Review: Sonic Superstars é uma estrela guia para os platformers
Sonic Superstars não se limita à nostalgia e pinta um futuro brilhante para o mascote
or melhor que seja o jogo Sonic Mania — e ele realmente é muito bom —, sempre achei um tanto agridoce ver a SEGA se apoiando na nostalgia do seu passado glorioso, e o público abraçando em peso a iniciativa.
Como entusiasta de platformers 2D, me interessam muito mais os jogos que estão dispostos a se arriscar com novas mecânicas, sistemas e visuais, especialmente quando acertam em cheio no alvo.
E foi exatamente isso que rolou com Sonic Superstars, um jogo absolutamente essencial para quem tem simpatia pelo gênero!
Sonic Superstars é realmente super
Enquanto Sonic Frontiers, o mais recente platformer 3D da série, precisou remar bastante contra a correnteza a fim de conquistar a boa fé do público devido a alguns trailers e previews iniciais um tanto problemáticos, Sonic Superstars largou mais na dianteira.
Todos os seus trailers e demonstrações de hands on em eventos globais foram bastante elogiados pela maioria do público, sejam eles fãs ou não do ouriço velocista. O nosso ilustre Marcelão já tinha se derretido todo pelo jogo também em sua prévia na Summer Game Fest.
E com bons motivos. Após zerar a campanha, eu nem diria que esse é um jogo para fãs do Sonic — que certamente vão adorar —, mas sim algo tão bom que pode até mesmo persuadir quem não gostava tanto assim dos lançamentos anteriores.
Afinal, apesar de a alta velocidade seguir sendo a tônica da exploração lateral, Sonic Superstars puxa um pouco da cartilha de Sonic CD e nos mostra níveis com surpreendente verticalidade, um número recorde de rotas alternativas e bastante exploração para quem quiser.
Lembrando da antiga rivalidade entre Sonic e Mario, é até poético que Sonic Superstars saia um pouco antes de Super Mario Wonder, já que a alucinante criatividade de seu design e fases repletas de sacadinhas legais também devem ir um pouco na linha da aventura do bigodudo.
As maravilhas do Sonic
Eu não quero e não vou estragar as surpresas que você terá no jogo, mas eu posso adiantar que graças ao design em 2.5D, ele faz um uso muito criativo do senso de profundidade, além de municiar os seus heróis com poderes divertidos e inusitados que ajudam na exploração.
Acredite, quanto menos você souber, melhor: há desde menções a clássicos títulos da SEGA que há décadas não apareciam de forma jogável por aí, até sessões meio metalinguísticas, aquele tipo de coisa que só é possível em um videogame.
A última fase em especial é um espetáculo e eu devo lembrar dela com carinho por muito tempo, oferecendo um dos desafios mais criativos e ousados que já vi!
O fator replay de Sonic Superstars é substancialmente aumentado com a presença de quatro personagens jogáveis, pois dependendo da sua escolha, a forma de encarar os níveis muda drasticamente.
Enquanto o nosso velocista azulado é o mais equilibrado, Tails pode voar por aí, Amy tem a sua marreta e pulo duplo, e o bom e velho Knuckles consegue escalar e arrebentar algumas paredes.
São truques já conhecidos pelos fãs das antigas mas que, neste caso, graças ao soberbo design das fases, encontram um propósito renovado. Dá até gosto zerar mais de uma vez e revisitar os níveis otimizando rotas de acordo com as idiossincrasias de cada herói.
O lado nem tão estrelado assim
O ritmo dos níveis é quase impecável, embora um possível obstáculo possa acabar quebrando um pouco a sua diversão: as fases bônus. Ainda que elas não sejam ruins quando analisadas no vácuo, a real é que não foram muito bem implementadas dessa vez.
Como de praxe, há duas formas de acessar esses desafios: ao passar pelos checkpoints portando ao menos 50 aneis (ou Rings, como a SEGA insiste em não traduzir a despeito de todo o resto do jogo estar, felizmente, em bom português) ou encontrando grandes argolas secretas.
Como visto em Sonic the Hedgehog 3, esses anéis gigantes de transporte o levam até os desafios de esmeraldas. Inéditos, eles migram para a perspectiva 3D em cenários de queda livre em que você precisa mirar em objetos e se arremessar até chegar na esmeralda em movimento.
Não há nada de muito divertido ou terrível nesses segmentos, exceto talvez pelo fato de que estranhamente não dá para pegar mais de uma esmeralda por zona. Se você por ventura achar outra área bônus, ela só vai te recompensar com um pouco da moeda corrente do game.
Essas moedas com a cara do Sonic servem para desbloquear novos cosméticos na lojinha interna do game, mas todo esse o processo não é lá muito recompensador. Só que o problema não para por aí. Sabe as fases bônus do checkpoint que eu mencionei?
Então, a não ser que você ativamente opte por ignorá-las totalmente, elas são muito frequentes e servem apenas para pegar essas moedas meio sem graça. Para piorar, elas seguem o template dos bônus de esmeralda do Sonic 1, que na minha opinião são os piores da série.
Por fim, a trilha sonora, mesmo competente e ocasionalmente empolgante, também não chega à altura das excelentes músicas que a franquia costuma trazer até mesmo nos seus piores capítulos. Ao menos os efeitos sonoros estão impecáveis.
Corra, Sonic, corra!
Para fins de transparência, o game também possui um forte elemento multiplayer tanto online como offline, mas com o prazo apertado de review às vésperas da BGS 2023, eu não tive como testá-lo. Farei isso em breve e, caso necessário, a nota do jogo será atualizada de acordo.
Mas mesmo deixando o multiplayer de lado, é evidente o capricho do pessoal do Sonic Team com o seu mais novo jogo. O design de fases e apresentação visual impecáveis dão uma necessária cara de modernidade ao jogo e ajudam demais a revigorar a marca.
Com Sonic Frontiers plantando boas bases para os próximos jogos 3D e Sonic Superstars já atingindo algo próximo da perfeição em scroll lateral, os fãs do personagem podem se gabar: o grande mascote da SEGA está vivendo sua melhor era desde o Dreamcast!
Sonic Superstars
Publisher: SEGA
Desenvolvedora: Sonic Team
Plataformas: PC, Nintendo Switch, PlayStation 5, PS4, Xbox Series X/S, Xbox One
Lançamento: 17/10/2023
Tempo de review: 8 horas
Sonic Superstars não possui apenas um visual cativante, mas também mecânicas profundas, sacadas criativas, referências e muita diversão por todos os lados. Um platformer essencial!
Prós
- Visual vibrante, colorido, fofo e carismático
- Fases cheias de rotas alternativas
- Boa variedade de temas, áreas e poderes
- Controles precisos
- Não tem medo de tentar coisas novas
Contras
- Excesso de fases bônus pode cansar
- Algumas hitboxes descalibradas aqui e ali
- Trilha sonora um pouco aquém dos altos padrões da série
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