World of Warcraft Classic Hardcore foca em jornada inesquecível
Para a Blizzard, World of Warcraft Classic Hardcore é carta de amor à comunidade; veja nossa entrevista
pós o que parece ter sido um longo tempo de espera por uma versão oficial desse modo de jogo, a Blizzard finalmente inaugura nesta quinta-feira (24) os servidores de World of Warcraft Classic Hardcore. Na modalidade, seu personagem no MMORPG icônico só tem uma vida e precisa começar do zero caso tombe em sua jornada até o nível 60 ou nas desafiadoras atividades de endgame.
É claro que, a convite do estúdio, o Flow Games pôde bater um papo com alguns dos devs envolvidos com esse projeto tão diferente e traz aqui alguns destaques, curiosidades e até mesmo dicas sobre o Hardcore de WoW aqui para você. Então, vem com a gente!
Entrevista: World of Warcraft Classic Hardcore
Mesmo em meio a um período bastante atribulado no mercado de games – com eventos, lançamentos e novos capítulos da saga Microsoft e Activision Blizzard –, pudemos dar aquela desacelerada há alguns dias e ter uma conversa muito agradável com algumas das mentes por trás de World of Warcraft Classic Hardcore.
Na entrevista realizada pela internet, tanto Ana Resendez, engenheira-chefe de software, quanto Clayton Stone, diretor de produção associado, deixaram claro ao Flow Games como o novo modo de jogo é não só uma carta de amor à comunidade de WoW, mas também uma chance inigualável para que os jogadores criem novas memórias épicas.
Construindo e desconstruindo
Para começar, a dev falou um pouco sobre a jornada da divisão Classic de World of Warcraft – que simula as origens do game – até aqui. “Em 2019, quando o Classic foi lançado, a ideia do time era te levar de volta para aquele exato momento, aquela exata experiência que você tinha na estreia do game, lá em 2004. As únicas diferenças eram técnicas, para abrigar mais jogadores, mas sem mudanças de gameplay”, recorda Resendez.
Ela conta que, a partir daí, o time notou o interesse crescente do público pelo modo e decidiu progredir mais uma vez na história do MMO, relançando versões das expansões The Burning Crusade e, mais recentemente, Wrath of the Lich King. Nesse meio tempo, também foi dada a possibilidade para que jogadores se mantivessem em reinos que ficariam eternamente no Classic original, chamados de Classic Era.
“Claro que continuamos prestando atenção no que a comunidade gostava a respeito de WoW Classic e o que nos empolgava como desenvolvedores, o que acabou dando origem à Season of Mastery”, explica a dev, citando uma espécie de sistema de servidores de temporada do game. “Foi aí que percebemos que alguns jogadores queriam um desafio extra, a ideia de ter apenas uma vida”, acrescenta.
A Blizzard chegou a dar um suporte leve a essa ideia por meio de um buff estritamente estético chamado Soul of Iron, que “recompensava” jogadores que completassem alguns dos grandes desafios do jogo – como chefões de raid – sem morrer uma única vez. A ideia foi bem recebida pelo público, mas não foi o suficiente.
Logo, a comunidade se voltou a addons e regras próprias para simular um modo Hardcore de verdade, similar ao visto em outros títulos da casa, como o próprio Diablo 4. Alguns membros da equipe da Blizzard testaram a brincadeira, curtiram muito a experiência e não demorou para que houvesse uma decisão interna para tornar isso oficial.
“É algo que a comunidade realmente queria e nós amamos o caminho do nível 1 ao 60 por Azeroth, sem nenhuma expansão. Essa combinação é algo que realmente aprimora essa jornada dos jogadores pela vida de seu personagem. E é basicamente assim como chegamos até a estreia oficial de World of Warcraft Classic Hardcore”, reflete com bastante empolgação Resendez.
As regras do jogo
“Nos sentimos muito felizes em poder criar algo que atrai um público tão amplo e diverso de usuários, que querem algo diferente de sua sessão de jogo. Quando decidimos seguir com a criação dos reinos Hardcore, queríamos que eles fossem algo perene, duradouro, da mesma forma que os servidores Classic Era”, conta Stone ao Flow Games.
“Isso nos dá uma perspectiva muito interessante no sentido de vermos como a própria comunidade engaja com o modo e se precisamos fazer alguma mudança no caminho. Mas a ideia principal é que seja uma modalidade na qual o jogador possa parar e retornar, caso queiram, sem ter que lidar com novas fases ou ficar para trás em relação ao progresso de seus amigos ou de outros players”, comenta.
Decidir as regras para World of Warcraft Classic Hardcore não foi exatamente fácil para a equipe da Blizzard, uma vez que não só há muitas possibilidades abertas para levar a modalidade adiante, como a própria comunidade já tinha suas diretrizes e expectativas sobre como deveria ser o Hardcore oficial.
“Uma boa parte da discussão interna iniciou com ‘onde está o limite para o que vamos fazer?’. Então partimos de uma premissa simples: morrer significa o final da jornada do seu personagem. Com base nisso, o debate cresceu e pensamos no que mais poderíamos oferecer e o que teríamos que mudar”, explica o diretor.
Partimos de uma premissa simples: morrer significa o final da jornada do seu personagem.
Essa mentalidade se desdobrou em uma série de decisões e alterações para garantir que tudo fosse desafiador, mas justo. Isso inclui mudanças em classes com habilidade de imunidade e ressurreição – Paladinos, Bruxos e Xamãs, por exemplo –, ajustes em missões que exigiam que o herói morresse e até uma revisão do PvP no mundo aberto (que agora só fica ativo se você escolher ativamente habilitar isso in-game).
“Tem sido bem bacana ver como a equipe lida com esses desafios não só de uma perspectiva técnica e de desenvolvimento, mas também na forma de abordagens criativas e divertidas para chegar a soluções para problemas específicos nessa jornada até o nível 60”, brinca Stone.
Duelo até a morte
Entre as grandes adições ao World of Warcraft Classic Hardcore, está o Mak’gora: duelos até a morte. Sim, o sistema de duelos existe desde os primórdios de WoW, mas tem como uma de suas bases o fato de a peleja ser finalizada sem fatalidades, deixando o perdedor com apenas 1 ponto de vida (e a honra manchada).
Como no Hardcore você só tem uma vida, tudo é muito mais brutal. Afinal, ao desafiar outro jogador, a ideia é que você coloque em xeque todo o seu progresso, tempo dedicado ao personagem e itens conquistados ao longo do caminho. A recompensa da vitória? Algumas orelhas, o senso de autorrealização e o respeito de seus pares – e só.
Ou seja, é algo feito para intensificar o senso de imersão nesse mundo e abrir uma nova porta para que a comunidade possa se engajar ao seu modo com a novidade. “Quando liberamos o Mak’gora nos reinos de teste, vimos coisas incríveis. Houve um evento massivo de 500 vs 500 heróis nível 1 duelando até a morte, por exemplo, algo insano”, relembra Stone.
Houve um evento massivo de 500 vs 500 heróis nível 1 duelando até a morte, por exemplo, algo insano.
“A comunidade também realizou um torneio de nível 30 (o limite do PTR) no qual os jogadores, após dedicarem horas e mais horas refinando seus personagens, embarcavam numa sequência de duelos em chaves até que só houvesse um ganhador. Isto é, fora um único player, todo o resto nunca mais vai poder jogar com o personagem em que ele investiu tanto tempo e esforço”, analisa o produtor.
“Isso faz com que experiências como essa se tornem tão mais significativas e cria uma dinâmica completamente nova para o jogo. Eu sei que, pessoalmente, não achei que ficaria tão impactado com isso, mas agora tenho certeza de que nunca vou me esquecer de ter visto essa competição. E isso é só o começo”, adiciona.
“Também há uma nova bandeira e um som inédito para o Mak’gora, então imagino que vai ser algo que vai chamar atenção de espectadores no meio do leveling. Já ouvi pessoas dizendo que vão querer coletar uma orelha [vencer um duelo] a cada nível ou se tornar a pessoa com mais vitórias em duelos no servidor”, complementa Resendez, mostrando como desafios autoimpostos podem apimentar ainda mais a coisa.
WoW abraçando uma tendência
“Fomos surpreendidos pelo número de novos jogadores chegando ao jogo especificamente por conta do Hardcore. Houve um movimento ao longo dos últimos anos na cena de games como um todo pela busca por experiências desafiadoras como essa. É algo bastante popular em títulos como Diablo, por exemplo, que foi uma inspiração para nosso sistema de tokens de orelhas para vencedores de duelos”, comenta Stone.
Mesmo sem mencionar as produções da FromSoftware, o diretor também mostra a similaridade de World of Warcraft Classic Hardcore com jogatina como as da série Dark Souls ou, mais recentemente, Elden Ring. “O mais interessante de tudo sobre a experiência do Hardcore, porém, é que apesar de parecer algo muito assustador, é muito amigável a novos jogadores”, acrescenta.
“Tem muito a ver com o fato de como você progride mais lentamente pela campanha e de forma mais cautelosa. Os players ficam mais atentos aos arredores, prestam mais atenção em Azeroth em sua jornada do 1 ao 60 e até mesmo aprendem mais sobre sua classe e suas habilidades – além de quando e como utilizá-las”, comenta o executivo.
Ele também afirma que isso reforça muito o aspecto social de WoW, principalmente nas zonas iniciais do jogo. “Elas agora estão muito mais populosas, não só por abrigar novos membros da comunidade, mas também por conta do pessoal que teve seu personagem morto e está criando um novo do zero”, se diverte o diretor.
Resendez também dá seu pitaco sobre isso: “Sim, você só tem uma vida, mas pode ter múltiplos personagens, o que é uma ótima oportunidade para jogar sozinho ou com amigos ou testar outras classes ou tentar um novo desafio. A dificuldade é maior, mas você aprende mais sobre o game e nada te impede de começar de novo”.
Dicas dos desenvolvedores
Para finalizar o papo, pedimos que cada um dos entrevistados deixasse algumas dicas para quem quer jogar World of Warcraft Classic Hardcore, mas se sente intimidado com esse tipo de desafio. Confira as sugestões de ouro deles:
- Clayton Stone
“A morte faz parte da brincadeira, então, mesmo que pareça assustador quando se perde um personagem, você ganha uma boa lembrança de como você o perdeu – é muito mais significativo. Entenda: é algo que faz parte da experiência e que você vai carregar contigo para sempre.”
“Quando em dúvida, não tenha medo de upar mais antes de encarar um desafio. Cavernas e minas são lugares perigosos para personagens de nível baixo. Mesmo que você esteja rodeado de outros players, tome cuidado na hora de realizar missões que exigem matar um mob um pouco acima do seu nível é muito fácil chamar atenção de outros monstros nas proximidades e ser sufocado por eles.”
- Ana Resendez
“Não tenha medo de experimentar – e morrer – com alguns personagens! Os primeiros níveis são muito rápidos de se conquistar e te ajudam a descobrir a classe que você quer jogar. Morreu nos primeiros 5 níveis? Não curtiu muito o herói? Nada demais! Faça outro e não se preocupe.”
“Tome cuidado com o recurso de autorun. Falo isso por experiência própria: algumas vezes você vai parar em lugares que não queria, como em um penhasco ou na lava. Se você for um novo jogador e estiver em seus primeiros níveis, uma dica legal é utilizar as estradas para transitar entre uma vila/cidade e outra. Quando saímos desse caminho, costumamos encontrar mais desafios. Uma linha reta nem sempre é a escolha mais segura.”
Se interessa pelo desafio em World of Warcraft?
Segundo a Blizzard, o novo modo também já estreia todas as fases de conteúdo originais de WoW Classic liberadas do início, desde o Núcleo Derretido até Naxxramas. Não há planos para que expansões como TBC e WotLK sejam implementadas no futuro.
E aí, você pretende se aventurar nessa jornada? World of Warcraft Classic Hardcore está disponível a partir desta quinta-feira, dia 24 de agosto de 2023, para qualquer jogador com uma assinatura de WoW ativa – ou tempo de jogo creditado na conta.
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