Gran Turismo no mundo dos speedruns: vale a pena?
Analisamos Gran Turismo e o cenário dos jogos de corrida no mundo do speedrun: como se relacionam?
om a crescente e tangível popularização dos speedruns no Brasil, através de eventos como a BRAT, retransmissões de eventos da GDQ e ESA realizadas respectivamente pela SpeedrunBrasil e SpeedGamingPortugues, muitos jogos ganham destaque como campeões de audiência, resultando em novos jogadores se unindo à comunidade. Exemplos notáveis incluem Super Mario World, Celeste, Dark Souls e até mesmo o enfadonho Mineirinho's Adventure.
No entanto, uma questão continua a intrigar a comunidade de speedruns, principalmente no Brasil, e está relacionada a uma percepção que parece óbvia no contexto: os speedruns de jogos de corrida são interessantes? Como Gran Turismo, que acabou de ganhar filme, se encaixa nisso? Muitos corredores e entusiastas desse campo consideram esse gênero de speedrun, de certo modo, redundante, já que o próprio objetivo do jogo parece se alinhar com a prática de realizar speedruns em videogames. O argumento é simples e direto: Por que alguém se dedicaria a aprender speedruns de um game cujo propósito fundamental é chegar em primeiro lugar?
Gran Turismo e o cenário do jogos de corrida nas Speedruns
À primeira vista, a prática de speedruns em jogos de corrida pode parecer redundante, mas ao explorar mais profundamente essa parte da comunidade e estudar os jogos com maior detalhe, percebemos que há uma complexidade fascinante na aprendizagem e que conduz a uma competição acirrada pelos melhores tempos.
Jogos clássicos como Super Mario Kart ou Need For Speed, bem como os mais recentes favoritos, a exemplo de Forza Horizon, apresentam variações significativas em termos de jogabilidade. Alguns jogos focam no estilo arcade, com corridas rápidas e emocionantes; outros destacam a intensidade, diversão e descomprometimento, especialmente em jogos de kart; há os que se concentram em destruição e tiroteios, como em Vigilante 8 e Twisted Metal. Há também jogos que buscam replicar, de maneira mais realista, a sensação de pilotar um carro de verdade.
Uma franquia que exemplifica essa diversidade e que até mesmo se expandiu para a indústria cinematográfica é Gran Turismo. Lançado em 1997 após o esforço hercúleo de seu criador, Kazunori Yamauchi, em criar um simulador de corrida completo, o jogo vendeu mais de 10 milhões de cópias logo em sua estreia no PlayStation. A franquia se tornou indissociável do console da Sony e impressionou desde então com a abundância de carros, pistas e gráficos de alta qualidade para a época.
Apesar das oscilações ao longo do tempo, a série Gran Turismo sempre se destacou quando se trata de jogos de corrida. Um marco notável foi alcançado em 2013 com o lançamento de Gran Turismo 6, o primeiro jogo eletrônico a ser certificado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) por sua fidelidade na representação de pistas e automóveis. Esse reconhecimento transcendeu os limites dos jogos e encontrou eco na competição GT Academy, uma colaboração entre a Sony e a Nissan que identifica talentos automobilísticos emergentes. Vários vencedores do torneio passaram a competir em eventos como o Blancpain GT Series, entre outros campeonatos renomados.
Diante desse contexto, decidimos conversar com Chiteiro1, experiente speedrunner de jogos de corrida, para entender mais sobre sua paixão pela franquia Gran Turismo e como ele enxerga os speedruns nessa categoria. A conversa revelou insights fascinantes sobre a evolução da franquia, a comunidade de speedruns e as peculiaridades do gênero de corrida.
Chiteiro1 compartilhou seu interesse pela franquia Gran Turismo, que se inicia na sua infância, destacando o desafio representado pelas licenças e eventos no jogo, algo que o diferenciava dos títulos de corrida arcade mais simples. Ele destacou como cada geração da franquia trouxe melhorias significativas na mecânica e nos gráficos, culminando na realidade impressionante alcançada no jogo mais recente, Gran Turismo 7.
Quando questionado sobre a evolução da franquia, Chiteiro1 observou que cada início de geração costuma ser mais limitado. Porém, ao longo do tempo, a série se aprimora consideravelmente em termos de mecânica, gráficos e realismo. Ele também mencionou desafios específicos em certos jogos, como licenças difíceis de conquistar e a necessidade de carros competitivos para completar 100% do jogo.
Ao abordar a questão das speedruns em games de corrida, Chiteiro1 expressou que a franquia é popular, mas também um tanto nichada. Ele destacou que a jogatina em si demanda tempo de prática devido à diversidade de físicas entre os carros e também mencionou que a comunidade de speedruns nesse gênero é restrita, mas aberta a novos desafiantes.
“A franquia em si já é bem popular, porém meio nichada, então há um pessoal que gosta e outros nem tanto, e como normalmente é um jogo demorado, acaba não sendo tão popular assim”, disse o runner ao Flow Games.
Sobre a aprendizagem desses jogos, Chiteiro1 enfatizou a importância de compreender as mecânicas, desafios e nuances de cada jogo antes de começar as speedruns. Ele também destacou que a franquia oferece uma progressão de complexidade, tornando Gran Turismo 2 um ponto de entrada recomendado para novos jogadores.
Chiteiro1 concluiu a conversa respondendo à pergunta central: speedruns de jogos de corrida são interessantes? Ele afirmou que depende do gosto pessoal, mas recomendou a prática para quem busca um desafio adicional em seu título favorito do gênero. O especialista ressaltou que o tempo necessário para dominar esses jogos pode afastar alguns corredores em potencial, mas enfatizou que a diversão e a competição existentes nessas speedruns são aspectos cativantes.
“De vez em quando, há um pequeno borbulho de um pessoal se juntando e fazendo uns campeonatos, por exemplo, de Top Gear. O mais recente e divertido, do qual também participei, foi o de CTR [Crash Team Racing], mas não foi o jogo em si, do modo história, foram os time trials. Tinha ban e pick de pistas que o pessoal fazia. Normalmente o que pode afastar uma pessoa de jogar esses jogos pode ser o tempo imposto para ficar legal. CTR, a série GT, NFS (Need For Speed), todos eles demandam um bom tempo de prática, pois as físicas são bem distintas e também, às vezes, há uma representatividade mais nítida e firme na comunidade”, comentou o runner.
Como podemos perceber, é bastante claro que o gosto pessoal desempenha um papel crucial quando se trata de se envolver com speedruns de jogos de corrida. No entanto, isso não significa que não haja elementos de estudo e diversão ao entrar nesse universo. Quando a comunidade decide se concentrar em um game em comum e aproveitá-lo de forma colaborativa, como mencionado por Chiteiro1, isso tende a criar um ambiente acolhedor, competitivo e incrivelmente divertido, especialmente porque estamos falando de jogos de corrida.
Em outras palavras, a mesma ideia que pode ser usada para argumentar contra a prática de speedruns em jogos de corrida vale para elogiá-los como “speedgames”. Observa-se que a falta de representação e a consequente falta de atração de novos corredores ocorrem devido à ausência de uma comunidade participativa e vibrante que apoie e motive os novatos nesse gênero.
Vale a pena mencionar que existe uma comunidade brasileira chamada Racing Runners BR que realiza eventos e exibições ocasionais muitas vezes transmitidas pela SpeedGamingPortuguese. No entanto, infelizmente, essa comunidade ainda é uma parcela pequena no contexto geral, o que a torna um nicho dentro de um nicho. Isso, por sua vez, limita a capacidade de atrair mais pessoas aos speedgames de corrida.
O objetivo desta matéria é, na medida do possível, esclarecer e despertar o interesse nesse ramo específico de speedruns. Se você se sentiu intrigado por essa prática como um todo, pode explorar nosso guia para aprender mais. E, é claro, não deixe de comentar aqui embaixo!
Comentários