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Concord mira em Overwatch, mas entrega abaixo (e de forma paga)

Nós testamos o Beta fechado e aberto de Concord e trazemos nossas primeiras impressões do live service do PlayStation! Confira

19.07.2024 às 18:11

É até estranho que o gênero “hero shooter”, os FPS de arena à la Overwatch, tenha ganhado nova força tanto tempo depois. Um deles é Concord, o novo jogo da Firewalk e dos estúdios PlayStation, planejado para ser lançado em agosto deste ano, mas que já teve um Beta fechado e, agora, um aberto ao público.

Nós tivemos a oportunidade de testar ambos os Betas recentemente e trazemos nossas primeiras impressões do jogo. Será que a Sony está à par com os colossos do mercado? Será que a estratégia de um AAA pago neste momento é uma ideia que faz sentido? Confira nosso preview!

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

Concord tem sua qualidade, mas o problema é a concorrência

É evidente desde o começo que o Firewalk Studios mirou em Overwatch para oferecer a estrutura, gameplay, humor e até uma “vibe geral” em Concord. Temos uma história de fundo, alguns personagens carismáticos e excelentes animações faciais, mas a jogabilidade ainda é a competitiva em arenas pequenas e com classes bem-definidas de heróis.

Dito isso, o que eu aguardava aqui era justamente a impressão que tive pelo trailer: um Overwatch com tratamento AAA da Sony, dando mais ênfase em gráficos de ponta e, quem sabe, mais elementos narrativos na experiência. Entretanto, não é bem isso que encontrei ao jogar.

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

Concord é um jogo bem mais cadenciado em muitos aspectos: a movimentação é mais lenta, muitas das habilidades “básicas” têm um tempo de recarga maior (e dependem de abates em alguns casos para recarregar mais rápido) e, no geral, acaba utilizando mais atributos passivos nos personagens.

Outras mudanças ficam na movimentação dos heróis, com algumas variações pré-definidas que aparecem em diferentes classes, como o “mais rápido com pulo duplo” ou o “lento sem esquiva” (além de a citada esquiva, que é quase como uma “corrida curta”, sem iFrames).

O problema desse estilo de Concord é que ele pode ser bastante truncado, lento e muito uniforme entre as escolhas de personagens nas partidas. A falta de habilidades Ultimates cria ausência de estratégicas mais avançadas ou um ritmo mais de delineado para confrontos.

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

Além disso, não senti que existe uma composição definida como nos demais jogos: apesar de não ter visto uma partida só de tanques, teoricamente, isso seria possível (e o título não faz muita questão de explicar os papéis de cada personagem). Por um lado, é legal que exista a flexibilidade competitiva, por outro é facilitar (e muito) o caos desordenado.

Apesar de parecer apenas críticas, Concord tem seu lado positivo. Após se acostumar com a cadência do gameplay, as partidas são divertidas, o level design é bacana (apesar de simples, sem grandes camadas de progressão igual Overwatch) e alguns dos heróis trazem ideias interessantes para a mesa.

E, apesar de os personagens às vezes não serem muito diferentes entre si, alguns têm jogabilidade bem legais, as passivas desbloqueáveis (que, particularmente, não sou fã de ter que destravá-las, mas entendo ter o senso de progressão) e alguns estilos únicos aqui e ali.

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

Além disso, a progressão de níveis, seja entre heróis ou level de jogador, agregou pouco, já que oferece apenas pequenos cosméticos que, muitas vezes, sequer são para os personagens.

O problema não é que Concord falta em qualidade. O problema é que a qualidade que ele traz ao mercado, ao menos nos modos e mecânicas que temos disponíveis no Beta, não fazem muito sentido quando comparado aos concorrentes.

É bastante visível o quão menos dinâmico e variado Concord é com o FPS da Blizzard, mesmo que traga sua dose de diversão. E pouco tem a ver com ser mais ou menos cadenciado, mas sim por ser superficial demais.

Overwatch 2 é atualmente gratuito, Marvel Rivals está para ser lançado em 2024 e também será gratuito, mas Concord vai chegar com potencialmente menos conteúdo e saindo por R$ 199 em sua versão mais básica.

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

É difícil dizer, mas parece que ter um hero shooter em 2024 já é uma ideia um pouco antiga, quem dirá pago. Teremos que esperar o lançamento do jogo em agosto, mas, por ora, sinto falta de um “DNA PlayStation” nas raízes do game, um movo PvE que explore mais os personagens, as atuações e os gráficos incríveis.

Não adianta ter um hero shooter com tratamento AAA se o gameplay não estiver à altura de títulos do mesmo estilo gratuitos.

Bem otimizado no PC e PlayStation

Se há algo que merece elogios em Concord, certamente são seus gráficos impressionantes. O estilo de grupo espacial, alienígenas e um clima de “Guardiões da Galáxia” abordado pela Firewalk Studios é bem legal, apesar de alguns designs aqui e ali serem capengas.

Os visuais e a direção de arte são bem acertados e rodar com tudo no máximo no PC ou no PlayStation traz uma experiência, de fato, mais premium, um elemento que o enaltece frente aos concorrentes.

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

No PC, como uma RTX 4090 e um i7-13700K, fui capaz de rodar tudo no Ultra em 1440p e DLAA (que é mais pesado que a resolução nativa) e, mesmo assim, nem tudo estava em 100% de utilização e passando dos 180 fps. No PS5, a qualidade também é muito boa e parelha com os presets de PC – com exceção da resolução.

Só gostaria que Concord fosse um pouco mais otimizado para hardwares mais fracos. No ROG Ally, por exemplo, tudo roda bem mal (e não faz muito sentido).

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

Alguns problemas do online precisam melhorar

É preciso relembrar que Concord ainda está em Beta e há coisas a serem aprimoradas até o lançamento (algumas delas, inclusive, que nem fariam tanto sentido neste momento). Porém, a realidade é que, por ser um jogo exclusivamente online, senti falta de algumas coisas mais básicas em ação.

Por exemplo: você sempre inicia partidas, nunca entra em lutas já em progresso. E o que isso significa? Se alguém deixar o lobby ou sair no meio do combate, ninguém entra como substituição, criando desbalanceamentos no decorrer das partidas e, de vez em quando, até criando cenários 1 vs 1 monótonos até acabar o tempo.

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Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games

A equipe da Firewalk precisa arranjar uma maneira de criar punições ou soluções que não atrapalhem tanto. Além disso, senti que diversas vezes provavelmente fui pareado com pessoas de outras regiões, com pings bem diferentes do meu, que também causou inconsistência (mas isso pode ter sido devido ao Beta fechado, o que acaba sendo um elogio a forma que, não importa como, foi rápido e fácil encontrar outros jogadores).

Por ora, vamos esperar o Beta aberto se desenrolar melhor e ver quais outras novidades Concord terá até o lançamento, mas é fato que a Sony tem um desafio pela frente para tornar o game atrativo perante colossos do mercado.

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