Review: Pacific Drive é diferente, mas tem viagem turbulenta

Desde que foi anunciado, o Pacific Drive chamou a atenção por trazer uma proposta em que o jogador precisa focar em melhorar o seu carro para sobreviver e não sua base ou atributos próprios. Para saber se essa ideia deu certo na prática, confira o nosso review completo!

Pacific Drive acerta em história com elementos diferentes

Indo na contramão de outros jogos do mesmo gênero, o Pacific Drive traz um foco em sua história e narrativa. Na prática, isso significa que a campanha do jogo tem um começo e fim, o que pessoalmente me agrada ao saber que depois de muito tempo não vou continuar a “fazer coisas apenas por fazer”.

A história de Pacific Drive começa com o que parecia ser mais uma viagem normal para o nosso personagem, mas algo sobrenatural acontece e ele acaba sendo levado para um lugar conhecido como Zona de Exclusão Olímpica.

Imagem: Alvaro Neto/Flow Games

Esta zona é bem similar ao mundo visto na “Terra”, por assim dizer, mas tem alguns eventos sobrenaturais que deixam tudo mais sombrio e ameaçam a vida do motorista.

Como não poderia ser diferente, ao estar em um local desses, a meta do condutor passa a ser encontrar uma forma de sair de lá ou de pelo menos sobreviver. Assim, fui apresentado a três personagens principais, sendo estes: Tobias, Francis e Oppy. E aqui é que as coisas começam a desandar um pouco.

Personagens interessantes, mas falta um sal

Para começar, eu devo elogiar a dublagem dos personagens, que é impecável e realmente transmite suas emoções. O roteiro, por outro lado, não é tão bem desenvolvido e, em pouco tempo, é possível começar a se cansar, por exemplo, da personalidade mais rabugenta de Oppy, mesmo que ela tenha seus momentos de ternura e brilho.

Tobias e Francis, às vezes, parecem que estão no jogo apenas para cumprir tabela, sendo os dois personagens trapalhões e alvo das broncas de Oppy. Algo que também não contribui para as coisas ficarem interessantes é que, sem querer dar spoilers, as conversas se dão através do rádio, ou seja, não vemos ninguém.

Nós até temos alguns momentos comoventes na história e engraçados, mas a falta de qualquer cinemática ou interação (não fazemos escolhas) mais direta me fez com que não ficasse tão preso em sua narrativa. E, um dos pontos mais críticos que contribuíram para isso consistem nosso personagem ser mudo e chamado apenas de “The Driver”.

Imagem: Alvaro Neto/Flow Games

O fato de ele ser mudo talvez pudesse passar batido, mas me fez sentir que ele não tinha nenhuma motivação de verdade para sair de lá. Além disso, ele apenas segue ideias absurdas de pessoas desconhecidas colocando sua vida ainda mais em risco sem questionar nada.

O Pacific Drive não vem com dublagem e nem legendas em português, algo que prejudica muito a experiência. Enquanto não tenho problemas com o inglês, vejo muitos jogadores sendo afastados por este ponto, tanto pelo jogo ter o foco em sua narrativa quanto pelos objetivos a serem cumpridos nas missões.

Viagens calmas e turbulentas

Para progredir na história de Pacific Drive, nós temos que fazer viagens com um carro, também chamado de Remnant. Apenas para clarificar, o Remnant basicamente se apega a um motorista e tenta protegê-lo dos perigos da Zona de Exclusão contanto que esteja bem cuidado.

O mundo de Pacific Drive não é aberto e, assim, as suas viagens são divididas por zonas. Essas zonas possuem um bom tamanho para serem exploradas e diversas construções em que podemos entrar. Um dos pontos positivos, inclusive, fica para os perigos vistos nas estradas e até inimigos, com os quais não lutamos diretamente, mas que podem atrapalhar.

Imagem: Kepler Interactive

A experiência de dirigir por essas zonas até começa de forma prazerosa e não chega a ser monótona, uma vez que estes inimigos mencionados e anomalias garantem momentos de tensão.

Enquanto lootear é algo natural em qualquer jogo de sobrevivência, Pacific Drive deixa essa experiência um pouco cansativa. Além de vermos constantemente os mesmos itens para serem looteados, a quantidade para o craft de alguns itens nem sempre parece ser balanceada, o que faz com que toda viagem basicamente se torne em um loot sem novidades.

Durante as viagens em Pacific Drive, nós recebemos algumas missões para serem cumpridas, mas até nessa parte faltou um pouco de criatividade. Muitos dos objetivos consistem em coisas simples como ir até um lugar e virar uma chave ou escanear algo que ajude a entender o que aconteceu na história.

Imagem: Alvaro Neto/Flow Games

Aqui, claro, não esperava que o jogo passasse por uma transformação brusca, mas faltam alguns elementos que pudessem tornar a jornada diferente, como uma corrida que fosse contra o tempo sem ser apenas para sair da zona em que entrei ou apenas algo mesmo para sair desse padrão.

Jogabilidade com atenção nos detalhes

A jogabilidade de Pacific Drive é do tipo arcade e casa bem com a proposta do jogo, mas também comete seus deslizes. A atenção dada a alguns detalhes como ter que ligar a chave e engatar a marcha antes de começar a dirigir transmitem uma sensação de realismo e que é bem-vinda. O painel com as informações do estado do carro também é um destaque.

Enquanto os perigos da Zona de Exclusão causam danos, a dificuldade em sobreviver é refletida na jogabilidade carro de forma bem interessante. Mesmo com esse elogio, por outro lado, alguns dos perigos do jogo apenas atrapalham e, ao invés de adicionar dificuldade, garantem somente pequenos momentos de frustração.

De volta ao craft no Pacific Drive, a Ironwood Studios acertou em um ponto. A maioria dos itens criados servem como acessórios para o carro, que vão desde até um utilíssimo freio de mão a um espaço maior para armazenar os itens obtidos nas viagens e outras bugigangas (no bom sentido). Esses itens realmente fazem a diferença e são essenciais para progredir na aventura.

A garagem de Oppy, nossa base, também pode receber alguns upgrades, mas essa parte é um tanto quanto simplista. Enquanto podemos criar itens que vão reparar nosso carro ou deixá-lo com um visual diferente, não temos nada que automatize de verdade (não contamos a lixeira que cospe itens aleatoriamente) a nossa base e que nos ajude a criar os upgrades e demais itens que ajudem na campanha.

Imagem: Kepler Interactive

O maior problema de Pacific Drive, entretanto, fica mesmo na sua interface. Os seus menus são confusos e tentam oferecer informações demais, mas mesmo assim muitas vezes não é possível entender o que um item faz ou até mesmo o que necessário para fazê-lo ou realizar um upgrade.

Não somente isso, nas missões, os objetivos que me foram dados me induziram muitas vezes ao erro. Isso já havia sido visto na prévia do jogo e, infelizmente, persiste em sua versão final.

Pacific Drive vale a pena?

Por mais que contenha uma boa dose de elementos para serem refinados e melhorados, o Pacific Drive ainda tem lá o seu destaque positivo. Primeiro, o jogo entrega uma proposta diferente no gênero de sobrevivência e traz cenários que são bem interessantes, apesar de repetitivos.

A sua campanha não chega a desenvolver tanto a história quanto eu esperava, mas ela dura um pouco mais de 12h. Esse tempo eu não considero nem alto e nem baixo, mas justamente na média, o que deve ajudar até mesmo para quem só estiver querendo zerar o jogo sem ir atrás de seus extras.

Então, se você está na busca de um jogo para sair da mesmice sem se importar com falhas na jogabilidade, o Pacific Drive pode ser uma boa pedida. Agora, caso esteja esperando uma campanha mais memorável, talvez seja melhor checar outros títulos.

Testado no PC via Steam. Uma cópia de Pacific Drive foi gentilmente cedida pelo Ironwood Studios para a realização desta análise.