Review: Like a Dragon Infinite Wealth traz alegria infinita
Ryu Ga Gotoku cria a sua obra-prima no soberbo Like a Dragon Infinite Wealth
or muito tempo o cinema tentou replicar o feito de Vingadores Ultimato, construindo uma "maxissaga" e então culminando tudo em um grande encontro de heróis. Muitos falharam na tentativa de evocar essa magia, mas quis o destino que Like a Dragon Infinite Wealth acertasse em cheio ao fazer isso nos videogames.
Seja esse efeito intencional ou não por parte dos desenvolvedores, é irrelevante. O fato é que eu passei a trama inteira do novo jogo da Ryu Ga Gotoku (ou RGG) ansioso para saber qual rosto conhecido apareceria a seguir, com qual nova ameaça e problema eles teriam que lidar, e o quão épica seria a sua jornada, assim como me sentia no auge do MCU.
Dividindo o protagonismo pela primeira vez na franquia, Ichiban e Kiryu são acompanhados pela maioria dos amigos e inimigos icônicos com quem dividiram os seus caminhos ao longo da franquia, e há tantas histórias e elementos sendo gerenciados ao mesmo tempo que é impressionante ver o produto final dando uma liga tão sólida.
A catarse de ver essas lendárias figuras dos videogames trabalhando juntas me lembrou demais a magia dos bons tempos da Marvel, então eu imagino que, se você também tem ao menos um pouco de apreço pelo universo de Like a Dragon Infinite Wealth, vai vibrar e se emocionar igual a mim ao longo das quase 70 horas de campanha.
Aloha!
Como eu já tinha falado em minha prévia, quando o Flow Games viajou até Nova York a fim de testar o jogo antecipadamente, a vastidão do mapa e variedade de atividades era algo que já me impressionava mesmo antes de os heróis fazerem suas malas e partirem para o Havaí (o que leva um pouco mais de 5 horas para acontecer, dependendo do seu ritmo e estilo de jogo).
Naturalmente, eu não vou estragar a história de Like a Dragon Infinite Wealth com spoilers nem falar sobre as motivações de cada um para visitar o paraíso tropical, mas o que você precisa saber é que os desenvolvedores tiveram um cuidado absurdo na hora de recriar a atmosfera local.
Curiosamente, eu tive o prazer de visitar o Havaí uma vez, e passear por lá no jogo foi nostálgico e evocou muitas memórias da vida real. É evidente que a RGG fez o dever de casa e caprichou na pesquisa, replicando perfeitamente a sensação de passear pela areia da praia e tomar uma aguinha de coco de frente para o cristalino Oceano Pacífico. Dá até para nadar um pouco!
O mapa de Honolulu é tão grande que você eventualmente ganhará até um veículo para praticar “street surf” e poder se locomover automaticamente até o ponto desejado. A viagem rápida também está mais conveniente do que nunca, e basta um clique para pagar a tarifa e acessar o ponto de táxi que quiser, o que ajuda muito a não perder tempo.
Aprimorando o que já era bom
Apesar de termos tanto Ichiban como Kiruy em destaque, não se engane: Like a Dragon Infinite Wealth é uma sequência direta de Yakuza Like a Dragon, o sétimo capítulo da franquia, e a base de seu gameplay também deriva de lá. Ou seja, o antigo beat ’em up segue dando espaço para o JRPG.
Ainda que agora ele esteja bem mais profundo, fluído e imbuído de possibilidades para variar e enriquecer os seus combates, eu particularmente ainda gosto mais do antigo modelo, mesmo reconhecendo que o novo sistema ajuda bastante a valorizar os aliados dos heróis no meio da pancadaria.
Verdade seja dita, até uma viúva nostálgica como eu vai curtir se mover quase que com liberdade total enquanto escolhe a próxima ação. Especialmente porque o posicionamento influencia o seu dano causado e as interações com o ambiente e aliados. Tudo isso ajuda a agilizar o ritmo e confere profundidade ao combate por turnos.
A diversão aumenta quando você passa a se dedicar não apenas a aprimorar os seus atributos, mas também a abraçar diferentes ocupações para os membros do grupo. Os resultados são engraçados, divertidos e, acima de tudo, o premiam pela experimentação e curiosidade.
Like a Dragon Infinite Wealth é uma preciosidade
Por mais legal que a campanha principal dos Yakuza sempre seja, os fãs sabem bem que a graça do mundinho reside nas suas missões paralelas muito inventivas e bem escritas, além dos minigames mais insanos e empolgantes que você pode encontrar em um mundo aberto.
Muitas atividades antigas retornam, agora dividindo espaço com adições bem-vindas. Em um dia bem vivido em Like a Dragon Infinite Wealth, você pode ir ao karaokê, jogar fliperamas clássicos da SEGA, treinar e batalhar com a sua coleção de Sujimons (uma inspiradíssima paródia de Pokémon), ou tentar catalogar todos os amigos possíveis. Ufa!
Achou muito? Saiba que isso não cobre nem um quinto dos seus afazeres, que ainda incluem testes de aptidão com conhecimentos gerais, missões de entrega ao melhor estilo Crazy Taxi, e o melhor de todos, um novo modo chamado Dondoko Island que poderia facilmente ser lançado separadamente como um jogo próprio, tamanha a sua profundidade e fator replay.
Não fossem as obrigações profissionais de rushar o jogo a fim de escrever essa análise para você, eu provavelmente teria parado completamente a história no seu Capítulo 6 apenas para passar todo o meu tempo de gameplay mergulhado nessa mistura de Animal Crossing New Horizons com The Sims. É justamente o que farei nas próximas semanas em Like a Dragon Infinite Wealth, e recomendo a todos.
A obra-prima da Ryu Ga Gotoku
As toneladas de texto do jogo foram todas localizadas em ótimo português praticamente sem erros nas legendas, com direito a bom uso de gírias aqui e ali em um trabalho exemplar da SEGA para adaptar as coisas para a nossa cultura. Só é uma pena que a mesma produtora tenha dado um grande tiro no pé também.
Não fosse pelo detalhe que esmiuçarei agora, eu até daria nota 100 para a impecável jornada de Like a Dragon Infinite Wealth, mas uma decisão de negócios como essa simplesmente precisa ser punida: é inacreditável trancar um recurso tão básico quanto o New Game+ atrás da compra com upgrade para um pacote mais caro.
A punição só não será ainda maior do que esses 5 pontos que tirei porque ao menos você pode continuar se aventurando pelo jogo depois de zerar em busca de mais atividades, então o dano não é lá tão grande assim, mas essa prática predatória não pode passar impune. Sorte, também, que o jogo em si é fora de série.
Like a Dragon Infinite Wealth é um título que eu recomendo a todos, mas que, idealmente, não deveria ser a sua porta de entrada na franquia. Se conhecer a história completa do Kiryu seria trabalhoso demais graças ao elevado volume de jogos, tente ao menos zerar o game anterior para apreciar plenamente o arco do Ichiban por aqui.
Relevados esses fatores, o jogo em si beira a perfeição na sua estrutura de seu mundo aberto, excelência de combate e toneladas de conteúdo para desbravar. Exije uma certa bagagem, é verdade, mas quem cresceu pelas ruas de Kamurocho encontrará aqui um dos melhores jogos de sua vida, e a legítima obra-prima da Ryu Ga Gotoku.
Like a Dragon Infinite Wealth
Publisher: SEGA
Desenvolvedora: Ryu Ga Gotoku Studios
Plataformas: PC, PS5, PS4, Xbox Series X/S, Xbox One
Lançamento: 26/01/2024
Tempo de review: 60 horas
Like a Dragon Infinite Wealth traz a experiência mais polida e completa da franquia até hoje, personagens inesquecíveis e um mundo aberto imersivo ao máximo. É o melhor Yakuza.
Prós
- Mapas gigantes, lindos e repletos de atividades
- Personagens muito bem trabalhados
- Gráficos espetaculares com recriação fiel do Havaí
- Interpretações soberbas em japonês
- Muita, muita, muita, MUITA coisa para fazer
- O maior e melhor Like a Dragon até hoje
Contras
- Cobrar pelo New Game+ foi uma decisão terrível da SEGA
- Não é um bom ponto de partida para novatos na franquia
- Excesso de conveniências e deus ex machina na trama
Comentários
Fiquei curioso, nunca toquei em um jogo da franquia , mas se meu game pass estiver ativo ste o lançamento, vou dar uma chance , espero quebseja curto , RPG infinito não dá mais .
Esse jogo não está no gamepass, mas o anterior ainda está se não me engano. Recomendo jogar pelo menos o Yakuza: Like a Dragon primeiro porque é aquele jogo que introduz o Ichiban.