
Review: Assassin’s Creed Shadows merece salva de aplausos
O acerto que a Ubisoft estava precisando chegou e ele se chama Assassin’s Creed Shadows
Imagem: Ubisoft
arece que os adiamentos fizeram bem a Assassin’s Creed Shadows, especialmente após a turbulência com Star Wars Outlaws, que de sonho estelar passou a assombrar as expectativas da Ubisoft. Shadows foi, aos poucos, ganhando o posto de “bastião da esperança” da empresa, dada a importância que a franquia tem na casa, como apontamos em nossa prévia.
Afinada no melhor que pode entregar da série mais importante de seu portfólio, a equipe deu um tratamento visivelmente diferenciado ao produto, refinando-o a um estado que foge à tradição de lançamento com pontas soltas que tanto caracterizou a companhia nos últimos anos.
Nada de pontas soltas: temos, em Assassin’s Creed Shadows, nós bem firmes para um conto de ficção ambientado no melhor que a temática japonesa reserva. Fãs antigos e novos marinheiros têm razões de sobra para um deleito completo. Confira nossa percepção sobre a aventura mais adiante.
Assassin’s Creed Shadows e o bom sentimento técnico
Se eu pudesse elencar os principais pontos de atenção de Assassin’s Creed Shadows, e eu posso, temos alguns destaques a serem discutidos:
- Mobilidade
- Gameplay do combate
- Gameplay da exploração
- Progressão menos RPG dos personagens
- Construção de base simplificada
- Árvore de habilidades mais eficiente
- Atividades secundárias
- História
- Yasuke secundário
- Bugs
Em ordem invertida, vamos falar sobre o elefante branco na sala: bugs. Após cerca de 50 horas de jogatina, o total de bugs comprometedores que peguei foi o seguinte: zero. Num mundo em que jogos são lançados de maneira incompleta e que esse fardo recai especialmente à Ubisoft, é um alento ter um game que simplesmente funcione bem, sem grandes problemas de performance, sem travamentos fatais e, sobretudo, sem saves apagados.
Você pode dizer, e com razão, que a empresa não fez “nada mais que a obrigação”, mas quando a prerrogativa problemática é tapeada, temos um mútuo sentimento de felicidade, de dinheiro e tempo bem investidos.

Imagem: Ubisoft
Yasuke: combate. Todo o resto: Naoe
Como um serviçal que desperta o interesse de Oda Nobunaga, lendário conquistador de terras da história do Japão, Yasuke é corpulento, bruto e “duro”, com movimentação pesada e golpes devastadores. É uma escolha duvidosa para você explorar o mundo aberto. O guerreiro é lento para correr, escalar, pular e realizar quaisquer outros movimentos acrobáticos. Em suma, absolutamente inviável para esse propósito.
Por outro lado, o guerreiro é a opção mais estratégica para dar cabo de grandes grupos de inimigos. Sabe quando bate aquela preguiça de atuar furtivamente? De estudar todo o ambiente, mapear os inimigos e identificar os trechos que favorecem seu anonimato? Para isso, Naoe é a shinobi que atua nas sombras, a favor da discrição e da elegância na arte de assassinar.
Naoe foi responsável por 80% do meu gameplay, enquanto Yasuke resguardou seus 20% para os momentos de “preguiça”, em que eu não optava pela estratégia, e sim pela força bruta
Às vezes, no entanto, você só quer entrar pela porta da frente e destroçar quaisquer corpos que se apresentem como oposição ao seu avanço. Portanto, sim, Yasuke tem sua serventia, mesmo que de forma bastante pontual.

Imagem: Ubisoft
Naoe, por sua vez, percorre sua própria jornada pessoal com ares de vingança, perita em ataques silenciosos e excepcional na travessia pelos cenários. A fluidez da personagem remonta, inclusive, ao ágil parkour de AC Unity. Adicione um vistoso combate coreografado e uma variedade de armas leves que você tem, basicamente, um fluido combate promovido por Naoe. É verdade que ela é furtiva, sim, mas também não decepciona no combate mano a mano quando requisitada.
No final das contas, a preferência por cada personagem e o estilo que reservam pode variar de jogador para jogador. Por aqui, digo seguramente que Naoe foi responsável por 80% do meu gameplay, enquanto Yasuke resguardou seus 20% para esses momentos de “preguiça” em que eu não optava pela estratégia, e sim pela força bruta. Aliás, o protagonismo foi claramente direcionado a Naoe. Yasuke atua mais como “ajudante” do que como personagem principal, mas também tem sua história aos que quiserem explorá-la em missões individuais que cada personagem possui.
Cenários dignos de molduras
Os cenários são dignos de quadros a serem emoldurados: as paisagens de Assassin’s Creed Shadows retratam o Japão antigo com a autenticidade pela qual a franquia é conhecida. Animais, tumbas, vegetação, riachos, santuários e vida selvagem em geral apresentam diferentes tons da era dos samurais na Terra do Sol Nascente.

Imagem: Ubisoft
As atividades secundárias estão espalhadas com mais parcimônia, sem aquela montanha de ícones que costumam brotar nos títulos da franquia – Odyssey, especificamente, traumatizou muita gente nesse quesito.
Ghost of Tsushima fez bem a Assassin’s Creed Shadows. Aqui, você também atravessa portões Torii, por exemplo, com ótimos momentos de escalada. Naoe realiza atividades de meditação oferecidas em forma de mini-game, com botões que devem ser pressionados na hora certa. Mecânica parecida se replica a Yasuke: o brutamontes encontra NPCs que ministram treinamentos com a espada, em ações que se resumem a apertar botões no momento correto.
Menos RPG que Valhalla e mais RPG que Mirage, Assassin’s Creed Shadows mescla alguns aprendizados da tríade Origins – Odyssey – Valhalla e do spin-off Mirage
Essas e outras atividades, muitas delas envolvendo a natureza, compõem uma miríade de conteúdo em Assassin’s Creed Shadows. Em alguns momentos, isso cria, sim, a inevitável margem de repetição, especialmente se você passar longos períodos jogando. Para curtir a jornada da melhor maneira possível, a minha humilde recomendação é que você jogue em doses intervaladas, luxo ao qual nós, desse lado do balcão, não podemos nos dar.

Imagem: Ubisoft
Menos RPG
Menos RPG que Valhalla e mais RPG que Mirage, Assassin’s Creed Shadows mescla alguns aprendizados da tríade Origins – Odyssey – Valhalla e do spin-off Mirage, cuja meta foi justamente retomar o jeito antigo da franquia.
A base de construção, que serve como “quartel-general” de Yasuke, Naoe e os aliados que ambos encontram durante a aventura, está mais simples do que o conteúdo oferecido nos jogos anteriores, especialmente Valhalla, talvez o mais RPG de todos.
A árvore de habilidades também foi descomplicada, sem aquela “constelação” de opções que abarrotaram a saga viking. Em Assassin’s Creed Shadows, a separação de habilidades está mais eficiente e agradável.

Imagem: Ubisoft
Veredito
Assassin’s Creed Shadows não é uma sombra de algo maior e melhor: ele é, enfim, a realização de um projeto com muito mais acertos do que erros da Ubisoft.
O ritmo pode se tornar moroso nos meados da jornada, especialmente com a mobilidade discrepante entre os personagens, mas não se engane: esse é o AAA acertado que a Ubi tanto buscava.
Temos, enfim, o aguardado Assassin’s Creed no Japão, e quanto mais você joga Shadows, mais percebe o quanto ele pode engrandecer a franquia – agora e no futuro. Agradável de jogar, lindo de observar e sem bugs comprometedores, esse projeto talvez seja exatamente o alívio que a Ubisoft almejava.
Testado no PS5.
Uma cópia de Assassin’s Creed Shadows foi gentilmente fornecida pela Ubisoft Brasil para a realização desta análise.

Assassin's Creed Shadows
Publisher: Ubisoft
Desenvolvedora: Ubisoft Quebec
Plataformas: PS5, Xbox Series X|S e PC
Lançamento: 20/03/2025
Tempo de review: 50 horas
Agradável de jogar, lindo de contemplar e sem bugs comprometedores, Assassin’s Creed Shadows talvez seja exatamente o alívio que a Ubisoft buscava
Prós
- Visual lindíssimo
- Sem bugs comprometedores
- Exploração e combate na dose certa
- Naoe e Yasuke oferecem uma boa história
Contras
- Ciclo de repetição de atividades inevitavelmente existe
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