Review: Esquadrão Suicida fica longe do padrão Rocksteady
Jogo do Esquadrão Suicida até reserva sua diversão, mas nada à altura do estúdio que o criou
omo criadores da saga Arkham, uma das mais importantes das duas últimas gerações de consoles, os responsáveis pela adaptação de Batman nos videogames subiram tanto essa barra que nem mesmo eles talvez tenham calculado, com assertividade, o alto padrão definido.
Quando anunciado, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça (ou Suicide Squad: Kill the Justice League) gerou aquele sentimento de estranheza, uma imensa interrogação estampada em nossas testas. Não foi uma reação necessariamente ruim: apenas neutra. “É isso mesmo que as pessoas querem da Rocksteady?”, indagaram os fãs.
Independente disso, o time trouxe esse desejo de botar um esquadrão de vilões no controle do jogador, carregando aquele semblante único que a DC tem, sempre em tom mais ácido ou sombrio do que outros universos. Mas o jogo do Esquadrão Suicida é uma salada de ideias inesperadas desse talentoso estúdio: um pouco de serviço, um pouco de campanha, um pouco de história, bastante coop e um gameplay sem o requinte técnico dos trabalhos anteriores. O resultado? Vejamos.
Jogo do Esquadrão Suicida e sua difícil identidade
A identidade da proposta é um pouco confusa, uma vez que até oferece, sim, sua módica campanha, que reúne Arlequina, Bumerangue, Tubarão-Rei e Pistoleiro “escalados” para enfrentar Brainiac, um dos maiores vilões do Universo DC.
As aparições de Batman, Flash, Mulher-Maravilha e Superman reservam bons momentos em ótimas cinemáticas – que, aliás, talvez sejam responsáveis pelo maior mérito do jogo.
No entanto, o formato de serviço carrega o inevitável rótulo de repetitividade, de ciclos sem fim, de objetivos reciclados que se resumem a, em última instância, matar inimigos. Personagens como um Pinguim bem-intencionado, um Lex Luthor filantropo e uma Hera Venenosa inocente trazem apenas um ensaio de boa história mascarada pelo aspecto reciclado que o gameplay tem.
Essa mistura de ideias, que em nada refletem o selo de qualidade da Rocksteady na saga Arkham, torna mais difícil a identidade de Esquadrão Suicida, que não é só campanha, não é só serviço e não é só coop – é um pouco de tudo e muito de nada.
Ciclo de missões e gráficos bonitos
Como todo produto caro, nem só de críticas vive o jogo do Esquadrão Suicida. O visual tem seu charme, sua assinatura de paleta acinzentada, que costuma permear as obras da DC, com uma estética geral bem fiel a esse universo tão farto de vilões. Os fãs certamente vão gostar das escolhas artísticas feitas aqui e da interação entre os personagens, que têm ricas expressões faciais.
Não há originalidade suficiente para sustentar uma variedade interessante de objetivos
Mas o ciclo de missões, conforme mencionado anteriormente, até se camufla de diferentes objetivos, como proteger um veículo em andamento, salvar civis ou destruir campos de força. Para que qualquer progresso aconteça, invariavelmente você enfrentará ondas homéricas de inimigos. Tudo se resume a isso e tão somente isso, sozinho ou ao lado de amigos.
Não há originalidade suficiente para sustentar uma variedade interessante de objetivos; é a escola Fortnite, que funciona no formato dele, dentro dos critérios da Rocksteady, que aqui foram (quase) esquecidos.
Veredito
Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça poderia ser pior, mas também muito melhor. A Rocksteady tem todo o direito de realizar projetos diferentes, com os quais ela se identifique e sinta vontade, mas é difícil não olhar no retrovisor, constatar a obra-prima que é a saga Arkham e colocá-la no balaio da comparação com o atual projeto.
O longo prazo até pode fazer bem à experiência, sim, a depender dos fomentos que o estúdio der para o formato que decidiu usar, atualizando o game com novos conteúdos, mas os pilares fundamentais já estão sacramentados e são imutáveis. E sim, tal como a cartilha desse formato manda, há um endgame recheado de novas missões.
O tempo dirá como o jogo do Esquadrão Suicida performa comercialmente, mas fica a torcida para que a Rocksteady, lá no futuro, retome o que sabe fazer de melhor: campanhas inesquecíveis e robustos sistemas de combate.
Analisado no PS5. Uma cópia de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça foi gentilmente cedida pela Warner Brasil para a realização desta análise.
Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça
Publisher: Warner
Desenvolvedora: Rocksteady
Plataformas: PS5, Xbox Series X|S e PC
Lançamento: 02/02/2024
Tempo de review: 20 horas
É difícil deixar de olhar para a obra-prima que é a saga Arkham e ver que Esquadrão Suicida, embora reserve sua diversão, não tem aquela alma da Rocksteady
Prós
- Animações e gráficos bonitos
- Funciona sozinho ou em galera com alguma diversão
- Interação entre os personagens e piadocas
Contras
- Ciclo de missões absolutamente repetitivo
- Identidade confusa entre campanha e formato de serviço
- Objetivos se resumem a matar ondas de inimigos
- História esquecível
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