Diablo 4
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Preview: ousado, Diablo 4 quer ser a encarnação definitiva da série

O Flow Games pôde experimentar Diablo 4 e se deparou com um jogo robusto e repleto de acertos

07.12.2022 às 15:00

Imagem: Blizzard

Um dos grandes focos da Blizzard após a chegada de Overwatch 2 e de World of Warcraft: Dragonflight, o game segue em produção acelerada e recebe, trimestralmente, atualizações de seu time de desenvolvimento.

Apesar de esses updates trazerem um material riquíssimo para que o público tenha um gostinho de como Diablo 4 está tomando forma, também dá aquela pontadinha de inveja de não poder experimentar, na prática, cada um dos cenários, sistemas, recursos e heróis desse novo episódio da franquia. Acredite, nós também sentimos isso. Ou melhor: sentíamos.

Graças a um convite do estúdio, o Flow Games pôde experimentar uma build limitada do game e explorar uma boa parte de seus capítulos iniciais, sua história e o que o título significa para a franquia Diablo como um todo. Como não podemos levar você até o game, trazemos aqui uma prévia generosa na nossa passagem por Santuário. E aí, pronto para encarar as trevas mais uma vez?

O que o Flow Games jogou?

A ideia da Blizzard com essa nova etapa de testes do jogo – que já recebeu um teste Alfa interno para amigos e familiares, além de Beta fechado focado no end game – foi permitir que jornalistas e criadores de conteúdo pudessem mergulhar nos momentos iniciais de Diablo 4.

Por conta disso, a build de preview disponibilizada por cerca de uma semana se limitou ao Prólogo e à primeira das 5 zonas programadas para a versão completa do jogo, restringiu a escolha de classes para apenas 3 – Rogue (Renegado), Sorcerer (Mago) e Barbarian (Bárbaro) – e colocou um teto máximo de nível em 25.

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Imagem: Blizzard

Felizmente, esses não foram fatores limitantes para a diversão ou mesmo para o entendimento do cerne da jogabilidade de Diablo 4. Como não houve nenhuma limitação de tempo para essa bateria de testes dentro do período proposto, dedicamos cerca de 30 horas de jogatina para esmiuçar o máximo possível desta demonstração.

O resultado disso? Embora a gente não possa colocar a mão no fogo pelo que o game vai trazer em questão de conteúdo de final de jogo, vimos uma experiência inicial para lá de agradável e bastante promissora, que pode agradar tanto aos fãs “raíz” da IP quanto quem quer entrar pela primeira vez na festa movida a demônios, sangue e loot – muito loot.

Importante

Esta prévia de Diablo 4, apesar de abordar alguns pontos gerais de história, não traz spoilers ou grandes revelações do roteiro. Adicionalmente, apesar de termos recebido um documento com alguns dos termos do jogo em português, toda a build jogada estava em inglês, portanto vamos usar o idioma original do game neste preview – além de alguns anglicismos e termos conhecidos do gênero.

Vale notar também que diversos sistemas e recursos prometidos para a versão final do game não estavam presentes na build que testamos: as montarias, o Passe de Batalha e a loja de microtransações. Parece pouco, mas alguns desses fatores podem mudar drasticamente como você se sente em relação a um jogo – vide Diablo Immortal.

  • Ou seja: não considere o textão a seguir como uma aval ou uma análise de Diablo 4, mas sim nossas impressões em cima de um recorte muito específico do produto.

Bem-vindo a Diablo 4

Dá para dizer com bastante segurança que o novo Diablo é uma ótima introdução à franquia. Apesar de as estrelas da jogatina serem Lilith e Inarius – a Filha do Ódio e o anjo caído –, o game faz questão de mencionar os 3 Males Primordiais, os Horadrim, a luta entre anjos e demônios e outros elementos clássicos da série para os não iniciados.

Não se preocupe, isso não é chato para quem já manja da coisa, uma vez que tudo é salpicado com muito cuidado ao longo de todo o Prólogo e durante trechos do primeiro ato da história. A sensação para novatos é de descoberta. Para os veteranos, reencontro.

Esse timing preciso também se estende ao tom do jogo: Diablo 4 toma seu tempo para te fazer entrar no clima do jogo – e isso acontece desde o momento zero. Ao abrir o jogo pela primeira vez, você se depara com o mesmo vídeo que serviu para anunciar o game durante a BlizzCon 2019, mostrando como mercenários incautos acabam invocando Lilith de volta a Santuário.

É desse ponto que a história começa e com o mesmo clima. Isto é, sombrio, soturno e sufocante, com uma pitada extra de violência visceral. Cada cinematic, cutscene in-game e pequena interação scriptada com NPCs deixa claro que nada é o que parece. Nada mesmo.

Isso se conecta a outro ponto que a Blizzard vem reforçando a cada novo conteúdo compartilhado a respeito do jogo, o de que o próximo Diablo é um título com alto peso narrativo e de história. Mesmo que tenhamos jogado um trecho bem pequeno de Diablo 4 em comparação do que se espera que seja o produto final, esse foco na trama fica cristalino.

Embora o lore de Diablo seja muito rico, extenso e tenha se emaranhado por outras mídias, esta parece ser a primeira vez em que o estúdio decide criar uma história mais robusta para a IP dentro do próprio jogo. Não deixa de ser irônico que isso tenha acontecido no episódio que adota o mundo aberto como premissa, mas é fato que a Blizzard não está mentindo e apresenta o melhor roteiro da série até então.

Vim pelo loot, fiquei pela história

A trama geral, em si, é simples: você é um viajante/aventureiro que passa por maus bocados, é resgatado por uma figura misteriosa e, então, se vê envolvido em uma situação que coloca sua vida na mesma trajetória da recém-invocada Lilith. A partir daí, uma série de eventos fazem com que você tenha que explorar o mundo, reunir aliados e refrear o mal antes que seja tarde demais.

Apesar disso, o cuidado com o texto faz com que você se sinta compelido a acompanhar os diálogos, até mesmo das sidequest, pelo menos em sua primeira passagem pela campanha. Todas as pessoas encontradas pelo caminho são uma peça fundamental para te fazer comprar o mundo de Diablo 4, com mercadores, habitantes de vilarejos, companheiros, antagonistas e outros personagens de destaque se apresentando como figuras com mais de uma dimensão.

Sem entrar em detalhes, acompanhar a história de Neyrelle e Vigo, por exemplo, é algo que começa quase como uma bobagem, mas que se paga tanto emocionalmente quanto em questão de progresso de jogo no final das contas.

A mesma coisa vale para quando você resolve fugir da história principal e acompanha uma NPC em sessões de exorcismo pela cidade. Mesmo se tratando de uma sequência de missões secundárias, esse conteúdo te faz entender o momento desesperador vivido pelos habitantes de Santuário e o preço que alguns poucos benfeitores pagam por tentar ajudar os outros – além de descobrir novas localidades em um mapa que parecia estar finalizado.

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Imagem: Blizzard

Também há o fato de que Lilith é muito mais que o chefão que você vai enfrentar no final do jogo, já que ela está envolvida com a jornada desde o início – aprimorando o que a própria Blizzard fez com Arthas ao longo da campanha de World of Warcraft: Wrath of the Lich King. Enquanto na cinematic a vilã parece uma divindade infernal fria e inatingível, no game ela é muito mais pé no chão e tem uma motivação que você pode não aprovar, mas entende.

“Uma das coisas mais legais a respeito de Lilith é que ela tem uma ligação direta com o mundo de Santuário, ela ajudou a criá-lo. Na visão dela, ela está voltando para casa, não é uma invasora. É como se ela estivesse chegando para consertar as coisas – embora o jeito dela de arrumar tudo não seja o que os outros possam considerar como certo”, explica o lead game designer Zaven Haroutunian ao Flow Games.

É como se ela estivesse chegando para consertar as coisas

Aos poucos, essa trama que foge do preto no branco se desenrola num mundo que mesmo após inúmeras falhas com a eterna guerra entre anjos e demônios, ainda se agarra a elementos como guerra santa, heresia e uso do sangue em nome de entidades “superiores”. A inspiração clara desse universo cruel e cínico parece ser Warhammer, mas Haroutunian diz que a influência mais próxima é dos livros originais de Conan, de Robert E. Howard, que unem espada e magia, mas com a sensação constante de que algo está errado com o mundo.

No final das contas, essa ambientação densa e o discurso de Lilith também acabam se ligando a outros conceitos, como a filosofia de Aleister Crowley (“Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei”) e da Igreja de Satã, que nega a acepção tradicional do demônio cristão para abraçar o individualismo, o orgulho e a oposição ao status quo. Resta saber se isso se mantém até o final da campanha ou se estamos lidando com o equivalente gamer da banda Ghost.

Obviamente, você não precisa saber nada disso para se divertir um bocado com Diablo 4.

Criação de personagens

Ok, já falamos sobre clima, trama e inspirações. Agora, vamos ao que interessa: nossa experiência direta com Diablo 4 e o que ele traz à mesa para iniciantes e veteranos dos ARPG.

A primeira impressão assim que você clica no botão de criar um personagem é a melhor possível, com todas as classes reunidas em volta de uma fogueira e, conforme você passa o cursor por cada um deles, tem um resumo geral dela e de suas principais habilidades.

Com a escolha de classe feita, temos algo que, até então, só tinha sido visto em Diablo Immortal dentro da franquia: a customização de personagens. Apesar de não ser um sistema tão robusto quanto o de um Nioh 2, digamos, é algo realmente bacana para um Diablo.

É possível escolher entre alguns arquétipos femininos e masculinos básicos e, então, partir para mexer em cortes de cabelo, barbas e outros detalhes do herói. O destaque, ao nosso ver, ficou para a seção de brincos, piercings e tatuagens, que trazem um tempero extra ao processo. Você pode selecionar o material usado nas marcas corporais, de tinta preta a sangue fresco (sim!), e o visual delas é menos de tatuagem de chiclete e mais daquele estilo tribal rústico encontrado nos deuses nórdicos de God of War.

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Se preferir, também é possível utilizar um atalho para gerar uma aparência aleatória para o protagonista até ficar contente com o resultado. Fun fact: foi desse modo que acabamos com uma segunda Barbarian que parece saída diretamente de “Mad Max: Fury Road“. Witness me!

Acredite, você vai querer ter uma heroína ou um herói só seu, já que o personagem aparece em uma das splash screens mais bonitas dos games na tela de seleção de char e dá as caras completamente customizado em cutscenes. Além disso, a Blizzard fez um trabalho impecável com as armaduras de Diablo 4, com muitas delas deixando a pele ou outras partes de seu avatar expostas – o que valoriza ainda mais suas escolhas durante a criação dele.

Quer mais motivos para cuidar do jeitão do seu char? Então saiba que o recurso de transmog está disponível desde os momentos iniciais do jogo. Ao acessar o Wardrobe você pode escolher a aparência de cada um de seus equipamentos com base em itens já obtidos e desmantelados. É possível tingir cada um deles para criar um uniforme vistoso e salvar sets diferentes para mudar rapidamente o design de seu herói.

Com as decisões estéticas feitas, é só escolher se o personagem está ou não no modo Hardcore (morreu, já era) e selecionar a dificuldade da partida: World Tier 1 ou 2. O primeiro é indicado para marinheiros de primeira viagem, permitindo que você se aclimate ao gameplay e ao mundo de Diablo sem preocupações, enquanto o segundo não segura sua mão, mas para compensar o desafio, traz drops melhores e incrementa os ganhos de XP e ouro.

Não ficou feliz com sua escolha? Sem problemas, basta avançar até Kyovashad, o hub da zona de Fractured Peaks, e modificar a dificuldade em uma estátua no centro da cidade.

Design familiar, mas com avanços

De forma geral, quem já se embrenhou alguma vez em Diablo 3 vai se sentir em casa dentro de seu sucessor.

Visão geral

O layout básico da jogatina de Diablo 4, por exemplo, é praticamente idêntico a do episódio anterior, com minimapa no canto superior direito, um espaço inferior dedicado ao chat (agora na direita) e o combo de bolinhas de vida e recurso + atalhos de habilidades centralizados na parte de baixo da tela.

Falando nisso, seguimos com o esquema de 6 slots principais para as skills do seu herói, divididos em: 2 principais para o uso da habilidade “builder” (aquela que dá dano e gera recurso ao mesmo tempo) e “spender” (a que gasta a Fury, Mana ou Energy) da sua classe; e 4 para serem populadas com outros ataques, habilidades defensivas e buffs. O sistema parece flexível o suficiente para quem joga com mouse e teclado, e na medida certa para quem usa controle – seja no PC ou nos consoles.

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Como testamos o preview de Diablo 4 no computador, pudemos brincar com essas duas formas de jogatina e ambas são muito fluidas e intuitivas. Clicar para mover e atacar ou usar o analógico e os botões frontais do Xbox Controller para reproduzir essas ações pareceram ser igualmente divertidos e eficientes na hora de batalhar ou explorar o mundo.

Segundo Angela Del Priore, também lead game designer, mas com foco em interface e experiência, isso se dá porque o time soube desde o início que o novo Diablo sairia para todas as plataformas já anunciadas.

“Isso nos permitiu criar uma série de oportunidades não só para acessibilidade, mas também para melhorias na jogabilidade. Como já sabíamos o que teria que ser feito desde muito cedo no projeto, pudemos desenvolver o gameplay das duas plataformas [PC e console] do começo, em vez de partir de uma versão e ter que encaixar ou modificar partes para fazer tudo funcionar”, conta a dev ao Flow Games.

Oportunidades não só para acessibilidade, mas também para melhorias na jogabilidade

Um exemplo dessa unificação entre sistemas é a presença de uma função semelhante a da rolagem de Diablo 3, introduzida em sua versão para consoles. No livro “Sangue, Suor e Pixels“, do jornalista Jason Schreier, fica claro que o recurso enfrentou uma grande resistência da equipe do jogo, mas acabou se tornando um sucesso quando caiu nas mãos dos jogadores.

Agora, em Diablo 4, a funcionalidade ganha o nome de Evade e é parte intrínseca da jogatina, ajudando a escapar de situações difíceis e se mesclando a outros componentes do game. Por exemplo: essa esquiva rápida tem um cooldown base de 5 segundos, mas, com os equipamentos certos, esse valor pode ser reduzido, a função pode ganhar cargas extras ou seu personagem recebe um escudo ou mais velocidade de movimento após ativá-la.

Del Priore também cita a questão da cross-progression como algo que só foi possível com esse entendimento de que Diablo 4 seria um jogo multiplataforma. Além de seu progresso estar salvo caso você esteja jogando no seu PlayStation 5 ou Xbox Series X/S e resolva ir para o PC, a experiência entre as plataformas se mantém parecida com o uso mais universal do controle – isto é, ninguém precisa reaprender a jogar ao mudar de hardware.

Menus e funções básicas

Mecanicamente, também não nos distanciamos muito do que estava funcionando em Diablo 3. Na janela dedicada ao personagem, temos 4 atributos principais – Strength, Intelligence, Willpower e Dexterity –, além de uma porção de stats secundários que podem ser vistos num painel expandido, trazendo desde sua porcentagem de crit e quantidade de defesa contra determinados elementos ao dano contra outros jogadores e velocidade base de movimento.

Os equipamentos são divididos em 8 espaços para armadura – cabeça, torso, mãos, pernas, pés, pescoço e 2 slots para anéis – e uma quantidade variável para armas, dependendo da sua classe. Enquanto o Barbarian coleciona 4 armas, o Rogue pode equipar adagas e arcos/bestas, e o Sorcerer controla cajados de duas mãos ou um combo de main-hand e off-hand.

Um submenu ainda traz um perfil resumido do seu personagem, incluindo equipamentos, dados de gold coletado, dungeons feitas, jogadores derrotados e bosses mortos, além de seu clã. A janela de Profile também exibe o emblema e o título de seu personagem, com prefixos e sufixos que podem ser desbloqueados ao longo da campanha e permitem combinações bem criativas. Se você acha que já viu isso em Lost Ark, é porque viu mesmo – e não vai ser a última vez que o nome do MMO publicado pela Amazon Games vai ser visto nesta prévia.

A mesma janela ainda traz a bag do seu herói. Ao todo, são 33 vagas para receber seus preciosos loots e essa quantidade não parece ser expansível no futuro. A boa notícia é que, diferentemente de outras versões de Diablo, cada equipamento ou gema ocupa um único slot – independente de seu tamanho – e que há abas específicas para guardar consumíveis, itens de quests e poderes extraídos de lendários.

Para os acumuladores de plantão, ainda há um baú compartilhado entre todos os personagem para o depósito de praticamente qualquer tipo de item dropado. Por padrão, o Stash do game tem 50 espaços, mas esse volume pode ser dobrado se você decidir comprar uma segunda aba por 100 mil moedas de ouro.

Outro recurso que será seu grande aliado ao longo da aventura e que foi levemente modernizado em Diablo 4 é o atalho de poções. Você começa com 5 usos do item de recuperação de vida e esta quantidade pode ser aumentada durante a jogatina.

É possível recuperar as cargas com drops dos bichos ou falando com um NPC curandeiro presente nas cidades e nos vilarejos do jogo. Aqui, a inspiração parece ser menos de Diablo 3 e mais de Diablo Immortal, já que, em lutas contra chefões e elites, por exemplo, há um incentivo extra para ser agressivo, uma vez que esses oponentes mais fortes deixam cair algumas poções conforme perdem porcentagens fixas de seu HP.

Sistemas e novidades

Entre os sistemas legados da franquia que estão presentes, de um jeito ou de outro, nesta prévia de Diablo 4 estão os NPCs de aprimoramento e crafting. Eles estão presentes na maioria das cidades – embora só o hub principal concentre todos eles num único local – e são peças essenciais para o progresso do seu personagem.

O bom e velho Blacksmith, além de consertar equipamentos quebrados e desmantelar loots indesejados, também pode aprimorar suas armas e armaduras. A função usa ouro e recursos encontrados no mundo, como minérios e couro, para elevar o nível de seus itens e melhorar diretamente atributos e efeitos.

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A Occultist, por sua vez, consegue rerollar stats nos equipamentos e habilitar a criação de itens lendários. Afinal, ela consegue extrair os poderes da gear desse tipo gerando um Aspect que pode ser transposto para itens mágicos de outras qualidades – como o Kanai Cube, de Diablo 3. No lugar de Aspects, também é possível utilizar o novo sistema de Codex of Power para craftar esses acessórios.

O Codex of Power é uma espécie de catálogo de efeitos complementares que podem ser obtidos ao realizar algumas atividades do jogo ou completar dungeons pela primeira vez. Alguns desses poderes são restritos a algumas classes ou categorias de equipamento, enquanto outros são de uso geral.

Ah, e não se preocupe, ainda é possível obter lendários de outras formas. Primeiro, abatendo monstros, abrindo baús ou quebrando caixas e outros objetos espalhados pelo mapa – o que pode render até mesmo os raríssimos itens Unique. E, segundo, em outro NPC, o Curiosity Vendor.

Esse coleguinha tem um funcionamento idêntico ao de Kadala, em Diablo 3, oferecendo itens aleatórios em troca de recursos. A diferença é que, em vez de fazer suas apostas com Blood Shards, em Diablo 4 você vai usar os Murmuring Obols – uma moeda obtida em eventos especiais espalhados por dungeons e mapas ou ao derrotar inimigos elite.

Outros aliados importantes incluem a Alchemist, que não só melhora a efetividade de suas poções a cada 10 níveis, mas também pode criar elixires para dar aquela turbinada temporária no seu char; e a NPC dedicada a cortar gemas e adicioná-las ou removê-las de seus itens.

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O Renown System é mais uma novidade que chega com Diablo 4. Esse sistema atribui pontos de renome para cada atividade que você realiza em determinada região, desde descobri-la até completar missões (principais ou secundárias), dungeons e eventos nela. Isso garante recompensas que vão de XP e ouro a pontos extras de habilidades e Paragon Points.

Como muitos dos efeitos do Renown System são compartilhados com todos os personagens da sua conta, isso faz com que o progresso do seu main dê uma baita mão na hora de mudar de classe ou começar um alt, já que esses heróis começam sua jornada bem mais poderosos do que o normal. Se você guardar alguns itens para eles no Stash, então, a coisa fica ainda mais fácil.

Por fim, nesta seção de sistemas e novidades de Diablo 4, não podíamos deixar de mencionar que agora existe um atalho para ações rápidas – com o menu de ping de tantos jogos online modernos. Esse atalho tem 3 abas completamente customizáveis, que podem abrigar emotes, interações sociais (party) ou uso de consumíveis. Não ignore esse recurso uma vez que ele é usado em algumas missões secundárias e até mesmo para dar aquele afago no doguinho.

Me fala do gameplay, Flow Games

Pelo tanto que experimentamos dessa build de preview de Diablo 4, a jogabilidade do novo game da Blizzard está crocantíssima. Tudo responde muito rápido, sem delays, as animações de personagens e interações entre eles e o ambiente são primorosas e o feeling geral é de que não há nada entre você e o próximo monstro explodindo em loots.

É sério, não estamos exagerando: nosso editor ficou com o dedo indicador da mão direita “assado” de tanto apertar o botão de ataque do mouse durante nossas cerca de 30 horas de testes com o jogo. A dor, no entanto, não impediu que ele continuasse clicando e clicando e clicando em cada criatura, barril e porta espalhado pelo game.

Um exemplo que pode parecer bobo a respeito da fluidez e imersão da jogabilidade de Diablo 4, mas que faz toda a diferença para sua experiência, é o peso que as armas, magias e habilidades do título carregam.

Começando a jogatina um Barbarian, percebemos logo de cara o quão diferente cada uma das armas do herói era sentida. Enquanto em Diablo 3 a impressão era de que você batia com um cabo de vassoura nos inimigos – independente do tipo de armamento usado –, aqui é tudo bem diferente.

Empunhar duas espadas ao mesmo tempo, um machado de duas mãos ou uma marreta enorme é completamente diferente, tanto em ataques normais quanto no uso de skills. O único outro ARPG que teve sucesso nesse sentido foi Wolcen: Lords of Mayhem, que ainda elevou o sistema ao mesclar peso e elementos de armas de uma forma deliciosa – uma pena que o restante do jogo da francesa Wolcen Studios ficou a dever.

Habilidades

Muito desse sentimento de fluidez e personalidade de Diablo 4 também se deve à sua árvore de habilidades. O sistema aparentemente passou por diversas iterações e está longe de estar finalizado, mas dá um gostinho muito interessante do core dessa mecânica.

De forma geral, a skill tree do novo Diablo funciona como a de World of Warcraft, em que é preciso investir alguns ponto em determinado tier de habilidades antes de progredir para o próximo – algo que pode ser feito tanto com skills passivas, ativas ou complementares.

A disposição e as descrições de cada habilidade deixam claro quais serão os seus ataques “arroz com feijão” e quais vale a pena gastar recursos como Fury, Mana e Energy, com quase todas elas sendo devidamente categorizadas. Há algumas nomenclaturas específicas para cada classe – como armas de Barbarian, imbuements de Rogue e elementos de Sorcerer – e outras mais gerais, como Basic e Core (que são definidoras do estilo de jogo da sua classe), Defensive e Ultimate – que eram os antigos cooldowns longos de Diablo 3.

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Imagem: Blizzard

Graças a essa padronização, fica fácil saber como determinadas skills interagem com diferentes estados do seu personagem (em Berserk ou canalizando um feitiço) ou do inimigo (sofrendo mais dano se estiver congelado, atordoado ou sangrando, por exemplo).

Tudo isso se liga a uma das maiores novidades de Diablo 4 e dos jogos de ARPG: uma função de busca por palavras-chave, que não só possibilita encontrar sinergia entre habilidades como se torna um fato primordial para a construção de builds.

Os pontos de skill são obtidos a cada nível ou com ajuda do Renown System e podem ser distribuídos da forma como você quiser – dentro da já mencionada limitação de tiers –, mas exigem um pagamento em ouro para serem recuperados caso você queira realocá-los.

Esse custo é irrisório de início, mas vai crescendo de forma exponencial, se tornando um dos gold sinks de Diablo 4. Segundo os devs da Blizzard o conceito é estimular a experimentação em níveis mais baixos e reduzir os respecs conforme você progride. Na nossa experiência com o jogo, no entanto, cada novo lendário ou Unique dropado fazia com que a vontade de testar uma nova build crescesse.

Nesse sentido, fez falta um recurso para salvar combinações de habilidades de forma semelhante ao que acontece com o visual dos equipamentos no Wardrobe. Uma pena.

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Imagem: Blizzard

Apesar de as possibilidades de combos entre skills serem gigantescas e muito bem-vindas, vimos pouco benefício em mesclar habilidades muito diferentes em uma mesma build, já que você perde muito da sinergia e do fortalecimento delas com isso – pelo menos nesta versão de testes de Diablo 4.

Felizmente, Haroutunian nos contou que isso deve mudar ao progredir no game, já que novos poderes vindos de armas e armaduras podem estimular essas builds mistas. Um exemplo dado por ele é que um lendário específico faz com que congelar inimigos pegando fogo faça com que eles explodam automaticamente. Bacana, não?

Mundo aberto

Embora não seja um MMO per se, Diablo 4 traz uma exploração bastante fluida. Desde o começo, as missões te levam a locais cada vez mais afastados, fazendo com que você acabe passando por novas regiões e se interesse por eventos no meio do caminho, sejam dungeons, calabouços assombrados ou eventos locais. É a fórmula Elden Ring para te manter explorando seu mundo de forma orgânica.

Se Fractured Peaks for um indicativo do restante do jogo, cada zona é dividida em pequenas regiões e, de cara, parece que há poucas cidades e ainda menos waypoints para que seja possível utilizar o fast travel do jogo. Mas só parece, fique em paz.

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Imagem: Blizzard

Isso porque esse aspecto pode ser amortizado tanto com o uso da montaria (que não estava habilitada na nossa build) como com a liberação de Strongholds – fortalezas e vilarejos controlados pelas forças do mal.

Esses eventos massivos são encontrados em trechos mais avançados da campanha e são, com toda certeza, uma das atividades secundárias mais divertidas de Diablo 4. Neles, você participa de várias etapas conectadas até que você enfrente um boss e restabeleça a paz no local, criando muitas vezes um novo ponto de descanso e dando acesso a novas instâncias. O mais bacana é que cada Stronghold é bem diferente um do outro, o que é mais um estímulo para te fazer ir ao local o quanto antes.

Outras atividades que te mantém circulando por aí incluem dungeons salpicadas de forma generosa pelo mapa – são mais de 120 no game final e 23 na build testada pelo Flow Games –, eventos periódicos bastante variados e monstros elite escondidos em trechos obscuros do cenário.

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Imagem: Blizzard

Outra novidade do mundo de Santuário no novo Diablo são os Altars of Lilith: monumentos espalhados pelo mapa que agem não só como colecionáveis para o menu de Conquistas (chamadas aqui de Challenges), mas que também conferem bônus permanentes ao seu personagem, de aumento de vida até adição de pontos a seus atributos.

E lembra quando falamos que você ia ouvir falar mais de Lost Ark ao longo deste preview? Pois é, o título criado pela Smilegate parece a inspiração básica para a câmera de Diablo 4. Enquanto nos Diablos anteriores a regra era uma visão isométrica fixa e sem brincadeirinhas, o novo game solta a câmera do tripé e deixa que ele vague um pouco pela cena em alguns momentos-chave, ajudando a dar profundidade, peso e significado ao mundo em determinadas cenas.

Ainda é algo tímido comparado a Lost Ark, que é absurdamente criativo com suas tomadas – incluindo uma chuva de demônios e uma invasão insana a um castelo –, mas é um primeiro passo bem interessante para a franquia.

Outro elemento que vemos no MMO coreano e que aparece aqui para ajudar você a se relacionar melhor com o mundo do jogo são as pequenas interações com o cenário, permitindo que você vá além do clique para andar. Em determinados pontos do mapa é possível apertar um botão de ação para rastejar, pular, escalar, escorregar e realizar outros movimentos que permitem tomar atalhos ou chegar a pontos antes inacessíveis.

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Imagem: Blizzard

Classes

A mesma seriedade e foco que Diablo 4 dedica à sua história também pode ser encontrada na forma como o jogo se dedica a criar uma fantasia única para cada classe. Conforme contamos na seção de habilidades, todas elas podem ser jogadas de inúmeras maneiras, mas mantendo uma unidade que não foge de um conceito básico do que se espera delas.

Um complemento adicional específico para cada classe desbloqueado em níveis maiores ajuda a reforçar essa identidade.

Rogue

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Imagem: Blizzard

O Rogue, por exemplo, pode ser um assassino furtivo com adagas, uma máquina de matar corpo a corpo ou um atirador de elite de longo alcance – tudo com o apoio de armadilhas, bombas, venenos e outros artifícios. A classe começa com um nível de poder mediano, mas ganha um potencial de limpeza de tela com a chegada de novos poderes, como imbuements (aplicação de efeitos adicionais a armas) e traps.

  • Tudo isso é elevado à enésima potência quando você destrava as Specializations. Escolhendo a especialização Combo Points, seu personagem vira um Ladino de World of Warcraft, juntando pontos de combo com sua habilidade principal para aumentar o efeito das secundárias ao gastá-los. Já com Inner Sight, o jogo marca inimigos que, ao serem mortos, enchem um medidor que ao ser totalizado torna sua Energy ilimitada por um curto tempo.

Sorcerer

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Imagem: Blizzard

Sendo um DPS puro e extremamente destrutivo desde o nível 1, o Sorcerer te faz sentir como se estivesse jogando no easy mode por um bom tempo. Sua fantasia é ser um verdadeiro senhor dos elementos, e isso é verdade tanto para builds focadas em Frost, Fire ou Lightning. Enquanto a primeira tem mais opções defensivas e de controle, a segunda tem excelência em bursts e AOEs e a última cria combos incertos com a eletricidade – que podem atingir até mesmo o seu personagem.

  • Seu desbloqueio complementar é o Enchantment, que oferece slots para aprimoramento de magias com efeitos secundários. Vale testar cada skill para ver qual mais beneficia desse aperfeiçoamento e fazer mudanças na sua árvore de habilidades se necessário.

Barbarian

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Imagem: Blizzard

Por fim, o Barbarian é mostrado como um mestre das armas, carregando dois armamentos rápidos de uma mão, uma lâmina cortante de duas mãos e um arma gigante de impacto para amassar o que vier pela frente. É possível focar no uso de um kit específico ou mesclar o uso de todas as armas, em builds defensivas, de altíssimo dano solo, controle em área ou sangramento. Tenha paciência: você começa sofrendo um pouco mais do que as outras classes, mas se torna um guerreiro imparável em questão de tempo.

  • A especialização a ser desbloqueada pelos Barbs é a Expertise: quanto mais você usa um tipo de arma, mais se torna proficiente com ela. Infelizmente, não conseguimos ver o sistema de Technique em ação, já que a quest para liberá-lo estava além dos limites da demo.

Tecnicalidades

Embora ambos os devs entrevistados pelo Flow Games afirmem que o polimento do jogo é um processo contínuo que vai até o último momento antes do lançamento, essa prévia de Diablo 4 parece bastante robusta tecnicamente. Há alguns bugs no PC, claro, mas que parecem completamente remediáveis e compatíveis com o estágio atual do game – colegas que testaram a build no console relataram ainda mais estabilidade e polimento.

Graficamente, o título também é muito bonito. Modelos bastante detalhados quando se aproxima deles, texturas de alta qualidade, animações fluidas, cenários criativos, ambientação imersiva e efeitos belíssimos. Mesmo reduzindo a qualidade visual, o novo Diablo se mantém bastante atrativo, ao passo que colocar tudo no máximo cria uma experiência incrível.

Embora isso não seja um indicativo do que podemos ter na versão final do jogo, o desempenho do game até aqui também é louvável. Em um PC já um pouco defasado (Ryzen 3600X + RTX 2060 Super), conseguimos rodar ele em 4K sem muitos problemas, inicialmente com tudo em High e depois ajustando alguns elementos para Medium. A tecnologia de DLSS ajuda muito a manter a jogatina praticamente cravada em 60 fps.

Resumo da ópera

De forma geral, a impressão que temos é de que Diablo 4 é um clássico modernizado, com o potencial de se tornar a encarnação definitiva da série. Ele avança o bastante para não parecer algo antigo que foi apenas recauchutado – como Diablo 2 Resurrected, que até atraiu novos players, mas foi feito sob medida para aprimorar a experiência dos saudosistas –, porém não deixa para trás o que faz de Diablo ser Diablo.

Você ainda tem o loop de hordas de demônios, loots pipocando pra todos os lados, elites malvadões, dungeons progressivamente mais difíceis e um nível de poder crescente. Mas também tem a novidade da exploração, do interesse real pela história e de classes com uma característica bem definida, mas que te dão liberdade para jogar do jeito que você quer.

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Imagem: Blizzard

Mesmo depois de bisbilhotar cada canto do jogo, repetir as missões inúmeras vezes em diversos chars, de entupir nosso querido Barbarian de lendários e de descolar 3 itens únicos absurdos – com destaque para uma armadura que faz os inimigos literalmente se matarem ao atacar você –, a sensação que ficou é: queremos mais disso.

E essa, meu amigo, é a melhor sensação que um jogo pode te deixar. Que venha Diablo 4.

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Brav Design
Brav Design
1 ano atrás

Parabéns pela pequena Review bem completa do que foi jogado nesse curto período de jogo, parece que teremos Realmente um Diablo Digno de ser fantástico.

Isac
Isac
1 ano atrás

Pelo o que entendo, vocês gastaram 30hrs para prólogo e apenas 1 das 5 zonas?
Uau… então o jogo será gigantesco.