Final Fantasy 16
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Review: Final Fantasy 16 traz a mais épica balada da franquia

Confiem, amigos... confiem em Yoshi-P! Vem ver o nosso review completo de Final Fantasy 16

21.06.2023 às 11:07

Imagem: Square Enix

Depois de 45 horas de campanha muito bem-gastas, uma coisa ficou clara para mim: o décimo sexto game da saga ousa bastante em territórios tão inéditos que talvez choquem os fãs antigos, mas tragam boas-vindas interessantes para novatos e curiosos.

final fantasy 16

Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Com uma trama mais madura que as de seus antecessores, um combate refinado que surpreende a cada novo capítulo e uma transformação dos próprios moldes, Final Fantasy 16 consegue, talvez, uma das jornadas mais cativantes entre todos os jogos da IP.

Naoki Yoshida, diretor do game, se tornou um nome de alto calibre da indústria após não só salvar o desastroso lançamento de Final Fantasy 14, como também torná-lo um dos melhores MMORPGs da atualidade (se não o melhor).

Agora, com as rédeas de Final Fantasy 16, Yoship-P (como é conhecido carionhosamente pelos fãs) se provou digno de carregar o estandarte da série consigo em um belíssimo game single-player que ficará para sempre marcado na história da franquia – seja por seus acertos ou seu destemor em alterar alguns alicerces queridos por fãs.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Final Fantasy encontrou Game of Thrones no meio do caminho

Para quem se aventurou nas jornadas de Final Fantasy 14, fica claro que Yoshi-P não tem receio de abordar temas mais pesados nas narrativas que acontecem por lá. Entretanto, a barra foi elevada em muito desta vez.

Qualquer um que tenha acompanhado o desenvolvimento do jogo sabe, provavelmente, que a equipe da Creative Business Unit 3 teve como uma das maiores fontes de inspiração os livros Game of Thrones para construir o emaranhado mundo político de Valisthea, incorporando bastante dos elementos sombrios, fantasiosos e de conluios da obra de George R. R. Martin.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

E, do começo até bem adiante na campanha, esse tom é muito aparente. Pode esperar por alguns elementos que você provavelmente nunca viu na série japonesa, como nudez parcial, cenas de bastante violência e uma linguagem muito mais visceral e recheada de palavrões.

Pode esperar cenas chocantes, com muita violência e temas bem pesados, algo que poucas vezes vimos na série da forma que aparecem aqui

Sem sombra de dúvidas, a trama é o pilar central de Final Fantasy 16 e a equipe fez de tudo para que essa engenhada história se tornasse o mais digestível possível para todos, com um menu de consulta de personagens e eventos a qualquer momento, recapitulação de eventos no HUB do jogo e, como não podia faltar, legendas em PT-BR para ajudar os fãs brasileiros.

Dito isso, vamos dar uma palhinha sobre a narrativa do título? Relaxa, aqui a proposta é 100% sem spoilers!

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Em Final Fantasy 16, controlamos Clive, filho de uma das sete grandes famílias do continente de Valisthea, os Rosfield, que têm como herança o Eikon da Fênix. Entretanto, a dádiva do summon não se manifestou nele, mas sim em seu irmão mais novo e frágil, Joshua, que ele jurou proteger.

Além disso, vemos um continente recheado de preconceito e repúdio contra os Portadores, usuários que conseguem usar magia sem cristais e que são escravizados como ferramentas de trabalho – algo que o game consegue retratar com bastante impacto. E, entre tudo isso, existem também os Dominantes, pessoas capazes de invocar summons e mudar o cenário político recheado de conflitos.

Se você já jogou a demonstração, deve ter percebido que traições e eventos inesperados marcam a jornada do nosso protagonista desde o começo da aventura, nos dando vibes de John Snow e a família Stark. Eu já falei que Clive tem um lobo gigante que veio do Norte? Pois é.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Como há muitos personagens incrivelmente bem-escritos e nos apegamos bastante a eles, há uma eterna tensão e medo de ver algo de ruim acontecer – e vale lembrar que a obra que serviu de inspiração é bastante famosa por criar destinos cruéis para seus habitantes. E, como em um bom um livro, sempre queremos virar a página para ver o que vai acontecer na próxima.

Apesar de ter muitas semelhanças com Game of Thrones, fique tranquilo: esse é apenas um elemento da história, não toda ela – mas certamente foi uma das adições mais acertadas à fórmula. Se você é alguém que ama Final Fantasy por seu enredo, saiba que esse é um dos melhores de toda a franquia.

Se não for a melhor história, é a mais bem contada

Em nenhum momento tive qualquer pista do que aconteceria no fim da campanha. Na verdade, vou além: a cada virada de capítulo, mais e mais acontecimentos inesperados são jogados em nossas caras, mas sempre muito bem-explicados, coerentes e brilhantemente costurados em uma trama de dar inveja a qualquer RPG moderno.

Isso é curioso pois, até mesmo quando algo não fazia sentido e eu pensava “nossa, mas vai ser essa a explicação?”, o personagem reagia da mesma forma, questionando o porquê e notando como aquilo que ele ouviu é incongruente – e boas respostas sempre saem daí, é claro. No final das contas, é realmente uma maneira bem inteligente de explicar o mundo e as motivações dos personagens, com pouquíssimos ou nenhum buraco no roteiro.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Assim como nos livros de George R. R. Martin, diversas vezes Final Fantasy 16 retrata eventos fora do escopo do conhecimento de Clive, criando intrigas e causando dúvidas na cabeça do jogador para, depois, amarrar em linhas narrativas extremamente interessantes.

Parte desse trunfo reside na construção incrível de cada personagem da história, dos mais importantes aos mais secundários: todos têm suas histórias de origem e momentos para brilhar.

Todos os personagens têm alguns dos diálogos mais bem-escritos de toda a série, acrescentando a uma narrativa coerente e muito bem-amarrada

Só para dar uma noção das coisas, eu cheguei a pensar que alguns deles seriam apenas NPCs quaisquer e fui surpreendido por eles não só serem muito relevantes para a história, mas também me emocionarem com suas conexões e seus sentimentos.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Se você gosta de narrativas cheias de tons de cinza, em que nada nunca é simples e que nos fazem questionar se as decisões e motivações que estamos percebendo realmente estão corretas, Final Fantasy 16 oferece um banquete farto.

O que acontece quando Final Fantasy e Devil May Cry têm um filho?

Se você está lendo esse review, certamente já deve ter visto algum gameplay de Final Fantasy 16 por aí e reparou o quão frenético e focado em ação ele é. E não é para menos, já que o diretor de combate do game é ninguém menos que Ryota Suzuki, que trabalhou em diversas jogatina porradeiras, incluindo Devil May Cry 5.

O veterano da Capcom chegou inclusive a comentar recentemente que esta é a sua “obra-prima pessoal”. Apesar de ser algo subjetivo e da visão do criador, eu particularmente discordo. Digamos que é bom maneirar as expectativas ao colocar suas mãos no jogo. Tive uma primeira impressão um pouco negativa das lutas, mas continue lendo para entender melhor.

Em boa parte do comecinho da campanha, antes de Clive ter mais habilidades à sua disposição, o sistema de combate é, no máximo, mediano. Sabe aqueles vídeos vistosos a que assistimos até agora? Bom, eles ainda representam o conflito vigoroso que vemos por um tempo, mas logo é perceptível que se trata de um sistema bastante unilateral e raso – ao menos de início.

Clive tem apenas um combo de quatro botões. Sim, você não entendeu errado: o ataque básico é desferido quatro vezes e… fim. Você pode combinar com explosões de magias entre cada ataque, mas não se anime em fazer combinações iguais às de Devil May Cry, com comandos espaçados, alavancas que impulsionam os inimigos para cima ou qualquer coisa do tipo.

O combate de Final Fantasy 16 pode parecer simples e sem sal no começo, mas, ao longo do tempo, evolui para um sistema ótimo e cheio de nuances

Mas não se assuste, nosso protagonista tem sim cartas na manga, como uma habilidade especial para cada Eikon que “coleta” (vamos evitar detalhar para não dar spoilers), a possibilidade de avançar distâncias com um golpe perfurante e um combo aéreo.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

O ciclo dos embates consiste em bater, usar skills e destruir a barra de ímpeto dos adversários maiores para multiplicar o seu dano. Cabe a você decidir se prefere usar as habilidades para reduzir a barra mais rapidamente ou guardá-las para causar mais prejuízo à barra de HP – quando você entender melhor, conseguirá fazer os dois com as rotações de skills.

Pode parecer um arroz com feijão bastante sem sal e, realmente, é isso mesmo. Entretanto, segurem as tochas e pedras nas mãos antes de tirar conclusões: o sistema de luta de Final Fantasay 16 tem outra essência que já vou explicar.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Porém, mesmo que ele funcione de outra maneira, confesso que fiquei um pouco desapontado em um primeiro momento ao ver apenas comandos básicos de um jogo de ação, sem a profundidade e complexidade como o da franquia Devil May Cry, na qual grande parte do time de desenvolvimento teve proximidade. Mas o sentimento negativo sumiu depois de um tempo.

No fim das contas, seria uma ótima adição ter combos mais robustos e combinações de ataques bastante diferentes entre cada input de comando, mas é preciso reforçar: a abordagem aqui foi outra, é uma questão de expectativa e compreensão.

Eikons: summons são o coração do combate e da trama

Conforme progredimos na campanha, não só Clive amadurece, mas como ganha habilidades especiais dos Eikons, nomes dados aos summons desta edição. Eles têm um papel de extrema importância na história e no gameplay, se tornando o cerne de toda a experiência do começo ao fim.

Bom, o sistema de luta em um primeiro momento é superficial? Sim, mas porque ele não é o foco, os Eikons são. A partir do momento que o protagonista tem habilidades de outras criaturas, o cenário começa a mudar bastante, garantindo mais diversidade nas lutas com a presença de skills especiais e Limit Break.

De uma forma bastante interessante, a rotação de combos e habilidades giram ao redor do cooldown das skills dos seus summons, quase como, de uma maneira diferente, esperar a barra ATB dos Final Fantasy mais antigos carregar.

Portanto, o sistema de luta roda entorno da “ciclagem” de habilidades, quase como um MMO, pegando bastante do DNA de Final Fantasy 14, game que Yoshi-P também dirige atualmente. O que inicialmente é morno, acaba se tornando um dos melhores sistemas da franquia dos últimos muitos jogos.

Pense em Final Fantasy 16 como um MMO em que você rotaciona habilidades entre os ataques básicos: estranho no começo, excepcional no fim

No final das contas, é bastante interessante como você pode montar diversas builds para potencializar o seu dano em área, o seu dano em alvos individuais ou um misto de ambos. O que começa simples, acaba bastante robusto.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

O mais interessante é que cada Eikon da campanha tem habilidades bem distintas que podem ser adquiridas e aprimoradas com pontos de habilidade. E, para deixar tudo com um sabor ainda mais delicioso, há uma decisão bem atrativa.

Cada summon tem quatro habilidades (sendo uma delas um ultimate com tempo de recarga maior), mas durante a luta há apenas duas de acordo com a seleção do jogador. Porém, há uma skill extra, atrelada ao botão Círculo, que não tem cooldown.

A Fênix dá um dash com ataque, Garuda puxa os inimigos similar ao braço de Nero de DMC, Ramuh cria uma mira para disparar cargas de trovão e por aí vai (vou evitar comentar mais para não dar spoilers).

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

A sacada é que cada uma dessas habilidades dos Eikons oferece uma vantagem única. Garuda, por exemplo é a única que consegue atordoar um adversário quando a barra de ímpeto chega até à metade; já Titã é o único com bloqueio e parry.

Cada Eikon tem uma função única, como parry, atordoamento, bloqueio e muito mais, necessitando que você pense bem em qual vai equipar no seu inventário

Como só três summons podem ficar ativos com Clive (você pode trocar entre eles com L2), você precisa pensar em sua estratégia antes de iniciar um combate, já que escolhê-los envolve entrar no menu do jogo, algo bloqueado durante os confrontos.

A partir do meio da aventura para frente, certamente você vai aproveitar bastante e entender melhor a proposta do game que, apesar de parecer, não quer tanto assim ser um Devil May Cry no final das contas.

Os kaijus invadiram Final Fantasy

Se você sentiu vibes de Godzilla no material de divulgação de Final Fantasy 16, não está sozinho. Os Eikons realmente desempenham um papel muito importante no título e a batalha deles certamente é um dos pontos altos.

Apesar de abusar de QTEs de vez em quando e ter um início um pouco fraco e simples demais (veja só, mais um elemento que melhora exponencialmente com o tempo), certamente essas lutas icônicas entre colossos será o assunto da internet por um tempo.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

A Creative Business Unite 3 realmente se empenhou em dar um peso maior para os embates entre summons, se atentando a detalhes como uma movimentação mais lenta e cadenciada, número de danos na casa dos milhões e a completa destruição de tudo pelo cenário.

As batalhas de Eikons estão entre as melhores coisas que a franquia Final Fantasy já teve até hoje

No começo, a rinha de Eikons pode parecer bastante scriptada e limitada, mas assim como Clive, você vai começar a ganhar habilidades únicas de combate e novos recursos para apimentar a jogatina. Sério, mal posso esperar para ver a reação do público com Odin.

Apesar de não ser um ponto negativo, confesso que gostaria de ter visto mais delas durante a campanha. Não que elas sejam escassas, mas são tão boas que acaba deixando um gostinho de “quero mais”.

Ótimo no geral, mas com dissabor para puritanos

Se você é um fã de longa data da franquia Final Fantasy, talvez tenha um gosto amargo com algumas decisões da equipe aqui. Particularmente, elas me incomodaram um pouco no começo, mas no decorrer da jornada, foram tão esquecíveis que é até difícil taxar todas como um ponto negativo. Mas vamos por partes.

Novamente, seguindo Final Fantasy 15, parece que as magias estão cada vez menos em destaque na série. Se você gosta de planejar bastante suas batalhas, gastando Protect, Shell, Haste etc, não vai encontrar nada disso aqui.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Seus únicos feitiços estão no botão Triângulo e eles são atrelados ao elemento do Eikon equipado do momento. E só. Inclusive, o game nunca deixa claro que existe fraquezas elementais nos inimigos, já que sequer podemos escaneá-los para ver isso – mas provavelmente não têm, ao menos não no modo normal.

Outro ponto é a sua party, se é que dá para chamá-la assim. Diferentemente de outros títulos da série, Final Fantasy 16 é não tem nenhum grupo de aliados. Alguns personagens podem até andar com você, mas são controlados 100% pela inteligência artificial, não possuem medidor de HP e não caem em batalha.

Sistema de equipamentos, magias e de companheiros é quase nulo de tão rasos, mas você se acostuma (e até esquece que são um problema)

Entre todos os personagens, apenas Torgal, o lobo de Clive, pode realizar ataques de acordo com suas instruções, mas há apenas três deles: um golpe comum, um ataque que levanta o inimigo e uma cura bastante singela. E só.

Além disso, os equipamentos também fazem parte de uma decisão estranha de design: praticamente todos têm apenas atributos de força, ataque mágico, defesa e defesa mágica. Resistência à fogo, veneno ou qualquer outro debuff? Esqueça, nada disso sequer existe no jogo.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Por falar nos equipamentos, todos os recursos são apenas para Clive. Então pode tirar o cavalinho da chuva se você achava que ia equipar seu lobo de batalha com armaduras poderosas.

Sem dúvidas é algo que me parei questionando. Como a progressão da campanha sempre nos fornece o dinheiro e recursos para criar as melhores armaduras e espadas, você nunca fica sem a melhor opção. E, se esse é o caso, por que sequer oferecer essa falsa sensação de personalização?

Mais de 90% das espadas têm o mesmo número de ataque físico e mágico, ou seja: você nunca opta por uma delas, apenas escolhe a mais forte, garantindo zero planejamento estratégico para suas batalhas. E, já que não temos party, você também nunca vai gastar recursos para construir equipamentos para seus aliados. Esquisito, não?

Sistemas de RPG são quase inexistentes em Final Fantasy 16. Não há grande variedade de equipamentos, eles não têm funções específicas e você sempre vai optar pelo que oferece mais ataque ou armadura

Felizmente, nem tudo está perdido. Ao menos alguns anéis e colares dão vantagens específicas, como redução de tempo de recarga de certas habilidades, maior ganho de XP etc.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Em contrapartida, sua espada sempre será a última adquirida porque sim, ela é apenas mais forte, algo que achei bastante ruim, ao contrário de Final Fantasy 7 Remake, por exemplo, em que cada armamento oferece vantagens diferentes para situações distintas.

Ritmo perfeito: evoluímos junto com o personagem

Apesar de ser algo subjetivo, um ponto que cada vez mais acho importante citar na qualidade de jogos, principalmente os mais longos, é o ritmo da aventura. Ela é sempre cativante? Tem barrigadas no meio? Em algum momento fica desinteressante? Felizmente, em Final Fantasy 16 tenho apenas elogios.

Toda a jornada de Final Fantasy 16 é um eterno crescendo na belíssima melodia. Após um começo explosivo, cada vez mais diversos personagens incrivelmente interessantes se unem na missão de Clive por Valisthea, cada vez mais elementos de combates são adicionados, cada vez mais batalhas épicas, cada vez mais chefões extremamente memoráveis. Mais, mais, mais!

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Durante as primeiras 10 horas da campanha, há um momento que genuinamente acreditei ser uma das sequências mais vistosas e impactante que já joguei em um game. E veja só: nas próximas 10 horas, outras duas sequências a superaram. Depois, outras duas. No fim, mais três. Acho que deu pra entender, né?

É realmente muito difícil ver por aí títulos que não deixam cair a peteca ao longo do gameplay, mas Final Fantasy 16 acerta impecavelmente em tudo, do gameplay às inúmeras narrativas cativantes da aventura. Se prepara: não dá para jogar só um pouquinho, porque você será sugado em um vórtex de entretenimento.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Ao longo do terceiro ato, creio ter visto não só algumas das melhores cutscenes da série, famosa por cenas lendárias, mas também de qualquer videogame – sério mesmo, alguns summons, como Odin, são embasbacantes.

Conteúdo secundário aos montes

Mas claro, não só de salvar o mundo vive o jogador! Onde estão as sidequests? Saiba que elas existem e são bastante numerosas por aqui. Se você jogou Final Fantasy 7 Remake, vai saber um pouco do que esperar.

Final Fantasy 16 oferece algumas atividades secundárias que podem ser bastante simples, nos colocando no papel de um caçador ou office boy para entregar mensagens. Pode parecer algo negativo e fraco, mas eu confesso que gostei bastante.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Além de oferecer uma chance de explorar os grandes mapas de Valisthea, fazer sidequests nos recompensa com XP, pontos de habilidade e recursos de doações para o acampamento, garantindo alguns itens exclusivos. Mas, acima de tudo, essas missões dão um gostinho a mais do universo incrível do jogo.

Conforme comentei, a trama é de longe o grande pilar da campanha. Da mesma maneira que a jornada principal, todo o pano de fundo deste universo é bastante rico e descobrimos mais sobre ele com as missões secundárias, que dão mais detalhes de coisas como o comércio, relações entre nações, fauna, flora e histórias de personagens, algo que me agradou um tanto.

Não espere nada no nível de The Witcher 3, mas as sidequests são bem gostosas de aproveitar, oferecendo recursos, XP e, principalmente, mais detalhes do mundo rico de Final Fantasy 16

Porém, o mais importante é que algumas delas oferecem benefícios permanentes para a sua jornada. Portanto, se você quiser andar de chocobo por aí, é bom ficar atento nas missões paralelas.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Por fim, você tem à sua disposição um quadro de caçadas que adiciona bastante desafio e garante recursos extras bem valiosos. A campanha pode ter cerca de 40 horas, mas há muito mais para se divertir – só não espere nada nos moldes de um The Witcher 3.

Um verdadeiro espetáculo audiovisual (mas não espere 60 fps)

Se você, assim como eu, adora usar o Modo Foto e tirar dezenas de screenshots de jogos bonitos, é bom preparar o seu SSD: Final Fantasy 16 é visualmente deslumbrante. Há uma riquíssima variedade de ambientes em toda Valisthea, passando de desertos a florestas densas, sempre com uma ótima apresentação.

Por ser um jogo exclusivo de nova geração, há alguns elementos gráficos bem impressionantes, especialmente nos detalhes de personagens, efeitos de partículas e, claro, nas belíssimas sequências de ação e panoramas das vastas regiões do continente.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Combinando à temática, a equipe realmente se destacou na composição das trilhas de todo o jogo. Vale ouvir cada uma delas, pois há temas épicos, faixas melancólicas e até mesmo algumas trilhas clássicas revisitadas de uma maneira diferente.

Dito isso, uma coisa sempre se mantém: o peso que toda música acrescenta em qualquer cena da história. Imagine uma batalha lendária entre os maiores Eikons acontecendo sem a faixa musical e você vai entender o meu ponto.

Mas nem tudo são flores e vamos às polêmicas. Se você estava preocupado que os problemas de performance da demonstração de Final Fantasy 16 estivessem na versão final do game, infelizmente tenho más notícias.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Você pode optar por dois modos: o Performance, que roda em 1440p (com upscale de 1080p) e 60 fps, ou o Gráfico, que roda em 4K (com upscale de 1440p) e 30 fps. Apesar de o Modo Gráfico ter uma boa consistência em 30 fps, além de sombras e outros efeitos aprimorados, o Modo Performance sofre bastante

Os problemas da demo se mantêm, com quedas de desempenho bem grandes em todo momento durante o Modo Performance, que deveria rodar em 60 quadros

Na real, é raro ver o título rodando estável em 60 quadros por segundo, infelizmente. Qualquer área de exploração rende quedas para a casa dos 40 fps, que acaba se tornando uma constante. É difícil entender o que pode estar causando isso, mas, por acontecer com mais frequência em cidades e áreas maiores, pode estar relacionado com a quantidade de elementos exibidos na tela.

Apesar de Final Fantasy 16 ser belíssimo, é um pouco contrastante a comparação de jogos como Horizon Forbidden West e outros, que parecem ser tão bonitos quanto (se não mais) e não sofrem com performance desta forma.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Felizmente, parece que nos combates as coisas mudam um pouco, já que as batalhas costumam rodar com maior fluidez e as quedas não atrapalham tanto. A equipe já está ciente e diz estar trabalhando em uma correção, mas no momento da publicação deste review não foi possível testar o update.

Os pontos negativos são ofuscados pela qualidade massiva do game

A minha experiência com Final Fantasy 16 foi uma montanha-russa, devo confessar. Após um início de campanha épico que prepara o terreno da trama, jogar algumas horas me fez notar ausências e defeitos que me incomodaram um pouco, especialmente como um fã da série.

Sabe aquela experiência que indica que seria um 10 incontestável? Ela foi sumindo conforme progredi e vi alguns elementos de gameplay um tanto questionáveis. Mas, em contrapartida, a maioria deles logo se ajustou e melhorou exponencialmente, enquanto outros incômodos menores surgiram.

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Fonte: Flow Games/Vinícius Munhoz

Entretanto, o que Final Fantasy 16 se propõe a fazer bem é de qualidade tão acima da média e memorável que, no fim das contas, o que ainda pesou contra acaba sendo eclipsado pelo primor da trama e seu sistema de combate incrivelmente divertido.

No fim do dia, o título entrega o mais importante: uma campanha tão cativante que nos gruda na cadeira e nos faz querer jogar até o fim sem interrupções.

Final Fantasy 16 pode ser divisivo. Apesar de trazer pontos positivos que o destacam bastante na série, ele também deixa de lado elementos importantes que podem aborrecer fãs mais puritanos

Provavelmente, Final Fantasy 16 tem o potencial de dividir opiniões pela internet, mas convenhamos: cada título da franquia trouxe ambientações, sistemas e perspectiva totalmente diferentes que há muito tempo vem criando suas próprias bases de fãs, então não seria nada inédito.

Se você é um dos que preza uma trama de ponta e um combate mais rápido, não há nada o que temer por aqui. Vai na fé!

Final Fantasy 16 foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise, feita no PS5.

Final Fantasy 16
9.5

Final Fantasy 16

Publisher: Square Enix

Desenvolvedora: Square Enix

Plataformas: PS5

Lançamento: 22/06/2023

Tempo de review: 45 horas

Final Fantasy 16 ousa tanto que pode ser um dos melhores de toda a saga e, ao mesmo tempo, desagradar. Mas se você busca um bom combate e história, pode ir sem medo

Prós

  • Uma das melhores histórias da franquia
  • Personagens cativantes e extremamente bem-escritos
  • Combate cresce com o tempo e oferece lutas divertidas
  • Apresentação gráfica belíssima
  • Trilha sonora excepcional
  • Batalhas de Eikons são muito impressionantes

Contras

  • Há muitas quedas de desempenho no Modo Performance
  • Diversos sistemas de gameplay são rasos, como as magias
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Lupa Lupa
Lupa Lupa
10 meses atrás

EXECELENTE REVIEW, estou ansioso pelo game já é o meu goty principal

Reinaldo Alves
Reinaldo Alves
10 meses atrás

Review excelente!! fiquei muito mais hypado e ansioso para jogar o game , aguardando o meu chegar para jogar essa maravilha!

Matheus Fujií
Matheus Fujií
10 meses atrás

Só joguei o XV e gostei, esse me pareceu interessante.