Review: Hellblade 2 tem visual de nova geração MESMO
Aventura de Senua em Hellblade 2 é um "tiro curto" de grande apresentação técnica do Unreal Engine 5
presentado no The Game Awards 2019 junto com o Xbox Series X, Senua’s Saga: Hellblade 2 brilhou aos olhos dos fãs graças a uma robusta apresentação técnica, mostrando gráficos que davam um vislumbre do futuro, com expressões faciais e gesticulações absurdamente detalhadas.
Sequência do título lançado em 2017 pela Ninja Theory, seu caráter autoral se destaca como um dos grandes pilares dessa sombria jornada de autoconhecimento, sendo muito clara em sua mensagem: este é, sim, um jogo cinematográfico, cujo trabalho se concentra na narrativa, nas capturas corporais e nas capacidades técnicas do Unreal Engine 5, que finalmente mostra seu poder num produto de maior alcance.
Dentro desse contexto, como está a duração? As nuances do gameplay? E a história, ambientada na Islândia do século 10? Confira mais adiante.
Hellblade 2: um banho sombrio de mitologia
Como um título que se propõe a colocar a narrativa acima do gameplay, Hellblade 2 se aprofunda ainda mais na mitologia nórdica, com muito folclore, muita informação sobre deuses e seus maneirismos, tudo guinando para um lado ainda mais sombrio da Islândia.
As camadas psicológicas estão ali para reforçar a busca de Senua por autoconhecimento e ilustrar a constante batalha contra seus próprios demônios, abordando temas como psicose, ansiedade, luto, claustrofobia, abandono, solidão e depressão, entre outros. Há um aviso sobre isso toda vez que o jogador inicia o game.
Os momentos de terror e suspense são elevados à enésima potência graças ao visual e à sonorização absurdos desse jogo
Se o primeiro Hellblade já tocou nesses pontos com uma roupagem cheia de mitologia e narração, o segundo aprofunda um pouco mais essas camadas, penetrando-se no âmago de Senua e seu drama pessoal, em que as vozes que ela ouve são, ao mesmo tempo, amigas e inimigas.
Deuses, gigantes e tudo que floreia a mitologia nórdica são elementos que servem como pano de fundo para uma mensagem maior relacionada à psique da personagem principal e seus monólogos para lidar com isso. Aqui, o protagonista é esse drama, não o folclore que o cerca.
Experiência audiovisual de ponta
Finalmente temos uma belíssima amostragem prática do que é o Unreal Engine 5. Tal como o anterior, Hellblade 2 é totalmente cinematográfico, numa assinatura muito “pessoal” da Ninja Theory, como um projeto do coração.
O “áudio binaural”, como é chamado o conceito, mostra um outro nível de competência técnica na engenharia de som, pensada de forma a extrair o que há de melhor em fones de ouvido, em que o jogador escuta as vozes de Senua em todos os cantos das orelhas, quase como “zumbidos” que tagarelam o tempo inteiro.
Texturas de rochas, chão, montanhas, lama, vegetação e paredes impressionam com detalhes minúsculos que reluzem a qualquer efeito de luz, e a silhueta das sombras chega a dar sustos – Senua tem uma constante sensação de estar sendo vigiada o tempo inteiro, e isso é transmitido ao jogador de maneira cirúrgica graças à atmosfera criada em Hellblade 2.
Nesse contexto, os momentos de terror e suspense são elevados à enésima potência graças ao visual e à sonorização absurdos desse jogo.
Gameplay em três pilares: combate, andança e resolução de enigmas
Como o gameplay de Hellblade 2 não é o foco, assim como o primeiro, não espere progressão de personagem, coleta de armas diferentes, evolução em níveis nem nada do tipo.
O combate é todo coreografado e envolve esquivas, defesa, ataques leves e pesados, com animações e finalizações de encher os olhos. O espelho, dado a Senua por um personagem chamado Druth na primeira aventura, deixa tudo em câmera lenta e é um “socorro” ao jogador quando o caldo entornar. Não há tantos momentos de luta – menos que no 1, sim –, portanto, aproveite cada minuto deles.
Os enigmas também seguem o esquema do antecessor e requerem grande poder de observação do jogador no uso do “foco”, um mecanismo de Senua para observar elementos do cenário que tragam soluções aos quebra-cabeças. Aqui, eles estão menos elaborados que no título de estreia.
Por fim, a breve exploração por trechos mais abertos esconde dois tipos de colecionáveis: os monólitos de Druth, com narrativas folclóricas da Islândia, e as árvores brancas, que contam outras histórias dessa mitologia. Hellblade 2 é essencialmente linear e apresenta menos locais abertos que o primeiro.
Sobre a duração
A sequência apresenta mais momentos de andança que o anterior. Há menos combate, menos enigmas e mais contemplação, diálogos e caminhadas.
A campanha de Hellblade 2 é menor que a do 1
Até aqui tudo certo, afinal de contas, a Ninja Theory sempre deixou claro que Hellblade 2 teria escopo compatível com o primeiro. No entanto, a duração é menor: a sequência pode ser terminada em cerca de 6 horas, com alguma exploração pelos cenários. Indo direto e reto, em 5 horas e meia ou menos você resolve.
Concluída a história, um modo com diferentes narradores do enredo é liberado, bem como a seleção de capítulos, permitindo, assim, encontrar os colecionáveis deixados para trás. Adicione um pequeno montante de tempo à conta se você estiver buscando os 100%.
Para que se tenha um rápido parâmetro, o primeiro Hellblade tem 7 horas e meia de campanha bruta, sem considerar os extras. Com eles na equação, salta para 9 horas, de acordo com o How Long to Beat. Portanto, a campanha de Hellblade 2 é menor que a do 1.
E a versão de PC? Por Vinícius Munhoz
Sem a “decisão artística” de 30 fps do Xbox, a versão de PC de Hellblade 2 já aparentava ser a “edição definitiva” do jogo, mas ainda assim foi uma grata surpresa ver que o game parece muito bem otimizado e mais leve do que aparenta, evitando problemas conhecidos do Unreal Engine 5 e entregando gráficos de ponta.
Durante toda a minha campanha, vi apenas alguns stutters rápidos aqui e ali que, provavelmente, são de travessia e de carregamento do cenário, mas não por performance ou áreas pesadas. Além disso, as temidas compilações de shaders também não parecem ser um problema: a linha de frametime é reta e sem flutuações em 99,9% do tempo, um sonho para jogadores de PC.
O meu setup é parrudo, com uma GeForce RTX 4090 e um i7-13700K, mas, mesmo assim, pode ser um ótimo parâmetro para quem vai jogar no computador. Em 1440p, com DLAA (mais pesado que resolução nativa) e tudo no Ultra, o desempenho ficou em média entre 90 e 100 fps.
Entretanto, vale lembrar que Hellblade 2 tem suporte para DLSS, DLSS 3 com geração de frames e outras tecnologias que melhoram bastante a performance. Com o DLSS no modo Qualidade e DLSS 3 ativo, médias de 170 a 190 fps foram comuns, mesmo no Ultra. Na prática, o jogo é bem mais leve que outros colossos do mercado, como Alan Wake 2 e Cyberpunk 2077 com path tracing.
Apesar de Hellblade 2 servir como uma belíssima tech demo da Unreal Engine 5, só gostaria de ver alguns recursos explorados além do que vemos aqui, como ray tracing de reflexos mais parrudos, sem depender de uma combinação com screenspace reflections – ou, em outras palavras, ter algo ainda mais avançado na versão de PC.
Veredito
Hellblade 2 brilha em sua exuberante apresentação técnica, sendo a prova viva de que o Unreal Engine 5 é, de fato, um dos motores de jogo mais robustos que há no mercado.
O jogador terá uma experiência audiovisual impecável, como pouco se vê por aí, e um vislumbre do que é a “nova” geração mesmo – a qual, na verdade, se configura agora como “atual” geração.
Menor que o primeiro em duração, com menos trechos de combate e enigmas mais simplificados, o jogo é um “tiro rápido”, porém marcante, especialmente pelas importantes mensagens que carrega e que funcionam muito bem na sociedade moderna.
Analisado no Xbox Series X por Bruno Micali e no PC por Vinícius Munhoz. Uma cópia antecipada de Hellblade 2 foi gentilmente enviada pelo time Xbox Brasil para a realização desta análise.
Senua's Saga: Hellblade 2
Publisher: Microsoft
Desenvolvedora: Ninja Theory
Plataformas: Xbox Series X|S e PC
Lançamento: 21/05/2024
Tempo de review: 7 horas
Hellblade 2 é um ápice audiovisual e produto de “nova geração” mesmo, embora tenha campanha menor e gameplay mais simplificado que o 1
Prós
- Gráficos exuberantes, que dão a cara de “nova geração”
- Áudio imersivo e altamente técnico
- Incrível ambientação na Islândia do século 10
- Expressões faciais absurdas
Contras
- Menos trechos de combate e mais andanças que o 1
- Enigmas menos elaborados que o 1
- Menor que o 1
Comentários
Gostei da análise e o jogo parece ser interessante, mas falar que o setup de uma RTX 4090 e um i7-13700k pode ser um ótimo parâmetro pra quem vai jogar no computador é piada né?