
Review: The Outer Worlds 2 é um jogaço com alguns tropeços
The Outer Worlds 2, o novo RPG da Obsidian, está entre nós e contamos tudo em nosso review completo! Confira
Imagem: Xbox
Obsidian tem uma reputação muito digna na indústria de jogos e está por trás de nomes como Pillars of Eternity, Fallout New Vegas e mais. Agora, também é a potência por trás de The Outer Worlds 2, novo RPG da franquia que tem grandes inspirações em Fallout.
Mas após a decepção com Avowed e uma desacelerada no ritmo, será que The Outer Worlds 2 funciona como uma boa sequência e, principalmente, se sustenta como um bom RPG ocidental? A resposta, felizmente, é sim! Se você curte o estilo da Obsidian, o novo game traz excelentes mecânicas, decisões impactantes e um sistema de build divertido e impressionante.
Entretanto, ao mesmo tempo alguns sistemas parecem explorados apenas na superfície e deixa um gostinho de quero mais. Venha ver a nossa análise completa de The Outer Worlds 2!

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
História interessante e boas facções
The Outer Worlds 2 tem um começo novo e que não depende do conhecimento do game anterior, algo que pode ser um excelente ponto de partida para novatos. Na história, controlamos um agente do Diretório Terrestre, uma espécie de “patrulha” da Terra para colocar as diversas fações interplanetárias na linha.
Vou evitar dar spoilers por aqui porque o enredo realmente é intrigante e tem uma boa premissa, mas o seu objetivo é, basicamente, investigar e cuidar de fendas interespaciais que têm surgido e podem ser capitalizadas por diferentes facções do universo. Seriam elas seguras? Será que você pode resolver a situação? E se sim, quem pode ter o direito de usá-las?
A grande sacada de The Outer Worlds 2 é o leque de fações: as Primícias da Titia, uma megacorporação extremamente capitalista, o Protetorado, que busca ordem a todo custo em um estilo ditatorial, a Ordem, uma espécie de governo inspirado em ciência e sem nenhuma flexibilidade, a Sub Rosa, uma facção do mercado negro, e mais.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Todas as facções possuem suas próprias linhas narrativas, missões e sua própria dose cavalar de críticas. The Outer Worlds 2 não poupa esforços em satirizar todos os espectros políticos, mas cabe ao jogador decidir com quem vai se aliar – ou, até quem sabe, criar uma build incrível capaz de unir todas as tribos.
Um dos aspectos que faz isso ser muito proveitoso no game é o humor refinado da Obsidian que remete aos tempos de Fallout New Vegas: embora teça críticas, o novo RPG da desenvolvedora faz de maneira muito leve e com um senso de humor refinado, então às vezes é até engraçado seguir um caminho diferente só para colher resultados caóticos e hilários.
Os companheiros também têm um papel vital em The Outer Worlds 2 e, para mim, é um dos pontos altos da campanha. Todos têm um excelente desenvolvimento, interagem com as suas quests ativas, seja para dar opiniões ou até ajudá-lo nos diálogos, e possuem missões próprias bem interessantes.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
E, para tornar tudo ainda mais legal, eles podem interagir entre si! Eles podem discutir, criar amizades e ter reações genuinamente muito legais de acompanhar. Muitas vezes, escolhi a minha party não pelos atributos, mas para ver os desfechos e conversas entre eles.
Os NPCs do mundo também trazem sua dose de conversa bem interessante, oferecendo quests e diálogos muito divertidos de acompanhar. Se você explorar bem, há conteúdo.
The Outer Worlds 2 é um jogo muito mais ambicioso do que parece e oferece uma trama bem flexível, dinâmica e variada dependendo das suas escolhas, algo que, inclusive, me parece incentivar bastante o fator replay para testar rumos diferentes para o enredo. Sem dúvidas, quero testar caminhos distintos.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
As minhas únicas críticas é que o jogo acaba deixando muito da riqueza desse universo em arquivos de textos bem longos e, muitas vezes, desinteressantes. Além disso, a história pode ser um tanto convoluta e sem grandes explicações em dado momento, tornando a absorção desse enredo um tanto confuso.
Além disso, gostaria de ver as facções exploradas de uma maneira mais profunda em The Outer Worlds 2. Diferente de Fallout, The Elder Scrolls, Starfield e outros, as missões de facções acabam rápido e a história é um tanto curta: minha contagem ficou na casa das 40 horas, mas porque repeti muitos dos saves e testei coisas diferentes, já que meu save contabiliza cerca de 27 horas – e fiz quase tudo.
No fim, The Outer Worlds 2 tem uma coisa realmente especial por aqui, é claro que houve bastante carinho, trabalho e dedicação em criar um mundo que parece vivo e se adapta às suas ações. Entretanto, fica um gostinho de quero mais. Eu gostaria de ver mais desse mundo expandido e aproveitado, mas o que ele oferece ainda é de muita qualidade.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Gameplay é muito melhor que o primeiro, mas poderia ser mais complexo
Embora o primeiro game da série tenha seu valor, confesso que nunca clicou comigo e talvez eu saiba o motivo: sempre achei o gameplay entre um Fallout e um shooter, algo que me repeliu de certa forma. Contudo, The Outer Worlds 2 tem avanços significativos na estrutura de combate e sistemas mecânicos.
O sistema de tiro é bastante satisfatório, as armas são variadas e de diversos elementos, mudando estruturalmente seu funcionamento. É bem gostoso atirar nesse mundo e há algo que é difícil de explicar, mas o gunplay simplesmente é divertido e me peguei procurando briga só para ter bons momentos de tiroteio.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Curiosamente, o combate corpo a corpo de The Outer Worlds 2 segue a mesma tendência e há armas genuinamente divertidas, como a foice capaz de obliterar inimigos ou o martelo que utiliza cartuchos de shotgun para potencializar os golpes contundentes.
Se você terá parries e outros elementos, tudo depende da árvore de talentos e os pontos investidos, o que cria uma profundidade maior para quem quer se especializar, mas não deixa nada muito essencial de fora para entregar uma experiência crua.
Os aprimoramentos também são outros elementos bem interessantes, trazendo a opção de desacelerar o tempo para tiros precisos, um escudo balístico bem útil, um mecanismo para vaporizar corpos de adversários que é ideal para furtividade e muito mais.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Todas as ferramentas estão presentes e gostei bastante da variedade, que pode, inclusive, ter aprimoramentos com habilidades extras na sua bancada de criação. Podemos falar a mesma coisa para as armaduras, divididas aqui entre torso e capacetes. Há também uma variedade grande de equipamentos em The Outer Worlds 2, mas eles são muito mais para combate.
Nessa parte, senti falta de alguns atributos extras como em Fallout, como roupas que podem dar pontos extras de Ciência, Fala, Engenharia, Armas e mais. Portanto, acabou se tornando mais um caso de “equipe o melhor atributo de defesa”, deixando muitos equipamentos um tanto defasados.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Outro elemento de The Outer Worlds 2 que senti pouco aproveitamento foram nos itens consumíveis. Infelizmente, eles cedem apenas recuperação de percentual da vida. Você verá centenas ou milhares deles para coletar durante a campanha, mas têm um papel insignificante. Sem dúvidas, a Obsidian poderia ter aproveitado a inspiração em Fallout novamente para trazer medicamentos e outros consumíveis interessantes.
Na contramão, o sistema de build é extremamente prazeroso e profundo em The Outer Worlds 2. Além de ter status como os já mencionados, como Explosivos, Armas Brancas, Hack, Arrombamento e muito mais, também há talentos específicos que podem ajudá-lo tanto nas batalhas quanto nos diálogos.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
É protocolar e funciona bem, já que a Obsidian faz questão de usar múltiplos talentos e pontos da sua build para progressão. Entretanto, é no sistema de Falhas que The Outer Worlds 2 realmente se diferencia, trazendo elementos cômicos, úteis e ao mesmo tempo horrendos para o jogador.
Basicamente, você sempre tem falhas humanas que o Diretório Terrestre identifica no seu personagem. Elas são ao mesmo tempo boas e ruins e cabe ao jogador decidir, como o Consumismo, que garante descontos em compras e maior valor de revenda em itens, mas o torna em um completo idiota em diversos diálogos.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Há outro que garante maior velocidade de movimento ao andar agachado, mas seus joelhos estalam sempre que abaixa ou levanta, alertando inimigos próximos. O mais legal é que The Outer Worlds 2 sugere falhas de acordo com o seu perfil de jogos, sempre analisando suas ações.
As falhas são opcionais, mas alerto para duas que alteram bastante o gameplay, então tome cuidado, pois eu aceitei sem entender direito. Cabeça de Vento faz com que a sua progressão de status tenha um ponto a mais por nível, mas você só pode elevar atributos de forma igual, então nunca terá nada em level alto.
Já Imperfeição obriga que você aceite TODAS as falhas até o final, mas garante um ponto extra de talentos a cada 5 níveis. Eu adorei esse sistema, que teve melhorias em relação ao primeiro jogo, mas sinto que The Outer Worlds 2 poderia oferecer algum tipo de respec, mesmo que limitado.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
O diretor do game comentou que isso serve para criar um senso de escolha permanente e que as decisões importam, mas nem sempre temos noção por um bom tempo do que priorizar.
As suas escolhas importam muito (na maioria das vezes)
E, por falar nelas, uma das coisas que mais gostei em The Outer Worlds 2 é como as suas escolhas têm consequências: a frase “isso será lembrado” na maioria das vezes acaba se pagando e é palpável como o jogador parece ter controle sobre o que está acontecendo.
Como disse, novo RPG da Obsidian parece ter um fator replay forte. Eu adorei carregar um save e tentar as coisas de forma diferente e, geralmente, o rumo das decisões trazem desfechos interessantes. Entretanto, às vezes senti algumas frustrações de não muita coisa mudar – e tudo bem, faz parte de qualquer jogo.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Entretanto, o que me frustrou um pouco é que The Outer Worlds 2 depende demais nos seus atributos em vez de escolhas inteligentes ou pesquisa do cenário. Por aqui, você pode usar seus stats não só nos diálogos, mas também por exploração.
Vou comentar a seguir, mas você basicamente pode reunir pistas e evidências para apresentar nas conversas, algo que você encontra nos cenários e quests. Porém, não foi raro eu gastar um bom tempo para ter os melhores resultados e ficar travado atrás de alguma verificação de atributo na conclusão do diálogo, como Fala ou Ciência.
Para um jogo que recompensa tanto a exploração nos detalhes, senti que The Outer Worlds 2 peca nesse quesito. Nas duas principais missões do fim da campanha, por exemplo, pouco importou o meu esforço: eu estava sem os stats necessários e nada deu certo.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Exploração micro sensacional, mas a macro é decepcionante
Puxando o gancho da exploração, The Outer Worlds 2 é uma faca de dois gumes nesse ponto. Enquanto vasculhar ambientes fechados é um verdadeiro deleite, oferecendo não só loot valioso como também documentos e informações que podem favorecer muito alguns diálogos de quests, a exploração do mundo aberto deixa a desejar.
Vamos pela parte positiva primeiro. Além de trazer diversos equipamentos interessantes e até mesmo puzzles relativamente complexos em alguns pontos, buscar por itens dentro de prédios mostra o quão bom é o level design de The Outer Worlds 2 e o quanto a equipe trabalhou para oferecer liberdade de escolha ao jogador.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Por ter builds tão distintas, a Obsidian criou mapas verdadeiramente bons que oferecem múltiplos caminhos e alternativas. Quer explodir ou hackear uma porta trancada? Vá em frente. Quer esgueirar por dutos e ser furtivo? Há múltiplas opções. E que tal hackear terminais? Há diferentes vantagens em desativar sistemas de defesas, além de obter informações valiosas de computadores.
Há muitas formas de entrar em ambientes e resolver seus objetivos, incluindo até mesmo resolver sua situação na lábia em alguns casos ou usar a afiliação ou pano de fundo de seus companheiros para ajudar. Me senti muito recompensado por explorar bastante e buscar alternativas, há algo realmente feito com carinho aqui.
Por conta da minha Falha que me obrigava a distribuir pontos iguais, passei grande parte do tempo explorando com atenção e descobrindo segredinhos para ultrapassar portas e terminais trancados. Infelizmente, como já citei, alguns casos requerem builds específicas e não há meio alternativos, o que é uma pena.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Porém, é no mundo aberto que as coisas se perdem um pouco. Há um punhado de mundos para explorar, mas são mapas pequenos e com poucos edifícios e muita repetição de inimigos. Nesse ponto, The Elder Scrolls e Fallout ganham de lavada, trazendo o prazer de vagar pelo mundo, algo que The Outer Worlds 2, infelizmente, peca bastante.
Boa apresentação audiovisual, mas…
Assim como o primeiro jogo, The Outer Worlds 2 têm uma direção de arte bem interessante, oferecendo uma espécie de estilo retrofuturista que mescla navegação espacial com algo remetente ao steampunk. A apresentação é bem bacana e se destaca entre os RPGs espaciais.
Outro ponto extremamente positivo é a trilha sonora: assim como Fallout, a Obsidian também traz um estilo musical dos anos 40 ou 50 bem animado, além de propagandas e comunicados sarcásticos que são divertidos de acompanhar.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Contudo, o desempenho é o que acaba dando uma bola fora. Em uma GeForce RTX 5080, ter tudo no Ultra em 1440p e DLSS Balanceado foi muito mais pesado do que imaginei, garantindo taxas acima dos 60 fps, mas por pouco. E se eu ativar o ray tracing, a coisa desanda.
Alguma coisa está quebrada nesse momento e não sei dizer o quê, mas cidades ou comunidades com muitos NPCs destrói a performance, especialmente com o ray tracing ativo, e traz muitos stutterings. Além disso, notei um forte gargalo de CPU nessas áreas, com a minha placa de vídeo estando com apenas 60 a 70% de uso, mesmo com um Intel i7-13700K.
Diminuir os presets gráficos ajudou, mas me parece que há trabalho a ser feito por aqui. Infelizmente, The Outer Worlds 2 é mais um caso de um jogo pesado na Unreal Engine 5. Nos consoles, a Microsoft confirmou que o Xbox Series X e o PS5 Pro são os únicos com modo 60 fps: portanto, nada de 60 quadros no Xbox Series S e até mesmo o PS5 base. Você confere a tabela abaixo:

Imagem: Xbox
The Outer Worlds 2 vale a pena?
Sem dúvidas, The Outer Worlds 2 é um jogo muito bom e bem melhor do que imaginei. A Obsidian exibe finesse e volta aos seus tempos áureos, mostrando seu pedigree em RPGs ocidentais. As escolhas são excelentes, a liberdade é alta e há muito cuidado em cada área para oferecer caminhos distintos, seja na exploração ou diálogos.
Porém, você deve ter reparado que esse review está cheio de “mas”. Há muitas mecânicas e sistemas excelentes, claro, mas parece que onde eu olho há algo que poderia ser diferente ou melhor, o que inclui até mesmo a quantidade de conteúdo: parece que o game foi feito para ter mais, mas algo foi cortado.

Imagem: Vini Munhoz/Flow Games
Certamente você terá um excelente tempo com The Outer Worlds 2 e posso recomendar de olhos fechados: eu mesmo quero rejogar e fazer coisas diferentes. Contudo, no fim do dia talvez seja até injusto, mas terminar a campanha só me fez ter vontade de reinstalar mais uma vez Fallout New Vegas e ver todo o potencial de um RPG de elite.
The Outer Worlds 2 foi gentilmente cedido pela Microsoft para a realização desta análise.

The Outer Worlds 2
Publisher: Xbox
Desenvolvedora: Obsidian
Plataformas: PC, PS5 e Xbox Series
Lançamento: 29/10/2025
Tempo de review: 40 horas
The Outer Worlds 2 é um excelente jogo e traz muita liberdade, mesmo que não atinja todo seu potencial.
Prós
- Universo e trama bem intrigantes
- Suas escolhas realmente importam e fator replay é bom
- Excelente level design para atender diversos estilos
- Combate aprimorado e muito divertido
- Gráficos bem originais
- Trilha sonora fantástica
Contras
- A campanha é boa, mas um pouco curta
- Exploração macro deixa um pouco a desejar
- Algumas escolhas dependem muito de builds específicas
- Bem bonito, mas também pesado de rodar











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