Review: Elden Ring Shadow of the Erdtree é um DLC quase perfeito
Mais de 50 horas e muitos chefões icônicos? Veja nosso review de Shadow of the Erdtree, DLC de Elden Ring
ão é por qualquer motivo que Elden Ring assegurou o GOTY em 2022. Apesar de nem o Miyazaki considerar o jogo sua melhor obra, é inegável que a fórmula de mundo aberto inédita e a genialidade de game design da FromSoftware culminaram em um dos jogos mais divertidos da última década.
É por isso que quando a desenvolvedora anunciou o primeiro (e único) DLC do título, Shadow of the Erdtree, tanta gente ficou com os cabelos em pé de ansiedade. Não importava o que viesse por aí, o hype já estava nas alturas – e, historicamente, DLCs da FromSoftware têm fama de elevar a experiência original.
Não é todo dia que encontramos conteúdos adicionais que adicionam dezenas de horas de campanha, mapas enormes e bem-aproveitados, e chefões incrivelmente marcantes. Sem dúvidas, Elden Ring Shadow of the Erdtree traz o melhor da FromSoftware e não deve ser perdido por ninguém. Confira o review completo!
Shadow of the Erdtree é Elden Ring puro: maior e na mesma qualidade
Não é de hoje que DLCs de Dark Souls e até Bloodborne mostraram que, quase sempre, a FromSoftware acerta demais em trazer expansões para seus jogos: Artorias of the Abyss, The Ringed City, The Old Hunters e por aí vai, todos com dificuldade elevada e áreas memoráveis.
Com Elden Ring, não foi diferente. É quase inacreditável a quantidade de conteúdo que Shadow of the Erdtree traz à mesa. O mapa é gigantesco, recheado de cenários diferentes, locais para explorar que trazem o mesmo sentido gostoso de descoberta e aventura do jogo base, personagens, quests, itens e tudo que você pode imaginar.
Dessa vez, entramos no Reino das Sombras atrás de Miquella, o Bondoso, que foi para este local exilado por algum motivo desconhecido. E, como todo jogo da FromSoftware, a história segue o padrão de não ser muito explícita e acaba caindo, novamente, no cenário de ame ou odeie. Ao menos, aqui temos um leque de personagens muito bons que engrandecem a experiência.
Calculando por cima, gastei mais de 60 horas para completar todo o mapa e derrotar todos os chefões, incluindo os opcionais (e, como joguei sem guias, sei que deixei passar algumas quests, então o tempo poderia ser ainda maior).
Pode parecer exagero, mas é quase como se alguém da FromSoftware tivesse falado: “chefe, esquecemos de colocar essa segunda metade do jogo aqui”. É surreal que temos quase outro Elden Ring em um pacote de DLC, com a mesma qualidade (se não mais) de conteúdo, dungeons opcionais, armas, armaduras e muitos chefes.
Certamente, talvez não em quantidade de bosses, masmorras e armas como no jogo base, mas certamente por sempre trazer algo novo, alguma surpresa, uma área extremamente criativa, locais que demandam uma exploração ativa e mais. Esse sentimento de Elden Ring continua inalterado e, talvez, até aprimorado.
Todos sabemos que quantidade não é sinônimo de qualidade, mas não deixar a peteca cair enquanto tenta entregar tanto ao jogador é algo de se admirar: manter esse ritmo de excelência e sensação de vislumbre por todo o canto é realmente difícil. Bom, talvez nem por literalmente todos os cantos.
Certas decisões de design podem ser chatas
Nem tudo é perfeito e há alguns pelos em ovo para serem apontados em Shadow of the Erdtree, por menores que sejam. Chamem de frescura, mas há duas áreas que realmente não gostei da decisão da equipe: a floresta da loucura perto da Mansão de Midra e a área com podridão escarlate perto da região central.
A região de Midra no DLC de Elden Ring é uma floresta recheada de inimigos que requerem furtividade ou descobrir a tática para vencê-los (caso contrário, é quase uma morte em um único hit). O que é até ok, vimos algo parecido no passado, mas trata-se de um local imenso em que Torrente, nosso cavalo, é desabilitado. Entendo a limitação para criar tensão, mas ela sequer existe em boa parte do mapa, não há por que criar isso artificialmente.
Outro pequeno trecho chato é o prédio com podridão escarlate e múltiplos níveis: novamente, certas áreas são bloqueadas de usar Torrente e até um dos trechos de progressão está atrelado a uma coisa específica, revelando uma parede invisível que poderia ser facilmente perdida.
Além disso, certos trechos do mapa têm pulos espirituais (os saltos gigantescos de Torrente em redemoinhos) travados por totens de pedra, o que é uma mecânica bacana, mas alguns podem ser bem escondidos e chatos de achar sem um guia – ao menos, quase todos servem para áreas opcionais apenas.
E, como último ponto, não me agradou muito a visualização do mapa desta vez. Diferente do jogo base de Elden Ring, Shadow of the Erdtree traz um único “nível” de mapa para consulta, sem diferenciar áreas elevadas de áreas “subterrâneas” (não são bem isso, mas para ficar compreensível), causando bastante confusão para entender como chegar em alguns locais.
O elefante na sala: a dificuldade é um agravante?
Uma das “polêmicas”, se é que podemos chamar assim, do DLC Shadow of the Erdtree de Elden Ring foi a dificuldade elevada do conteúdo adicional. De fato, a FromSoftware elevou bastante o nível de desafios dessa vez e até mesmo entrar no DLC requer um level bem alto para começar a aproveitar a nova campanha.
Essa opinião passou longe de ser unânime, mas, de fato, os devs pesaram a mão em diversos chefões, criando alguns dos combates mais difíceis de todos os jogos da produtora. Entretanto, não achei em momento algum que isso é uma decisão artificial ou algum estratagema para inflar a duração da aventura.
Não é difícil por ser difícil, é o difícil que continua a entreter e nos fisgar de jeito para passar o próximo bloqueio. Mas é fato que alguns chefes desse DLC de Elden Ring podem ser extremamente punitivos, talvez mais do que jamais foram em títulos passados.
Messmer, Romina, Midra, Rellana, Bayle e o último chefão são extremamente memoráveis e exigem reflexos afiados, atenção nos movimentos e aperfeiçoar tudo em um nível quase impecável. Diversos desses bosses têm ataques subsequentes (alguns deles praticamente impossíveis de desviar) e um ritmo tão frenético que, de vez em quando, parece até impossível encontrar janelas para ataques e curas. É compreensível entender a frustração vinda até mesmo de alguns veteranos.
E, de vez em quando, senti também que não é qualquer build que vai tornar a progressão viável sem saber o que está fazendo. Certamente é viável fazer tudo até no level 1, como você achará facilmente na internet, mas para um jogador médio às vezes parece um nível alto até demais para vencer sem usar as invocações no DLC de Elden Ring.
Meu único lamento neste ponto é que, em meio a tantas novidades em Elden Ring, infelizmente a FromSoftware incluiu poucas lágrimas larvais, recurso para resetar os atributos, para que possamos testar sem medo novas armas e builds sem recorrer a recomeçar tudo em New Game+ – sorte a sua se tiver várias sobrando, caso contrário, não poderá testar muita coisa legal ou passar certos desafios com menos dificuldade.
A grande sacada é que, de certa forma, esses entraves de progressão podem ser boas oportunidades para buscar áreas opcionais, não só para farmar e aumentar o seu nível (que não é tão relevante aqui), mas para encontrar fragmentos de Umbrárvore, a forma de mitigar o dano no Reino das Sombras, e de Cinza Espiritual Reverenciada, que aumentam o poder das Cinzas de Invocação – e que servem somente para o DLC.
Esse sistema no DLC de Elden Ring é muito bem pensado e acaba instigando a exploração para longe do caminho principal, que é um deleite tão prazeroso quanto a campanha principal.
E, dessa vez, é quase como se os devs nos passassem a mensagem de usar mais os recursos do jogo base, como as invocações – use e abuse da Lágrima Imitadora, deixe o orgulho de lado. A expansão é recheada de novas possibilidades de builds, armas fantásticas (como a Arte de Folha Seca, o combate mano a mano que se tornou o meu favorito), talismãs e até as próprias cinzas que combam com estratégias distintas.
Apresentação visual soberba, música incrível e… os mesmos problemas
Se você conhece o trabalho da FromSoftware, certamente não foi no DLC Shadow of the Erdtree de Elden Ring que ela deixou o nível mais baixo em termos de apresentação audiovisual. Do momento que você pisa no Reino das Sombras até o último espaço explorado, o vislumbre dos cenários e as músicas épicas não param.
A grande escala e a forma de representar essa imensidão continuam fantásticas, exuberantes e vistosas. Curiosamente, parece que até as dungeons, que sempre foram o ponto mais baixo do game, foram aprimoradas (claro, diversos elementos e partes do mapa ainda são reutilizados, mas, a meu ver, de uma forma mais caprichada).
O único ponto negativo em tudo isso é o que já vimos de ruim no jogo base de Elden Ring: a performance. No PC, os stutterings não estão muito melhores do que no lançamento e a experiência não passa dos 60 fps (apesar dos shaders compilations terem melhorado). E, no PS5, plataforma em que joguei, atingir 60 quadros por segundo é uma raridade.
Mesmo jogando Elden Ring Shadow of the Erdtree no modo Performance, com resolução mais baixa e sem ray tracing, pode esperar uma média de 45 a 55 fps na maior parte do tempo. Pode parecer besteira, mas no DLC mais difícil até hoje da produtora, cada tempo de resposta no controle impacta a experiência – e, mais do que nunca, senti esses problemas no gameplay.
Elden Ring Shadow of the Erdtree vale a pena?
Sem a menor sombra de dúvidas, Elden Ring Shadow of the Erdtree figura não só entre os melhores DLCs da FromSoftware, mas talvez de toda a indústria de games, competindo lado a lado com colossos como Blood and Wine de The Witcher 3: não só o conteúdo é primoroso, como é vasto e raríssimas vezes deixa o ritmo cair em sessões mais lentas e sem novidades para aproveitar.
O level design continua soberbo, os chefes apresentados competem no pódio dos melhores já desenvolvidos pela produtora, as áreas opcionais são praticamente idênticas em qualidade com a campanha principal (seja do jogo base ou da própria expansão) e há muitas novidades em termos de armas, talismãs e mais para aproveitar ainda mais o combate refinadíssimo.
Para não dizer que é perfeito, certos problemas técnicos e sessões não tão caprichadas (ou talvez com decisões não tão divertidas) eclipsam o brilho majestoso da maior parte desta campanha de Elden Ring capaz de entregar dezenas de horas – coisa que, atualmente, sequer alguns jogos completos dão conta de fazer.
Se você é um fã de carteirinha do que a FromSoftware entregou em 2022, o que temos aqui é um round 2 com a mesma qualidade, mas sem dar a sensação de repeteco. No fim do dia, mesmo com 60 horas, o sentimento que fica é o desejo que a produtora tivesse mais um DLC guardado na manga para o futuro, algo que já foi confirmado que não teremos.
Elden Ring Shadow of the Erdtree foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise.
Elden Ring Shadow of the Erdtree
Publisher: Bandai Namco
Desenvolvedora: FromSoftware
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC
Lançamento: 21/06/2024
Tempo de review: 60 horas
Shadow of the Erdtree elenca não só um dos melhores DLCs da FromSoftware, mas também um dos melhores da indústria.
Prós
- Uma campanha extremamente generosa com mais de 60 horas
- Chefes marcantes figuram entre os melhores já feitos
- Conteúdo opcional e exploração continuam majestosos
- Diversas novidades de armas, talismãs e outros itens
- Apresentação audiovisual fora de série
Contras
- Problemas técnicos de desempenho ainda assolam o jogo
- Certas decisões de design desaceleram demais o ritmo
Comentários
Boa análise, bem coerente. Fiquei com mais vontade de jogar esse desafio!