Summer Game Fest: primeiras impressões de Throne and Liberty

É claro que o Flow Games esteve em Los Angeles para acompanhar tudo isso de perto e pôde aproveitar os Play Days do SGF para experimentar antecipadamente a jogatina desenvolvida pela NCSoft para trazer nossas primeiras impressões para você. Bora ver o que achamos da brincadeira? Então, vem com a gente!

Imagem: Flow Games/Marcelo Rodrigues

Testando Throne and Liberty

Como acompanhamos há um bom tempo a jornada de Throne and Liberty e essa espécie de renascimento dos MMOs no Ocidente – graças principalmente à forma como esse gênero continua sendo trabalhado na Ásia –, estávamos bastante empolgados para testar o MMORPG que promete levar o segmento a um novo patamar.

Afinal, as prévias e os materiais de divulgação do mais novo projeto da NCSoft exaltam não só sua qualidade gráfica, mas também o modo como o mundo se transforma dependendo do clima, a forma como ele abriga batalhas em larga escala e as possibilidades de exploração e jogabilidade com um personagem que pode se transformar em diferentes tipos de animais.

Por isso, de posse dessas expectativas elevadas, embarcamos em uma jornada por Throne and Liberty que envolveu uma sessão de gameplay de cerca de 45 minutos e uma entrevista muito bacana com um dos responsáveis pelo título na Amazon Games e dois dos diretores sul-coreanos do game. A primeira parte desse material, você confere a seguir.

Throne and Liberty: primeiras impressões

Ao longo dos 45 minutos de teste, tivemos uma experiência semelhante à que um jogador ingressando pela primeira vez no jogo terá quando Throne and Liberty for lançado. Ou seja, uma sequência introdutória com direito a criação de personagens, tutoriais básicos, apresentação do mundo, missões de combate e exploração, novas mecânicas e, claro, luta com chefões.

Uma bela introdução

Throne and Liberty dá as boas-vindas ao público da melhor forma possível: com uma cinematic simplesmente arrebatadora. É um material que não deve em nada para apresentações como as de Final Fantasy 14 ou das cenas mais épicas de Lost Ark – este último, também com origem na Coreia do Sul e publicado pela Amazon Games por estas bandas.

O conteúdo pré-renderizado e de altíssima qualidade não só faz um bom trabalho em te explicar a trama geral do MMO – um mundo em guerra com vilões nefastos e crianças escolhidas com poderes especiais –, como também já te coloca no clima da aventura.

Imagem: Amazon Games

Um herói só seu

Dá para dizer com muita tranquilidade que a tela de criação de personagens de Throne and Liberty é uma das mais épicas e detalhadas de todo o gênero. Mais do que isso, ela rivaliza em customização e beleza até mesmo com ferramentas de criação de heróis de outros segmentos, como a apresentada pela Koei Tecmo e pelo Team Ninja em Nioh 2, por exemplo.

Para começar, a transição entre a cinematic de abertura e o sistema de personalização de personagens é a mais suave e impactante possível. Depois, você se depara com uma interface que é igualmente complexa e convidativa, dando todos os recursos para que você crie um avatar do seu jeito.

O jogo já chega embarcado com dezenas de presets – com diferentes gêneros, tipos corporais, cabelos e cores de pele – para quem tem pressa em começar a jogatina, com esses arquétipos visuais também servindo como base para customizações ainda maiores.

Imagem: Amazon Games

Para quem é ainda mais acelerado, Throne and Liberty traz um botão de geração de aparências aleatórias. O mais bacana dessa função? Ela não gera bizarrias como em Dark Souls e em tanto outros games com ferramentas de randomização, permitindo que você crie visuais realmente únicos sem destoar da ambientação geral do jogo.

Uma vez que você escolher um perfil, abre-se uma infinidade de opções para editar cada aspecto do seu aventureiro – da estrutura facial ao peso –, sendo possível ainda mudar a iluminação do local e pose, vestimentas e expressões do herói para ter ideia melhor de como ele vai se comportar na hora da jogatina.

Você se vê no jogo

Todo esse “trabalho” na customização do seu avatar se paga, uma vez que todas as cenas scriptadas de Throne and Liberty exibem seu personagem da forma como ele foi criado por você e com as roupas e armaduras que ele estiver vestindo no momento.

E, como as tomadas de câmera são tão criativas quanto as de Lost Ark e Diablo 4 durante as cutscenes – outros dois RPGs que recompensam a criação de heróis estilosos –, essa integração do avatar ao mundo ajuda a mergulhar o jogador ainda mais em seu mundo e em sua história.

Imagem: Amazon Games

Ajuda muito o fato de o herói do MMO ter um visual extremamente detalhado, belas animações e uma personalidade própria durante os diálogos – mesmo fazendo o tipo “protagonista silencioso” nas conversas com os NPCs.

Mundo vivo e visualmente impressionante

Não são só os personagens de Throne and Liberty que chamam atenção pelo visual: o mundo do game da NCSoft exala vida, cores e detalhes. Mesmo tendo sido construído na Unreal Engine 4 – e não na versão mais recente do motor gráfico da Epic Games –, os gráficos do jogo são impactantes desde o primeiro momento em que você coloca os pés nele.

Os gráficos do jogo são impactantes desde o primeiro momento em que você coloca os pés nele

Isso diz muito sobre o empenho do estúdio sul-coreano em tirar o máximo dos recursos do software. Isso inclui cenários internos bastante criativos, paisagens de tirar o fôlego, belas texturas e um trabalho primoroso de iluminação, ambientação e senso de escala.

Após uma breve introdução que mistura o melhor dos momentos iniciais de Elden Ring e Zelda Breath of the Wild, você se vê diante de um mundo que praticamente o convida para explorá-lo. Essa sensação se mantém conforme o jogador avança pelo local, descobre uma pequena vila e cumpre as missões de tutorial de Throne and Liberty.

Imagem: Amazon Games

Vale notar que Throne and Liberty também faz um bom uso da linguagem visual para contar um pouco de sua história e dar mais personalidade ao mundo. Durante um pré-briefing antes de testarmos o jogo, por exemplo, um dos devs disse que o game permite que os heróis assumam a forma de bosses derrotados anteriormente para desferir golpes poderosos.

Embora essa mecânica só seja introduzida mais adiante no gameplay – e não estivesse presente na demo que experimentamos –, ela já aparece descompromissadamente na progressão da campanha, quando um guarda da cidade se transforma num elemental de pedra gigantesco para abrir os portões do local para você. Storytelling sutil, mas eficiente.

Imagem: Amazon Games

É o bicho mesmo!

Por falar em transformações, uma das mecânicas mais divertidas de Throne and Liberty é a capacidade de se transformar em diferentes animais. Como seu personagem é uma das Star Children – jovens que receberam o poder de uma estrela fragmentada –, ele pode assumir formas de feras e bichos para lidar com todo tipo de situação.

Imagem: Amazon Games

Um exemplo disso é a transformação em lobo, que é introduzida bem cedo na aventura e permite não só que você possa correr mais rápido pelo vasto cenário do mundo de Throne and Liberty, como também passe por aberturas no cenário e até mesmo entre num modo furtivo para escapar de perigos maiores.

Na nossa experimentação do MMO, também conseguimos desbloquear a forma de águia, que foi mostrada nos trailers mais recentes do game e abrem as portas para a exploração aérea dos mapas. Um detalhe curioso: o NPC que te ensina a voar como pássaro é a cara do Harry Potter. Será que ele esqueceu a vassoura e preferiu virar uma águia? Fica aí a questão.

Imagem: Amazon Games

Seja como for, ambas as transformações são bastante imersivas e dão aquele gostinho de que você está conferindo apenas a ponta do iceberg do que Throne and Liberty pode oferecer. No caso do voo, ficamos com um sentimento muito parecido com o da Dragonaria, introduzida recentemente pela Blizzard em World of Warcraft: Dragonflight. Vale notar que o recurso de WoW, no entanto, se baseou nas montarias aladas de Guild Wars 2, da própria NCSoft.

Combate deixa a desejar (mas nem tudo está perdido!)

Recentemente, com os testes fechados de Throne and Liberty no Oriente, um dos pontos mais criticados a respeito do jogo era o seu combate, que era descrito pelos testers como algo bastante engessado e limitante para os padrões atuais do gênero.

Como não fizemos parte dessa experimentação do MMO na Ásia, fomos curtir a jogabilidade do game com a cabeça aberta, prontos para entender e analisar as decisões e escolhas de design da NCSoft para o gameplay e as lutas de TL. O resultado?

Bem, não é como se as batalhas em Throne and Liberty fossem ruins, mas é algo bastante defasado em relação a tudo que o jogo apresenta em outros frontes. O fato de o título inovar em transformações, efeitos climáticos, propostas ousadas de endgame para PvP e PvE e tantos outros recursos e sistema avançados – incluindo aí a belíssima ferramenta de criação de personagens –, no entanto, criam uma expectativa igualmente alta para as lutas.

Imagem: Amazon Games

Infelizmente, a jogatina fica no “arroz com feijão” nesse quesito. Como não é possível atacar se movendo e há poucas habilidades instantâneas no game, o combate de Throne and Liberty se resume a ficar parado diante do seu inimigo enquanto você aguarda para que suas skills saiam do cooldown.

A NCSoft até tentou dar mais dinamismo ao processo com belas animações e efeitos adicionados aos ataques, mas fica claro a disparidade de imersão entre o mundo aberto e as lutas. Num momento, você está voando pelos céus e disparando um arpéu para acessar locais remotos do mapa. Em outro, precisa plantar os pés no chão e trocar sopapos com os monstros sem precisar nem tocar nas teclas de movimentação.

Throne and Liberty ainda introduz uma mecânica de defesa para que seja possível lidar com golpes mais poderosos dos monstros, mas essa interação fica bem aquém do que vemos em outros títulos da categoria – como, mais uma vez, Lost Ark e Diablo 4 –, que capricham na necessidade de se mover constantemente para que seja possível esquivar de ataques mortais, sair da área de magias e conseguir um ângulo mais favorável para despachar os oponentes para o além.

Imagem: Amazon Games

Um exemplo de como essa simplicidade de batalha pode ser um desserviço para o restante da jogatina é a luta final da demo, que nos colocou diante de um chefão dos orcs que é capaz de meter medo em muito marmanjo por aí. O boss é simplesmente colossal e tem um visual épico, mas a cena perde um pouco de seu impacto pela forma direta com que a peleja é conduzida.

A boa notícia aqui é que nem tudo está perdido. Em primeiro lugar, Throne and Liberty é um jogo como serviço, o que significa que seu desenvolvimento nunca está 100% finalizado. Isso abre espaço para que melhorias, aprimoramentos e reformulações sejam introduzidos na brincadeira ao longo do tempo.

Depois, há o fato de que o título ainda nem foi lançado e segue sendo testado por jogadores de todo o mundo, o que abre ainda mais portas para que pontos falhos sejam resolvidos antes da estreia do MMO no Ocidente. De fato, na entrevista que fizemos com o pessoal da NCSoft durante a Summer Game Fest – e que você vai poder conferir logo menos aqui no Flow Games –, eles citaram o combate nominalmente como algo que será atualizado.

“Os testes que fizemos na Coreia do Sul foram uma boa oportunidade para aprender o que funciona e o que pode ser melhorado no jogo. […] Para o Beta fechado Ocidental, faremos duas mudanças significativas em combate e progressão”, explicaram os representantes do estúdio. Ou seja, o recém-anunciado Teste Técnico de Throne and Liberty já pode chegar mais refinado às nossas mãos, enquanto o feedback deste lado do globo podem ajudar a melhorar ainda mais essa experiência de batalha.

Para o Beta fechado Ocidental, faremos duas mudanças significativas em combate e progressão

Considerações finais

O saldo final do nosso teste de Throne and Liberty durante os Play Days da Summer Game Fest 2023 foi bastante positivo. Mesmo com as lutas um pouco truncadas, o MMO desenvolvido pela NCSoft e que será publicado pela Amazon Games mostrou uma boa dose de potencial.

Seu mundo é muito bonito e vivo, a trama imersiva no ponto certo e os personagens interessantes. Some a isso ideias realmente interessantes de batalhas PvP e PvE em larga escala, uma infinidade de conteúdo pré e pós-endgame e a chance de usar as condições climáticas do cenário para obter vantagens ou encontrar criaturas inéditas, e não vemos a hora de experimentar um pouco mais do game.

Não vemos a hora de experimentar um pouco mais do game.

Ao experimentarmos a porção inicial de Throne and Liberty, também conseguimos ter uma boa ideia da cadência com que sistemas, história e mapas são introduzidos aos jogadores. O pacing parece muito agradável e adaptado para todo tipo de jogador, apresentando uma novidade a cada 5 ou 10 minutos e dando uma boa prévia do que o espera a seguir – você começa numa ilha, por exemplo, mas consegue ver um pouco do continente gigantesco que o aguarda pela frente.

Deixamos também destaques para: a interface geral de quests do jogo, que mostra de uma forma muito interessante sua progressão na campanha até o momento e quais os próximos passos da história; o sistema de evolução independente de classes pré-fixadas, no qual, como em New World, basta escolher e equipar uma arma para desbloquear suas habilidades e criar sua própria build; e o fofíssimo Whispering Amitoi, um companheiro engraçadinho que lembra os Palicoes de Monster Hunter.

Imagem: Amazon Games

Por fim, Throne and Liberty também tem um papel importante nesse revival dos MMORPGs. Sendo um título free-to-play com compras in-game opcionais, o jogo é mais uma opção para que veteranos retornem à brincadeira ou experimentem um novo “vício” e que novatos sejam arrebatados pelos desafios e pelas gratificações do gênero pela primeira vez – sem grandes compromissos.

Isto é, mesmo se a nova aposta da Amazon não for um sucesso absoluto, ainda tem a chance de ser uma porta de entrada muito interessante para o segmento e, principalmente, para o restante do amplo catálogo de MMOs da casa.

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Throne and Liberty ainda não tem uma janela oficial de lançamento no Ocidente, mas deve receber um teste fechado muito em breve e já teve versões confirmadas para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC.

Marcelo Rodrigues, editor do portal do Flow Games, viajou a Los Angeles e acompanhou todas as novidades do Summer Game Fest 2023 à convite da Amazon Games.