Review: Super Mario RPG continua “super” em belo remake
Quase 30 anos depois, o clássico do SNES Super Mario RPG retorna em grande forma ao Switch
nde você estava em 1996? Sequer era nascido? Bom, eu estava visitando as locadoras e bancas de jornal em busca das últimas novidades sobre videogames, e ainda me lembro de como foi surpreendente descobrir sobre a existência de Super Mario RPG.
Se hoje em dia temos tanto as franquias Paper Mario como Mario & Luigi reunindo a turma do Reino do Cogumelo em aventuras do gênero, na época ainda era algo inovador pensar no encanador e seus amigos dando uns pulinhos em combates por turno com foco na narrativa.
Mais doido ainda era saber que o jogo estava sendo produzido em parceria direta com a Square Enix em plena era de ouro. O estúdio tinha lançado os icônicos Chrono Trigger em 1995, Final Fantasy 6 em 94 e Secret of Mana em 93, só para dar alguns exemplos da boa fase.
Pouco depois disso, como você deve saber, a Big N e a Square tiveram uma longa briga e muito rancor foi cultivado até ambas finalmente voltarem a trabalhar juntas aos poucos, mas essa é uma história que, se contada em detalhes, daria um texto maior que esse review inteiro!
O que importa é que tantos os capítulos bons como os ruins dessa parceria ajudam a tornar ainda mais especial esse remake de Super Mario RPG. Um jogo que pareceu impossível de acontecer por muito tempo, mas que agora finalmente está entre nós, tão precioso quanto décadas atrás.
A magia de Super Mario RPG
Agora totalmente em 3D, mas preservando na medida do possível as proporções de tamanho em relação ao material original, o remake foi desenvolvido pelo estúdio ArtePiazza, colaborador frequente da Square Enix que refez vários Dragon Quest para DS e 3DS.
Alguns nomes muito importantes do projeto original estão de volta, como a maravilhosa compositora Yoko Shimomura (a minha favorita em toda a indústria, só para o registro), que supervisionou e fez novos arranjos para as orquestrações de suas composições lendárias no game.
Aliás, a qualquer momento você pode pausar o jogo e alternar entre as versões nova e original da trilha sonora, o que é legal tanto para preservar a história e permitir que o pessoal conheça e revisite o material clássico, como para comparar os trabalhos mesmo.
Infelizmente não é possível fazer o mesmo com os gráficos, mas tudo bem, já que o novo trabalho visual ficou primoroso. Repleto de cores vibrantes e lindos modelos, a direção de arte soube evocar as mesmas emoções da jornada clássica sem perder de vista o que mais importava na transição.
Peculiarmente, algumas poucas vezes eu tive problemas com o senso de profundidade nas sessões de plataforma, seja para escapar de inimigos ou subir em blocos mais finos, mas não foi nada demais ou frequente, apenas algo que não acontecia no título original.
Diversão acessível e imediata
Ao longo da campanha, um sentimento que persistiu foi o de que o novo título estava bem mais fácil que o original. Pode até ser a minha memória pregando peças ou o fato de que hoje eu sou mais versado em RPGs do que em 1996, mas acredito que não seja o caso.
Super Mario RPG já era um título um pouco mais acessível que a média na sua versão clássica, mas aqui entraram em ação vários facilitadores que não podem ser desativados. Por exemplo, ao acertar o timing de certos golpes normais, agora você causa um novo dano em área.
Isso é uma faca de dois gumes: por um lado, abrevia combates que poderiam ficar um tanto tediosos sem isso. Por outro, tira um bocado do senso de ameaça das hordas de inimigos. Some a isso novos golpes especiais e o Game Over se torna um evento raro por aqui.
Eu não cronometrei o meu antigo tempo de gameplay no SNES, mas tenho a impressão de que a jornada original demorava uma boa meia dúzia de horas a mais para zerar, ainda que o conteúdo de ambos os jogos seja quase idêntico. O que muda mesmo é o desafio mais simples.
Aliás, o maior desafio neste caso acaba caindo de forma injusta sobre aqueles que não possuem um bom entendimento de inglês, já que o jogo não foi localizado para português em uma decisão muito triste. Compreender a trama plenamente é algo essencial em qualquer RPG que se preze.
Ao menos foram mantidas a esmagadora maioria das piadas e brincadeiras do jogo original, inclusive piadas de duplo sentido ou mais pesadinhas, como visitar o quarto da Peach e encontrar o seu “???” (é assim que chamam mesmo) perto da cama.
Outra novidade interessante foi a adição de cenas de computação gráfica aqui e ali ao longo da campanha de Super Mario RPG. Lindíssimas, elas possuem um visual cativante a ajudam muito no desenrolar da narrativa, embora cause estranheza apenas ler as falas sem quaisquer vozes por cima.
Vale a pena (re)visitar Super Mario RPG
Se você nunca jogou Super Mario RPG, essa é uma ótima deixa para descobrir os motivos que fizeram tanta gente passar anos e anos pedindo pelo retorno do personagem Geno, que fez a sua estreia por aqui e depois ficou décadas quase que totalmente sumido.
O elenco de personagens é simplesmente maravilhoso, e as suas aventuras e situações cômicas criaram uma base sublime que marcou época e inspirou infindáveis jogos nos anos seguintes. É até interessante revisitar Super Mario RPG com olhos de historiador e tentar detectar todas as suas inovações.
A presença de vários inimigos e aliados únicos ajudam a destacar um jogo que já brilharia bastante só pelos seus sistemas de gameplay polidos e espertos. Super Mario RPG é uma joia um tanto subestimada do gênero que, agora, tem uma nova chance de brilhar como merece.
Super Mario RPG
Publisher: Nintendo
Desenvolvedora: ArtePiazza
Plataformas: Nintendo Switch
Lançamento: 17/11/2023
Tempo de review: 17 horas
Super Mario RPG é um sonho se tornando realidade. Parecia impossível, mas o clássico da Nintendo e Square Enix está de volta mais bonito do que nunca no Switch.
Prós
- Gráficos modernos, porém fiéis aos originais
- Trilha sonora soberba em duas versões!
- Personagens memoráveis
- Combate agradável, ainda que facilitado
- Boa adição de cenas em CG
Contras
- Um pouco fácil demais
- Algumas quedas de FPS aqui e ali
- Sem localização em português
- Falta de dublagem nas cenas causa estranheza
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