Review: Mark of the Deep é outro grande acerto brasileiro
Com ótima execução no mix soulslike e metroidvania, Mark of the Deep é satisfatório de se jogar
e antes lamentávamos o fato de só olhar a criatividade brasileira e não presenciar a realização das ótimas ideias de nossos conterrâneos, seja por questões de infraestrutura ou investimento, agora temos razões de sobra para celebrar, aos poucos, as conquistas de nossa indústria. E Mark of the Deep faz parte disso.
Já digo na lata: que jogo bem planejado! Ótimo na intenção e melhor ainda na execução, o novo título da Mad Mimic, que assina Monica e a Guarda dos Coelhos, Dandy Ace e No Heroes Here, propõe uma aventura em perspectiva isométrica, com raízes em soulslike e metroidvania, dentro da temática de piratas.
Um ar de mistério assola o local em que sua embarcação encalha, e cabe a você desvendar os segredos de uma maldição dessa região mística enquanto enfrenta hordas de criaturas marítimas. Saca só!
Mark of the Deep: as fórmulas que você conhece e um exemplar level design
Como um projeto nitidamente mais ambicioso, Mark of the Deep impressiona pelo esmero nos detalhes, com um semblante de Death’s Door, Hades e aquela atmosfera de solidão que permeia Hollow Knight, especialmente no início, antes da aparição de mais personagens ao longo da jornada.
A receita de bolo você conhece: comece fraco, explore, fortaleça seu personagem e retorne a pontos já visitados para conseguir acessar novas áreas, num gradativo aumento de dificuldade dos inimigos e das intersecções do mundo.
A escalada na dose de desafio ocorre num ritmo bem distribuído após um prolongado início; a princípio, poucos oponentes na tela, fáceis de serem expurgados. Com o tempo, a quantidade cresce e a chapa esquenta – mas o jogador também se torna mais habilidoso na experiência, à medida que o personagem principal evolui.
Exploração intrínseca
A exploração é um pilar vital de Mark of the Deep. Uma salva de palmas ao time de level design, pois a tarefa de conectar trechos de forma orgânica é das mais complexas e intrínsecas, do ponto de vista de desenvolvimento e desenho de mapa.
O level design é digno de ser notado em Mark of the Deep
Aqui, você frequentemente tem a satisfatória sensação de revisitar um território pelo qual passou e perceber que, de repente, está de volta a uma porção inicial da fase, agora devidamente conectada a uma área avançada. E detalhe: sem mapa a ser consultado!
Nota-se que essa foi uma decisão deliberada da equipe, uma escolha artística, e daí a obrigação de se ter um level design exemplar, já que o jogador não tem bússola. Aqui, o estúdio se compromete a atingir aquele difícil meio-termo de fazer você se sentir um pouco perdido, mas não a ponto de ficar frustrado e largar o jogo. Por vezes, essa é uma linha tênue, mas, com um pouco de persistência, eventualmente você encontra o caminho certo das coisas. Sentir-se perdido, aliás, faz parte da receita de bolo do soulslike e do metroidvania, certo?
Piratas, rum, mistérios e misticismo!
A temática de piratas, que por algum tempo ficou meio esquecida na indústria de entretenimento, tem retomado o merecido eixo de atenção de alguns anos para cá, e Mark of the Deep se beneficia muito dessa roupagem.
A aventura apresenta diferentes biomas ao jogador, entre florestas, cavernas, montanhas, pântanos e outros locais exóticos que compõem um folclore próprio, com muita identidade. As cores, por vezes, são colírio aos olhos.
Os ambientes reservam chefes e inimigos diferentes, cada qual com seu próprio conjunto de movimentos e golpes, que devem ser telegrafados pelo jogador após tentativa e erro. Pode ser que você sinta um desbalanceamento em alguns trechos e que, nesse sentido, o jogo seja atualizado com o tempo, mas, do jeito que está agora, Mark of the Deep oferece uma dose de desafio alta o suficiente para agradar os masoquistas de plantão.
Os upgrades, creio eu, poderiam aparecer um pouco mais cedo na aventura. As primeiras horas são de pouca evolução do personagem principal e funcionam como um homérico tutorial de algo que é rapidamente absorvido pelo jogador.
Veredito
Com lançamento agendado para 24 de janeiro de 2025 no PC (chegando futuramente aos consoles), Mark of the Deep é gostoso de jogar. Ele sabe se distribuir entre combate, travessia, diálogos e resolução de enigmas, embora a evolução do personagem demore a aparecer, fazendo com que a parte didática se estique um pouco além da conta no início.
No entanto, passada essa longa introdução do mundo e com alguns dos personagens centrais inseridos na trama, o jogador deslumbra um ótimo metroidvania, que, em sua fisgada soulslike, se comporta bem do início ao fim. A dublagem brasileira, aliás, contempla nomes conhecidos do setor e foi feita com muito carinho.
Talvez a ausência de um mapa te incomode, mas o sentimento de descoberta pode ser mais prazeroso sem ele. De qualquer modo, Mark of the Deep definitivamente merece sua atenção.
A Mad Mimic e a Nuuvem gentilmente forneceram chaves de Mark of the Deep para a cobertura do Flow Games.
Mark of the Deep
Publisher: Light Up Games
Desenvolvedora: Mad Mimic
Plataformas: PC
Lançamento: 24/01/2025
Tempo de review: 20 horas
Após um início prolongado, Mark of the Deep engata ótimo ritmo na mistura soulslike + metroidvania e é grande acerto do Brasil
Prós
- Ótimo level design para conectar atalhos e fases
- Combate e travessia satisfatórios
- Exploração recompensadora
- Visual combinante com a temática de piratas
Contras
- Ausência de um mapa pode incomodar alguns
- O início do jogo se prolonga um pouco demais
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