
Review: Ghost of Yotei joga seguro e mantém boa fórmula
Seguindo a receita de sucesso de Tsushima, Ghost of Yotei expande conto do Fantasma
Imagem: Sucker Punch
ançado em 2020 como uma nova aposta do PlayStation, Ghost of Tsushima não enfrentou dificuldades para se juntar à família de grandes franquias do lado azul da força, e a responsabilidade pela continuação desse trabalho recaiu a Ghost of Yotei, anunciado em 2024.
Com requintes de antologia, o jogo não é uma sequência direta, e sim outro conto ambientado 300 anos depois do original, com outro contexto, novos personagens e um enredo inédito sobre vingança, tema clássico no entretenimento.
A missão de um game que se propõe a manter o legado de uma franquia é clara: respeitar os alicerces criados enquanto expande – e aprimora – o conteúdo de origem. Com isso em mente, Ghost of Yotei tenta, numa disputada janela de lançamentos, alcançar seu lugar ao sol. Confira, a seguir, o nosso veredito.
Ghost of Yotei: nada de DLC, e sim outro jogo
Um ponto fundamental, e objeto de ampla discussão nos últimos meses, é sobre o escopo de Ghost of Yotei. Fique tranquilo: trata-se de outro jogo, com outro mapa, outras locações, uma inédita linha de história e personagens diferentes, todos sob o mesmo guarda-chuva antológico da franquia “Ghost of”, isto é, o conto sobre uma lenda num importante contexto histórico do Japão.
Situado em 1603, o enredo do novo título da Sucker Punch se passa no período Edo, na região de Hokkaido, conhecida, na época, como Ezo.
Geograficamente, trata-se de um território montanhoso, marcado por planícies verdejantes e pela rica natureza que, tal qual Tsushima, exerce papel crucial na criação de uma atmosfera convidativa.

Imagem: PlayStation
A história segue, à risca, o roteiro daquilo que você claramente viu nos trailers: apoiando-se sobre o tema de vingança, a narrativa acompanha os passos de Atsu, filha de um ferreiro que vê sua família sendo brutalmente assassinada por um clã conhecido como “Os Seis de Yotei”, grupo que segue códigos de conduta duvidosos e usa o medo como artimanha para assustar oponentes.
Dada como morta, Atsu deixa o tempo fazer sua parte para treinar e se tornar uma samurai que não se curva a essa corrupção e tampouco vende sua alma ao diabo – ela só quer justiça para honrar a memória da família, nada mais. Durante o trajeto, no entanto, as evidências naturais desse caminho sombrio mostram que ele pode não ser a escolha dos sábios.
Tamanho não é documento e não tem loading
Fetiche dos jogadores, o tamanho do mundo é uma das primeiras interrogações a girar em órbita em torno da cabeça dos fãs. Ghost of Yotei tem, seguramente, um mapa conciso, que não quer – e nem precisa – ser exagerado.
A rápida transição das coisas torna tudo mais agradável em Ghost of Yotei e faz cada ícone ser mais “útil”, não exigindo um mapa enorme para mostrar seu potencial

Imagem: PlayStation
Com atividades secundárias distribuídas de forma ainda mais orgânica que Tsushima, a exploração desse novo mundo aberto se torna agradável aos que se deixarem conduzir pelo vento, e os que têm preguiça podem fazer viagem rápida a praticamente qualquer local descoberto.
Tudo é instantâneo e funciona como um “teleporte” em Ghost of Yotei. Abrir o jogo da sua bandeja de ícones do PS5 já te coloca na última tela salva em fração de segundos, sem passar por qualquer menu. Fazer viagem rápida é como um estalo de dedo que transporta Atsu de imediato a outro local, por mais distante que esteja.
Portanto, não se preocupe com qualquer burocracia por aqui. Essa rápida transição das coisas torna tudo mais agradável em Ghost of Yotei e faz cada ícone ser mais “útil”, não exigindo um mapa enorme para mostrar seu potencial – e sim sendo eficiente nessa exibição mais concisa.

Imagem: PlayStation
A dança do combate
Se o combate de Ghost of Tsushima podia ser chamado de “dança”, em função da coreografada combinação de espadas se movimentando junto aos malabarismos corporais, as lutas de Ghost of Yotei oferecem alguns passos extras a esse ritmo.
Com mais armas, Atsu tem uma generosa variedade de lâminas para todos os gostos e tamanhos, desde a clássica katana até a versátil kusarigama, além de alternativas para quem prefere uma abordagem mais sorrateira, ao estilo ninja, ou gosta de impor autoridade na linha de frente com uma Odachi.
No entanto, nesse sentido, não espere a mesma curva retórica do anterior. Atsu é outra Fantasma, bem diferente de Jin Sakai, com outros propósitos e outro estilo. Ghost of Tsushima se aprofundou bastante no arco ninja, mostrando a filosofia dos shinobi com mais força que Ghost of Yotei, que opta por um caminho mais previsível no desenrolar dos fatos ao adotar a clássica trajetória de “vingança do oprimido”, sendo mais conservador em seu enredo e mantendo-se fiel nessa premissa.

Imagem: Sucker Punch
Alguns personagens centrais da trama carecem de detalhes ou carisma, escoando-se à sombra da jornada vingativa de Atsu. É por isso que o combate, mais presente em Ghost of Yotei e menos furtivo que o de Tsushima, brilha com novas armas – incluindo as de fogo –, combos diferenciados e a presença de uma loba para acalorar algumas batalhas, embora a presença do animal também seja pouco explorada.
As atividades secundárias trazem mais qualidade de vida ao mundo. O pássaro amarelo continua sendo seu guia para descobertas ocultas, incluindo bambus a serem cortados, montanhas a serem escaladas, cavernas a serem reviradas e mais.
Raposas, por sua vez, repetem o papel do game anterior ao guiar Atsu por trechos que revelam santuários escondidos. Bases tomadas por ronins mercenários, pessoas de boa fé e maltrapilhos de má índole cruzam o caminho da samurai, que pode decidir o destino delas com a liberdade que Ghost of Yotei oferece ao jogador.

Imagem: Sucker Punch
Aliás, o game é, tecnicamente, impecável. Em meu teste, feito no PS5 Pro, Ghost of Yotei rodou num modo exclusivo do console, o Ray Tracing Pro, em que a taxa de quadros fica estável nos 60 fps e numa versão melhorada do Ray Tracing. Opções focadas em resolução ou performance estão presentes em qualquer PS5, bem como ótimos filtros estéticos, um deles especificamente dedicado ao lendário cineasta Akira Kurosawa, cuja obra serve de inspiração a essa franquia.
Veredito
Tutelado a dar continuidade a uma franquia estabelecida – e não como sequência direta –, Ghost of Yotei segue, à risca, tudo que funcionou em Ghost of Tsushima, o que, para os fãs, é um prato cheio.
Não obstante, é importante considerar que, nesses cinco anos entre um e outro, o mercado de games ficou saturado de opções similares, tornando o esquema formulaico de Ghost of Yotei mais desafiador a ele próprio, especialmente numa janela de lançamentos tão disputada.

Imagem: Sucker Punch
Bem confeccionado em todos os pontos técnicos que precisa respeitar, o título, que contempla suas 20 a 25 horas a quem cumprir apenas as missões principais e mais de 50 ao jogador que deseja limpar o mapa, não se arrisca na receita que criou e disputa seu território com diversos semelhantes, mas essa manutenção de acertos é justamente o seu trunfo.
Analisado no PS5 Pro.
Um código de Ghost of Yotei foi cedido pelo PlayStation Brasil para a realização desta análise.

Ghost of Yotei
Publisher: PlayStation Studios
Desenvolvedora: Sucker Punch
Plataformas: PS5
Lançamento: 02/10/2025
Tempo de review: 35 horas
Embora seja formulaico, Ghost of Yotei é bem confeccionado em todos os pontos técnicos que precisa respeitar enquanto continuação de franquia
Prós
- Gráficos exuberantes
- Fluidez no combate e exploração agradável
- Atividades secundárias bem distribuídas
- Mundo aberto conciso e eficiente
Contras
- História previsível
- Personagens centrais menos desenvolvidos











Comentários
Gosto muito do texto do Micali, é uma delícia ler uma review tão bem escrita. Parabéns Mica.