon Quest, saiba que ele não é o seu tipo de JRPG convencional. Trata-se de uma campanha bem mais difícil que o normal, que recompensa o pensamento mais tático, requer planejamento de buffs e debuffs com atenção, voltar para vilarejos para melhorar equipamentos e comprar itens, gerenciamento de recursos de curas e mana etc.
O sistema de lutas ainda mantém o estilo por turnos, sistema de classes do original (os membros da party não são fixos e não tem trama por trás), batalhas aleatórias e muita estratégia. Mas também não quer dizer que não haja avanços por aqui, mas comento melhor em outro tópico abaixo.
Uma das melhorias que cabe comentar aqui sobre Dragon Quest 3 HD-2D Remake é a IA dos aliados. Em vez de comandar todos de uma vez, você pode alternar entre estilos diferentes de abordagens, como conservar mana, ser agressivo, focar em cura etc (mas ainda pode controlar todos individualmente em batalhas mais intensas). A IA é bem boa na maior parte do tempo e ajuda bastante!
Dragon Quest é diferente de Final Fantasy, tenha isso em mente. Apesar de parecer que alguns elementos de Dragon Quest 3 HD-2D Remake possam ter ganhado uma modernização, como sistema de dia e noite, segredos em diferentes pontos do mapa, mecânica de personalidades, puzzles e uma progressão de história e quests mais robusta, tudo isso já existia no original (ou na versão de SNES/GBC).
Modernizado nos pontos certos
Entretanto, não quer dizer que a Square Enix não tenha dado um talento neste relançamento também. Há alguns pontos aprimorados, como a opção de relembrar diálogos de NPCs, ideal para rastreamento de quests e tarefas (antes, você anotava no papel ou usava guias) e mais.
O auto-save em pontos importantes para não perder o progresso é outro ponto importante de reforçar, além de a possibilidade de usar fast travel com Zoom ou Chimaera Wings dentro de locais fechados e mais. Caso queira algo mais “original”, você pode optar pela dificuldade “Draconian Quest” na hora de começar a aventura!
Além disso, um ponto legal é que as batalhas podem ser aceleradas em até dois níveis. Eu tentei jogar na velocidade comum, mas achei bem lenta, então optei pela Rápida, que ainda era um pouco lenta, e encontrei o ponto ideal na Ultrarrápida. Eu só gostaria que a velocidade animação não estivesse atrelada à velocidade do sistema.
Há outros elementos que foram refinados e já são informações públicas, como uma melhor readequação da trama para conectar melhor com Dragon Quest 1 e 2 (previstos para chegar em 2025), uma nova classe chamada Beastmaster e mais, mas são destaques que não cabem neste preview (até porque nem cheguei nesse ponto avançado).
Porém, se há uma coisa que eu gostaria de ver uma abordagem mais moderna em Dragon Quest 3 HD-2D Remake é a possibilidade de ter informações de fraquezas e resistências de monstros na hora das batalhas.
Resumidamente, você precisa memorizar e anotar, nada de ver algum dado dinâmico durante as lutas – e isso pode ser um porre às vezes. Neste sentido, ele é bem “oldschool”, mas talvez não para o lado positivo.
Dragon Quest 3 HD-2D Remake é belíssimo e esbanja charme
Convenhamos: se você está de olho em Dragon Quest 3 HD-2D Remake, provavelmente isso vem do trailer de anúncio quando vimos a direção de arte que o game teria. Houve muitas atualizações e mudanças desde o material inicial e o resultado só foi ficando cada vez melhor.
Esse jogo é uma graça! Acho que não há palavra melhor, tudo remete aos tempos áureos da geração 16 bits, mas com um requinte de um hardware bem mais potente e capaz de renderizar mais detalhes em tela. A abordagem “HD-2D” que a Square tem usado em jogos como Octopath Traveler, Live a Live, Triangle Strategy e outros foi perfeita neste jogo.
A mistura aqui é de cenários em 3D, como montanhas, edifícios e alguns objetos, mas com muito conteúdo em pixel art de altíssima qualidade. Essa combinação por si só não é uma garantia de trabalho bem-feito, mas estamos falando de veteranos da Square Enix: é claro que o resultado é impressionante.
Todas as animações são fantásticas, há cutscenes muito bem-feitas, o design dos monstros e personagens é invejável e até a apresentação das batalhas é lindíssima. Eu rodei em um PC high-end, com uma GeForce RTX 4090 e um i7-13700K, mas trata-se de um game bem leve de rodar, já que terá até versão para Switch e o framerate é limitado em 60 fps de qualquer forma.
Eu teria praticamente só elogios aqui, mas gostaria de comentar um único detalhe que não gostei muito. Como alguém que conheceu a franquia já nos jogos modernos, eu imaginei que a câmera de batalha seria mais limitada, mas não que a perspectiva em “primeira pessoa” ainda seria igual aos games antigos.
Em todo início de combate de Dragon Quest 3 HD-2D Remake, vemos os heróis no campo de batalha, inclusive com armas desenhadas para cada personagem. Entretanto, durante as lutas mesmo, vemos apenas o menu e os monstros. Eu adoraria ter uma opção de escolha entre a “tela de começo” e a perspectiva utilizada hoje.
Não vou colocar como um demérito ou um ponto negativo, mas seria interessante e, particularmente, ainda mais bonito e imersivo, ter uma “modernização” leve nesse quesito. Eu pensei em nem citar aqui por ser algo bem particular, mas notei que muitos fãs estavam com essa mesma dúvida e gostariam de ver essa opção.
Outro ponto que reforço positivamente em Dragon Quest 3 HD-2D Remake é o trabalho de áudio realizado pelo time de desenvolvimento. Há muitos diálogos com voz agora, tanto em japonês quanto em inglês, e as músicas foram todas retrabalhadas e orquestradas.
Se você é familiarizado com a franquia Dragon Quest, sabe que havia conflitos entre a versão do Ocidente vir com versões em MIDI, enquanto a versão japonesa era orquestrada (isso aconteceu inclusive com Dragon Quest 11, mas foi corrigido na versão S).
Entretanto, para nós brasileiros, há um gol contra aqui. Infelizmente, Dragon Quest 3 HD-2D Remake tem diversas opções de idiomas (incluindo o espanhol latino-americano), mas nada de português. Em um jogo como esse, que há diversos termos de personalidades dos personagens e descrições bem específicas, faz falta não ter o idioma tupiniquim.
Dragon Quest 3 HD-2D Remake é extremamente promissor
Tudo que vimos até agora de Dragon Quest 3 HD-2D Remake é muito animador. Em praticamente todos os pontos do jogo, recebi o que eu esperava: gráficos, gameplay, trilha sonora, sistemas, tudo! Ainda preciso jogar mais e ver se a progressão está interessante e se as mudanças ajudaram a melhorar o ritmo de um game mais antigo, mas há pouco do que reclamar.
Sabemos que a Square fez ajustes para encaixar melhor a trama com os primeiros jogos, há uma classe nova e outras melhorias de vida, e mal posso aguardar para ver tudo isso na prática. Dragon Quest 3 HD-2D Remake está extremamente gostoso de jogar e tem sido meu “jogo de conforto” dos últimos dias.
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