Review: Asleep: Ato 1 é um mergulho a um pesadelo sombrio
Asleep: Ato 1 resgata os clássicos do gênero de forma bem feita
e você é fã de games de terror psicológico, então Asleep é uma ótima opção para você manter em seu radar. Desenvolvido pelo estúdio brasileiro Black Hole Games, Asleep é um jogo point and click 2D em pixel art ambientado no Nordeste dos anos 90.
A campanha traz a história de Ana Lúcia, uma garota solitária e confusa que sofre com pesadelos sombrios a noite. Ao acordar em um local estranho, a jovem não se recorda do passado nem das pessoas que viviam ao seu redor.
Munida de apenas uma lanterna no meio da escuridão, a jovem garota terá que coletar todas as pistas possíveis para desvendar esse mistério. No meio dessa realidade caótica, Analu tem a missão de encontrar uma menina perdida em uma escola cheia de monstros horripilantes e sair do pesadelo. Ficou curioso? Então veja nosso review completo abaixo:
Asleep: Ato 1 – Dentro do pesadelo de Ana Lúcia
Ao iniciar a jogatina, você já é inserido em um dos pesadelos de Analu. A garota conversa com uma senhora em um local bem estranho e logo após ‘acorda’ em seu quarto, a partir daí que a aventura começa para valer.
Durante sua jornada, os jogadores terão que vasculhar cada cantinho para encontrar pistas e itens que podem ser muito úteis para o desenrolar da história, principalmente para destrancar portas e resolver puzzles, além de lutar para manter a saúde e sanidade da protagonista contra os inimigos.
Asleep é inspirado em grandes títulos do gênero, sobretudo Silent Hill, pois conta com uma atmosfera nebulosa em sua jogabilidade bem ao estilo de jogos de terror da época – afinal, Asleep é ambientado nos anos 90.
Nota-se que os desenvolvedores trabalharam cuidadosamente nos detalhes, isso é bem visível durante a jogatina, pois há inspirações e alguns easter eggs que farão com que os jogadores sintam aquele gostinho nostálgico.
“Existem muitas inspirações nesse sentido que usamos, mas com certeza uma delas foi a vontade de produzir um jogo de terror com um toque mais brasileiro, mas especialmente pensando em games de terror dos anos 90, época de ouro dos jogos survival horror. Algo mais atmosférico, melancólico e até ilusório. Mas principalmente queria um game que nós brasileiros pudéssemos jogar e nos sentir representados, seja pela cultura, pela ambientação e até pela narrativa mais intimista, pois a protagonista é uma pessoa simples e com dilemas comuns como nós. Então acho que essa foi nossa principal inspiração. O terror psicológico foi só uma camada que aglutinamos aos pesadelos da nossa querida protagonista.”
Com poucas informações na tela, apenas a barra de vida de Analu é visível – além dos mapas da escola em que você coleta logo de início para te ajudar a se localizar pelo local e o menu de itens que aparece apenas após selecionar o botão específico.
Portando apenas uma lanterna, não pense que você conseguirá lutar ou matar os inimigos, pois o jogo não cede nenhuma arma para isso. Dessa forma, você terá que driblar as criaturas para conseguir chegar ao seu objetivo, seja usando ou não a lanterna para ‘derrotá-los’.
De modo geral, a jogabilidade não apresenta um nível elevado de dificuldade, seja você veterano ou novato em jogos do gênero: passar pelos desafios se tornará algo intuitivo.
Toda a nostalgia dos clássicos
Com gráficos em 2D pixelizados, Asleep logo nos transporta para os clássicos de terror, principalmente pelos inimigos rastejantes que lembram bem os Lickers de Resident Evil e até mesmo os Clickers de The Last of Us.
Outro destaque fica por conta das cutscenes que possuem uma arte com desenhos feitos à mão, dando ainda mais personalidade ao jogo e enriquecendo o trabalho feito pelos criadores.
Asleep com certeza é um prato cheio para aqueles que procuram jogatinas únicas com aquele toque especial. Mas não se engane: todos os elementos presentes no game foram totalmente pensados. Desde as ruas, ambientes e até a forma como a protagonista reage a cada um deles.
“Eu, como idealizador, coloquei alguns easter eggs da minha cidade natal no Piauí, como por exemplo o parquinho no começo do jogo, ele realmente existe até hoje, e na época existia uma locadora de videogames lá onde cresci jogando, e foi lá também que conheci Silent Hill do PS1 pela primeira vez, a franquia de terror que mudou a minha vida e serviu de inspiração principal para Asleep”, disse Décio Oliveira, idealizador de Asleep.
Para uma imersão completa, fones de ouvido são obrigatórios
Assim como em qualquer jogo de terror, a experiência não se torna 100% se o jogador não utilizar um fone de ouvido, afinal, os sons não se propagaram da mesma forma.
Em Asleep não é diferente, pois a música de fundo tornará o clima ainda mais tenso, fazendo com que você fique ainda mais apreensivo. O que mais me chamou a atenção com certeza foi em relação ao som que alguns inimigos emitiram, que era igualzinho aos temidos estaladores de The Last of Us.
Curiosamente, esse som pertinente não é só coincidência, pois “a voz de um dos monstros do jogo foi feita pela mesma pessoa que gravou os efeitos sonoros dos clickers de The Last Of Us”, disse Décio Oliveira, Idealizador de Asleep ao Flow Games.
Não há como notar o belo trabalho feito pela equipe de sonoplastia, este com certeza é um dos elementos importantes que dão vida ao jogo, pois imerso na escuridão, o jogador por vezes ficará apenas com o som dos passos de Analu, das criaturas se rastejando pelo chão ou até mesmo alguns gritos desesperados.
Por isso, a dica é: apague as luzes, pegue seu headset e esteja pronto para a escuridão.
Vozes dos personagens dão um toque a mais de personalidade ao game
Por ser um jogo completamente brasileiro, fica a dúvida sobre como seria o trabalho para as vozes originais. Em Asleep este foi o que deu o toque especial à narrativa. Pois não só a voz da Ana Lúcia se encaixou perfeitamente, como o casting, em sua maioria nordestino, selecionado para dar voz aos outros personagens também.
Esse cuidado é notável no game e é o que faz os jogadores se transportarem para o lugar em que se passa, no nordeste brasileiro. Além disso, os devs também adicionaram uma dublagem em inglês, com atores e atrizes renomados da indústria.
E aí, Asleep vale a pena ou não?
Com 3 horas de gameplay, posso dizer que me diverti jogando Asleep, pois traz uma narrativa bem sólida que te deixa curioso para descobrir o que de fato está acontecendo. E no fim, ainda fica o gostinho de quero mais.
No entanto, embarquei na aventura utilizando um controle, mas tive algumas dificuldades durante o jogo, pois ao dar o comando a personagem não respondia – ou em horas que estava sendo atacada pelos inimigos, ela não corria e tentava se desvencilhar.
Acredito que este foi o grande problema que encontrei durante o jogo, alguns bugs que logo devem ser consertados em uma futura atualização, mas nada que vá impactar tanto sua experiência.
No mais, Asleep entrega o que promete, um jogo de terror psicológico 2D, pixelizado e point and click, resgatando em sua essência os clássicos do gênero. Ao todo são 3 atos, com apenas o primeiro disponível para jogar. Outro ponto positivo é em relação ao preço super acessível, que é mais do que um incentivo a todos para embarcarem nos pesadelos sombrios de Analu.
Infelizmente ainda não há uma data confirmada para os próximos capítulos, mas segundo o idealizador do jogo, Décio Oliveira, a continuação da história de Ana Lúcia chegará muito em breve.
Testado no PC via Steam. Uma cópia Asleep: Ato 1 foi gentilmente cedida pela Nuuvem para a realização desta análise.
Asleep: Ato 1
Publisher: Nuuvem
Desenvolvedora: Blackhole Games
Plataformas: PC
Lançamento: 09/05/2024
Tempo de review: 3 horas
Com uma história intrigante, Asleep: Ato 1 resgata os clássicos do gênero com um toque brasileiro
Prós
- História envolvente
- Puzzles bem pensados
- Jogabilidade equilibrada para novatos ou veteranos
- Qualidade das vozes originais dos personagens
Contras
- Suporte para controle
- Falta de mais slots para salvamento
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