Review: Granblue Fantasy Relink não é perfeito, mas é MUITO divertido
Nós passamos mais de 50 horas com Granblue Fantasy Relink e você pode conferir o review completo do Flow Games!
nunciado desde 2018, Granblue Fantasy Relink brilhou os olhos de qualquer um que se interesse pela estética de anime: visuais maravilhosos, combate vistoso e muito apelo para quem aprecia um bom JRPG de ação. Pelo menos para mim, este game sempre elencou minhas listas entre os mais aguardados e tudo parecia bastante promissor.
Por ter ficado tanto tempo em produção, talvez seja até difícil descrever o jogo para quem está esperando, com muitos conceitos e ideias construídos e alterados em tantos anos. Mas, em suma, temos aqui uma campanha singleplayer tradicional misturada com missões paralelas que podem ser jogadas com mais três pessoas, mesclando RPG cooperativo e até ideias de Monster Hunter.
Essa mistura do Brasil com o Egito pode parecer estranha, mas sempre houve um enorme potencial em tudo que foi exibido. Porém, será que o longo período de desenvolvimento compensou no final das contas? Honestamente, bastante! É interessante como duas ideias completamente opostas coexistem e criam uma experiência bem diferente por aqui.
Com mais de 50 horas entre campanha e multiplayer, Granblue Fantasy Relink pode não ser o AAA de anime perfeito e mais bem aproveitado que a indústria já viu, mas impulsiona um dos melhores conteúdos multiplayer e secundário quando aliado a um combate de altíssima qualidade.
Confira o nosso review completo!
Narrativa em andamento… dá certo isso?
Se você, assim como eu, nunca consumiu nada de Granblue Fantasy, saiba que não se trata de uma IP nova. Pelo contrário, o título original já existe no mercado desde 2014 e deu vida a um anime em 2017 e outros projetos posteriormente, como Granblue Fantasy Versus (e a versão Rising) e, agora, Granblue Fantasy Relink, oferecendo uma versão diferente de jogabilidade.
Portanto, aqui vai um aviso para os marinheiros (ou seriam aeroviajantes?) de primeira viagem: esta não é uma adaptação do começo da jornada de Gran e sua tripulação. Na realidade, o novo título de ação da Cygames nos coloca em uma aventura que é uma continuação a diversos eventos passados.
Portanto, mesmo sendo o primeiro título do gênero, Granblue Fantasy Relink mais passa uma sensação de um terceiro ou quarto game de uma franquia bem maior. Confesso que, em um primeiro momento, isso me gerou um pequeno incômodo.
Afinal, é como perder o desenvolvimento de diversos personagens da equipe, não saber suas motivações e histórias, não conhecer nada dos eventos que os levaram até onde estão e qual o objetivo do grupo. Sabemos que eles querem chegar à Ilha dos Astrais, mas… quem são os Astrais? E por que querem ir para lá?
Portanto, as primeiras horas de Granblue Fantasy Relink são estranhas para quem nunca consumiu nada da série e é recomendável ao menos assistir ao anime de 2017 ou saber mais do jogo gacha original, ambos difíceis de consumir no Brasil.
Entretanto, não se assuste: essa sensação de perder a história é remediada com algumas recapitulações ao longo da jornada e com um glossário em tempo real que nos ajuda bastante, algo que logo consegue aclimatar os jogadores em todo o contexto prévio. No fim, acabamos entrando na jornada de Gran assim como os demais aeroviajantes, com tudo em andamento.
Além disso, podemos conferir contos passados e paralelos de todos os personagens da party através de histórias no balcão principal, mas tudo em um formato de visual novel, com textos narrados, um contraste grande em relação aos outros diálogos de Granblue Fantasy Relink.
Não é a forma ideal, claro, mas devo admitir que gostei mais do que imaginei e sempre ansiava por mais novidades para desbloquear – especialmente por ser encorajado a fazer isso, já que ganhamos novas missões e atributos para os personagens.
Campanha curta, mas cumpre bem seu papel
Aqui vem um dos contrastes de Granblue Fantasy Relink: parte do seu DNA é um RPG singleplayer e esse é o maior impulso para aproveitar… a primeira metade do jogo. Pois é, a campanha é apenas uma das etapas da jogatina e, por incrível que pareça, nem é o pote de ouro da diversão.
Temos 10 capítulos e 1 epílogo muito bem-feitos que conseguem passar perfeitamente a sensação de uma campanha espalhafatosa, unindo belíssimos visuais e estruturas de missões que trazem excelentes momentos de alto nível de qualidade, como lutas em mechas, batalhas de kaijus à la Final Fantasy 16 e diversas sessões cinematográficas de brilhar os olhos.
Por trazer uma estrutura de missões lineares, a Cygames experimentou bastante com o que cada episódio tem a oferecer em Granblue Fantasy Relink, trazendo sequências vistoas e muito divertidas de jogar, remetendo a impressionantes segmentos que estão páreos com outros games AAA do mercado.
Entretanto, há suas falhas. Na verdade, suas carências e falta de ambição. Nem todo jogo precisa ser mundo aberto e louvo as escolhas de design adotadas aqui, mas certamente faz falta algumas áreas mais abertas e uma campanha mais extensa. A realidade é que o ponto negativo de maior destaque do game é o gostinho de quero mais que perdura na boca.
No fim do modo história singleplayer de Granblue Fantasy Relink, temos cerca de 15 a 20 horas se muito, com apenas duas cidades para navegar e algumas sidequests bem simples, com histórias praticamente inexistentes. O recheio mesmo fica com as missões principais, mas, como dito, acaba rápido.
Quanto à trama principal de Granblue Fantasy Relink, não há nada muito emblemático para enaltecer. Assim como algumas outras obras japonesas, há uma dicotomia bem grande na maior parte dos elementos narrativos, sem profundidade nos arcos de desenvolvimento e motivações complexas por trás dos planos dos antagonistas.
Ou, falando no português claro, tudo aqui é bem simples: os mocinhos precisam deter os vilões e fim. Claro, há nuances aqui e ali, mas nada que fuja do roteiro padrão de “bem vs. mal” que conhecemos bem. Certamente, a história não é o grande foco e acaba deixando a desejar por não oferecer uma experiência mais completa (e complexa).
A parte boa? Não há nada de ruim para falar da narrativa também! Afinal, de tempos em tempos, não é ruim consumir uma trama mais simples, leve e prazerosa, só não espere que esta seja a força motora do game.
Por mais que pareça um relato mais negativo do que positivo, não entenda errado! Granblue Fantasy Relink é muito honesto em sua proposta e diverte bastante, nos dando uma palhinha de como tudo no jogo funciona enquanto oferece um contexto de fundo divertido de acompanhar em nossa jornada. Na verdade, é essa qualidade tão grande que nos faz querer mais.
Combate vistoso e com profundidade surpreendente
Se tem um ponto que Granblue Fantasy Relink excede em toda e qualquer maneira, certamente é o seu sistema de combate de ação rápido, vistoso e acredite: também muito complexo, profundo e cheio de nuances.
Apesar de o jogo ter sido desenvolvido pela Cygames Osaka por muitos anos, talvez uma coisa que poucos saibam é que entre 2018 e 2019 a PlatinumGames, de Bayonetta e NieR Automata, teve um grande papel em desenhar os sistemas de luta do título.
Muito foi alterado e adicionado desde então, mas conteúdo foi construído em cima de um alicerce muito forte. No total, há mais de uma dezena de personagens diferentes, cada um com um estilo de combos, habilidades ativas e passivas, métodos de confrontar os inimigos e muito mais.
Alguns personagens de Granblue Fantasy Relink são verdadeiros tanques de guerra, lentos e extremamente poderosos, enquanto outros são absurdamente rápidos e ganham pelo DPS. Em contrapartida, alguns como IO, Rackam e Rosetta se beneficiam de ataques à distância e controle da arena.
Cada um deles tem um estilo de jogabilidade incrivelmente diferente, com poderes elementais distintos e abordagem de combate bem únicas, como contra-ataques, construção de barras de poder etc. Enquanto uns querem bater sem parar, outros se beneficiam de timing de aperto de botões ou troca de estilos.
Tudo o que você puder imaginar, Granblue Fantasy Relink tem a oferecer, sem exageros. Há heróis versáteis e há alguns extremamente específicos para algumas situações, mas todos são muito divertidos e surpreendentemente complexos e profundos para aproveitar.
Conforme experimentamos os gameplays de cada personagem, é notável como suas árvores de habilidades, selos (que garantem mais ataque, poder de atordoamento, chance de crítico e por aí vai), armas e habilidades passivas têm um papel importante, com a possibilidade de criar diversas builds diferentes.
Exercer toda essa variedade de combate em Granblue Fantasy Relink é excelente, mas a cereja do bolo fica com os chefões, que trazem padrões de ataques complexos, sistemas de lutas diferentes e exigem uma boa coordenação e atenção do jogador. É extremamente divertido lutar contra inimigos mais poderosos e isso é amplificado bastante na outra metade do game.
Realizar esquivas perfeitas, guardas perfeitas, encaixar combos, acertar o timing de golpes completos e ativar os “Limit Breaks” são extremamente prazerosos. Os inimigos também têm sua própria barra de postura, que pode ser quebrada, modos em Overdrive que mudam os padrões dos golpes e muito mais. Tudo é muito bem-construído.
Os únicos pontos “negativo” (que não chegam a realmente incomodar, mas certamente não é digno de elogios) é a IA dos companheiros e a variedade de inimigos, que têm diversas criaturas reaproveitadas e com elementos diferentes (mas não chega a ser um pecado capital). Além disso, no jogo normal é possível controlar qualquer boneco, mas todos os outros 3 são controlados pela IA, que não fazem combos ou exploram fraquezas.
Eles servem para pegar o agro dos chefes, curá-lo ou reanimá-lo, mas nada além disso, o que dificulta concluir alguns objetivos de missões secundárias, especialmente quando entramos no território do endgame – e é aí que o fator multiplayer brilha bastante.
Endgame extremamente recompensador
Por estranho que pareça, a campanha de Granblue Fantasy Relink não deve chegar a 40% do conteúdo que temos para aproveitar – algo um pouco inesperado para um JRPG de ação. De uma maneira esquisita de falar, o game está muito mais próximo de um Monster Hunter do que um Tales of Arise.
Durante a campanha, mas especialmente no fim do modo história, o que nos resta fazer são os serviços disponibilizados no balcão de missões. Essas missões podem ser de sobrevivência, defesa de área, conquista e mais algumas variedades, mas o que importa mesmo são os chefões.
Você pode fazer todo esse conteúdo de Granblue Fantasy Relink sozinho com companheiros controlados por IA ou se juntar a até mais 3 jogadores online. E meu amigo… se você gosta do loop de derrotar inimigos mais fortes, coletar materiais para forjar e melhorar armas e repetir o processo, pode se preparar para passar um bom tempo por aqui.
Eu terminei a campanha com cerca de 20 horas e coletando diversos colecionáveis do mapa, mas passei das 50 horas somente no modo multiplayer com alguns amigos de imprensa – e ainda há bastante material para explorar, desbloquear e descobrir por lá, mesmo depois de tanto tempo.
É neste modo de Granblue Fantasy Relink que vamos testar diversos personagens, aumentar o nível da árvore de habilidade de cada um, investir em selos e criar builds insanas. Não espere por arenas gigantescas e mapas mais abertos como Monster Hunter, mas garanto que a dose de diversão é absurdamente alta.
Um dos pontos positivos por aqui é que quando o conteúdo parece estar chegando ao fim, recebemos uma nova dose cavalar de novidades. Toda vez. Mesmo com dezenas de horas, ainda havia novas missões mais difíceis para desbloquear, novas árvores de habilidades, armas supremas e muito mais – quanto mais você entrega, mais recebe.
Esse também é o modo que Granblue Fantasy Relink mais pode se beneficiar também: afinal, a equipe pode lançar DLCs, pagos ou gratuitos, que adicionam mais chefes, missões e conteúdo para realizar. Nada que se aproxime como jogo de serviço, para deixar claro, mas que certamente estenda ainda mais a vida útil do game.
Alma de gacha, mas sem o ônus
Um outro ponto curioso que Granblue Fantasy Relink implementa, especialmente no endgame, é algumas características de gacha do título original, ou seja: recompensas aleatórias, caixas de recursos surpresa e busca por diversos tipos de moedas. Mas antes que a palavra o assuste, não entenda isso como um ponto negativo.
De forma surpreendente, é quase como se fosse uma homenagem às suas raízes, mas sem as características negativas. Afinal, este é um game AAA de preço cheio, não um jogo gratuito aos moldes de Genshin Impact.
Você pode construir recursos, gastar moedas especiais para coletar materiais diferentes, há lojas com itens rotativos para fabricar seus equipamentos e até mesmo os personagens extras são adquiridos com vales especiais em Granblue Fantasy Relink.
A experiência pode ser convoluta no começo, mas o uso dessas mecânicas logo se torna algo normal. Pode parecer bobo, mas achei muito interessante e bem-feito a maneira que usaram um sistema gacha de uma maneira benéfica.
Isso é um quadro? Se prepare para muitas fotos
Granblue Fantasy Relink é um quadro vivo. Ponto final, isso não está aberto para discussões. A direção de arte é fenomenal e supera toda e qualquer expectativa, com cidades lindas, personagens extremamente cativantes e efeitos visuais na tela de brilhar os olhos.
A Cygames pode não ter a maestria de criar uma história memorável, mas compensa bastante na parte visual. Ao longo do seu progresso, tenho certeza de que você vai ansiar jogar com alguns personagens simplesmente pela aparência e estilo de luta vistoso que eles exibem.
Eu joguei Granblue Fantasy Relink no PS5 (vale lembrar que há versões para PS4 e PC também) e no modo Desempenho, que oferece 60 fps em resolução 1080p. Apesar de ser uma resolução relativamente baixa, o estilo visual bem estilizado ajuda a mitigar uma imagem mais borrada. Porém, você pode optar por jogar em 4K e 30 fps, mas não recomendo.
Em termos de performance, Granblue Fantasy Relink segura bem sua taxa de quadros sem grandes problemas, mas as maiores batalhas do jogo, recheadas de efeitos visuais e escalas enormes, podem fazer o desempenho brevemente abaixo dos 60 quadros, mas nada que incomode.
Colocando no mesmo barco audiovisual, vale enaltecer a trilha sonora soberba, que aproveita diversas faixas do jogo de navegador original (com músicas compostas até pelo lendário Nobuo Uematsu) e encaixa algumas canções inéditas muito boas que nos ajudam a aclimatar neste universo.
Um verdadeiro show de gráficos e músicas que nos imerge com maestria!
Granblue Fantasy Relink: vale a pena?
Sem dúvidas, Granblue Fantasy Relink é um excelente game! Porém, você precisa saber que ele está menos para o JRPG de ação tradicional e mais para um pacote de conteúdo que faz com que duas ideias completamente diferentes coexistam entre si – e é preciso saber se esse combo agrada ao paladar antes de decidir pela compra.
Se a única coisa que você espera do jogo é uma campanha singleplayer, é bom saber que, apesar de muito variada e recheadíssima de momentos incríveis, é bem curta e praticamente não é o foco principal da experiência: nada de mundos enormes, múltiplos locais para visitar e uma história memorável.
Entretanto, é inegável o quanto o modo multiplayer e as missões paralelas engrandecem o combo de conteúdo que nos é ofertado. Granblue Fantasy Relink esboça um dos melhores combates que já vi em um JRPG de ação e ele é brilhantemente bem-aproveitado no modo multiplayer, que tem um grande potencial de ser expandido e ter uma sobrevida enorme.
Certamente, é um bom começo para a franquia Granblue Fantasy entrar no mundo de jogos AAA de anime – um setor que, convenhamos, não tem muitos títulos. Com bases sólidas construídas por aqui, adoraria ver uma sequência ainda maior e mais ambiciosa no futuro.
Jogado no PS5. Granblue Fantasy Relink foi gentilmente cedido pela Nuuvem para a realização desta análise.
Granblue Fantasy Relink
Publisher: Cygames
Desenvolvedora: Cygames
Plataformas: PS5, PS4 e PC
Lançamento: 01/02/2024
Tempo de review: 50 horas
Granblue Fantasy Relink não é perfeito e pode melhorar, especialmente em sua campanha curta. Entretanto, o combate complexo aproveita perfeitamente o endgame e o multiplayer.
Prós
- Modo história simples, mas com excelente variedade
- Endgame muito recompensador e com dezenas de horas
- Um dos combates mais prazerosos dos últimos tempos
- Multiplayer muito competente e divertido
- Excelente direção de arte
Contras
- Campanha memorável, mas curta
- IA dos personagens é bem básica
Comentários
Gostei muito do game e acho o trabalho artístico, os desenhos, muito melhores doque os jogos da bandai. Um jogo muito bem feito!