Presidente da Unity deixa cargo após polêmicas de preços

Neste ano, o prêmio de maior tiro no pé provavelmente vai para a Unity, que após reformulações nos modelos de negócio, decidiu entrar em uma nova tendência: em vez de oferecer licenças gratuitas ou mais em conta, cogitou cobrar por cada instalação dos games que rodam no motor gráfico.

A polêmica foi gigantesca, com diversos devs cogitando até mesmo deletar seus jogos das lojas digitais, algo que fez com que a empresa voltasse na decisão. Contudo, parece que a história não acabou por aí, já que a repercussão foi tão negativa que o CEO, John Riccitiello, deixará o cargo na empresa.

NEWS: John Riccitiello is stepping down as CEO and president of Unity, per company

— Jason Schreier (@jasonschreier) October 9, 2023

CEO da Unity deixará o cargo

As informações são do Jason Schreier, do Bloomberg, que anunciou o fato em suas redes sociais. Posteriormente, a própria Unity postou um comunicado em sua página corporativa anunciando as mudanças de liderança dentro da companhia. Confira parte da declaração abaixo:

A Unity anunciou hoje que John Riccitiello vai se aposentar como presidente, CEO e membro da diretoria da empresa, com efeito imediato. James M. Whitehurst foi indicado como CEO interino, presidente e membro do conselho. Roelof Botha, diretor-chefe independente do conselho da Unity, foi indicado como presidente. O Sr. Riccitiello vai continuar a prestar conselhos para garantir uma transição suave

Imagem: Unity

A partir de agora, a Unity vai partir para buscas de um novo CEO enquanto uma administração temporária é instaurada (com John Riccitiello, antigo CEO, ajudando na transição). Apesar de nada ter sido citado sobre as polêmicas, a companhia agradeceu os serviços de John Riccitiello no mesmo comunicado. Roelof Botha disse:

Trabalhar sob a liderança de John [Riccitiello] foi um dos destaques da minha carreira. John se juntou ao conselho da Unity em 2013 e subiu para a liderança da companhia em 2014, um período em que estávamos enfrentando grandes desafios. John liderou a Unity através de crescimentos incríveis nos últimos 10 anos, nos ajudando a mudar de um modelo de licença perpétua para um modelo de serviço, possibilitando que desenvolvedores monetizem, criando outros serviços de jogos para atender à nossa comunidade de criadores, nos liderando através de um IPO e nos posicionando como um pioneiro na comunidade de desenvolvedores. A Unity não estaria onde está hoje sem o impacto de suas contribuições. Continuo empolgado pelo futuro da Unity

Já o próprio John Riccitiello disse:

Foi um privilégio liderar a Unity por quase uma década e servir nossos empregados, clientes, desenvolvedores e parceiros, todos importantes para o crescimento da companhia. Espero ansiosamente continuar prestando suporte nesta transição e seguir o futuro sucesso da empresa

Imagem: Unity

Entendendo as polêmicas da Unity

A grande pauta que desencadeou todas essas mudanças (e reverteu as ideias originais) envolve o plano de mudar a monetização do motor gráfico: em vez de ter licenças periódicas, os desenvolvedores passariam a ser cobrados por taxas de acordo com o sucesso de seus jogos, similar a royalties.

O plano envolvia cobrar uma taxa de US$ 0,20 por instalação de projetos com arrecadação maior que US$ 200 mil anualmente ou com mais de 200 mil downloads nos últimos 12 meses.

Imagem: SOPA Images/LightRocke

Caso as desenvolvedoras fossem assinantes dos planos Pro e Enterprise, o valor seria menor, na casa dos US$ 0,15 e US$ 0,125, respectivamente – mas a receita anual não poderia ultrapassar US$ 1 milhão ou ter mais de 1 milhão de downloads. Além disso, as taxas iriam variar de acordo com o país.

Como você deve imaginar, as mudanças do motor gráfico não agradaram os desenvolvedores, gerando uma onda de revolta nas redes sociais e ameaças de remoção de games das lojas, reação que fez a empresa reverter as mudanças.

Fonte: Unity