
Preview: Half-Life 2 RTX beira a perfeição tecnológica
A demonstração de Half-Life 2 RTX já está disponível no PC e, se você tiver o poder de fogo, é o jogo mais bonito da atualidade
Imagem: NVIDIA
ão há dúvidas que Half-Life 2 é um dos jogos mais icônicos da história. Talvez falar assim implique apenas em sucesso, então vamos reforçar: ele talvez seja um dos melhores games já feitos e essa opinião é tão compartilhada que há pouco espaço para debate. Porém, é inegável que seus mais de 20 anos mostram sinais da idade.
Por isso que ele foi um dos jogos escolhidos pela NVIDIA para ser remasterizado pela Orbifold Studios, mesma desenvolvedora de Portal with RTX, como um novo projeto feito com o RTX Remix, ferramenta de “remasterização” de títulos antigos que modders podem aproveitar.
Embora seja uma vitrine para a ferramenta, Half-Life 2 RTX tem o potencial de ser um dos remakes mais vistosos e tecnologicamente avançados que já vimos em um videogame. Nós testamos recentemente e damos nossas primeiras impressões aqui. Confira!

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Half-Life 2 é uma maravilha técnica que vai ao limite
O termo path tracing foi cunhado há alguns anos e vimos alguns jogos receberem o “ray tracing completo” em algumas poucas vezes. E, por mais impressionante que seja o resultado, nenhum deles era realmente focado em entregar o máximo dessa tecnologia. Mas Half-Life 2 RTX é.
Por não precisar de otimizações e versões para console, esse remaster é algo feito por fãs de PC para fãs de PC, um showcase de tecnologias da NVIDIA, patrocinado pela NVIDIA e para placas da NVIDIA. Em outras palavras, ele está em desenvolvimento para explorar o máximo possível de qualquer recurso avançado de renderização e o único limite é o seu poder de fogo.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Half-Life 2 RTX utiliza todas as cartas da manga para oferecer a melhor e mais realista apresentação visual que você possa imaginar. Tudo, absolutamente tudo, tem propriedades de renderização física e reage de forma realista com a luz, de superfícies opacas, reflexos, sombras, itens a armas. Bom, tudo, tudo mesmo.
É inacreditável a qualidade gráfica em tela. A luz da lanterna projeta sombras em todos os ambientes do cenário, plástico reage a todas as fontes de luz, as armas refletem imagens de si mesmas (a Gravity Gun e os Medpacks até emitem luz), barris explosivos e zumbis pegando fogo se tornam fontes de luz no ambiente e por aí vai.
Todo o arsenal de tecnologias da NVIDIA e do RTX Remix estão presentes, incluindo algumas novas com o fim do Beta: o Neural Radiance Cache, que aprimora a luz e melhora a performance, RTX Volumetrics, que traz partículas realistas (como névoa), RTX Skin, que implementa subsurface scattering com ray tracing, DLSS 4, o novo modelo de linguagem Transformer do DLSS e mais.

Imagem: NVIDIA
Half-Life 2 RTX poderia ter sido uma tech demo “injogável” no passado, mas a demonstração aqui e agora mostra que, na verdade, ele é um jogo inteiro que utiliza tudo do bom e do melhor, atingindo o pináculo da tecnologia de PCs. Fica o desafio: pode dar zoom em qualquer lugar para ficar impressionado com a qualidade (fora o escopo maior e composições de cena).
O jogo original já é fantástico e, para ser honesto, ainda bonito nos dias de hoje (especialmente pelos múltiplos updates ao longo dos anos, incluindo em 2024, que corrigiram e atualizaram os gráficos). Mas ter tudo isso com path tracing é de outro mundo.
Half-Life 2 RTX eleva algo que o original tinha de sobra: o cenário extremamente bem-construído e a atmosfera. Ravenholm realmente se transforma com recursos visuais modernos e é impressionante de ver na prática, todas as texturas foram retrabalhadas a um nível micro que impressionam onde quer que você olhe (sério, os modelos e texturas combinados com path tracing é de outro mundo).

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Agora, um pouco de contrapontos. Mesmo com uma apresentação soberba, alguns pontos pecam pelo excesso. Talvez nem toda fonte de luz precisasse ser tão “aguda”, lâmpadas e efeitos mais difusos e suaves ajudariam a criar uma ambientação melhor, na minha opinião. Todo foco de luz parece um farolete.
Por ora, tive como jogar apenas a parte de Ravenholm (por conta de um bug) de Half-Life 2 RTX e estou bem empolgado pela versão final.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
E a performance? É necessário um PC da NASA?
Essa não é a primeira “tech demo” em forma de jogo que a NVIDIA lança. Antes de Half-Life 2 RTX, vimos Portal with RTX dar as caras no mercado e, apesar de ser bem pesado, até mesmo uma RTX 2060, a placa mais fraca para desktops com ray tracing, dava conta de rodar o game. E em Half-Life 2 RTX?
Primeiro vou trazer o meu relato. Em um PC High End, com uma GeForce RTX 5080, Intel i7-13700K e 32 GB de RAM, rodar com tudo no Ultra, 1440p e DLSS Qualidade quase atingiu 60 fps sem nem precisar de geração de frames. Isso pode parecer “não é mais que a obrigação”, mas saiba que Alan Wake 2, Cyberpunk 2077 e outros títulos não atingem essas métricas de performance.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Com o DLSS 4 ativado (ou “DLSS 3” se for 2X de geração de frames), é fácil ultrapassar a barreira dos 120 fps e o limite é altíssimo (em X3, atingi mais de 160 fps e em X4 250 fps). Half-Life 2 RTX é um projeto que se beneficia da geração de frames por IA e o NVIDIA Reflex. Mas e em hardwares menos potentes?
Uma RTX 3060, por exemplo, vai entregar resultados em 30 fps e em 1080p, sem ganhos consideráveis em abaixar do Ultra pro Médio e DLSS Qualidade para Performance (mas chegaria na casa dos 40 fps). A questão é menos sobre desempenho e mais sobre recursos tecnológicos, já que o game utiliza bastante os novos Tensor Cores e depende do frame generation.
Half-Life 2 RTX parece ser um projeto pensado para geração de frames, então uma GeForce RTX 4060, por exemplo, deve conseguir rodar tudo no Ultra em 1080p e 60 fps (uma RTX 4070, por exemplo, chega na casa dos 90 fps). Portanto, tenha isso em mente.
Esse é um projeto da NVIDIA, com tecnologias NVIDIA e para placas NVIDIA, especialmente as mais modernas. Então é bom ter as expectativas em xeque, já que se trata de um jogo bem mais pesado e complexo que Portal with RTX.
Alguns bugs precisam ser corrigidos
Half-Life 2 já tem mais de 20 anos de idade e todos os potenciais bugs já foram resolvidos, especialmente pela atenção da Valve ao longo dos anos. Então, nessa lógica, Half-Life 2 RTX deveria ser igual, já que se trata do mesmo código-fonte por baixo do capô, certo? Bom… sim. E não.
As camadas adicionais trazem complexidades novas ao produto. Durante a jogatina da demo, algumas coisas se comportaram de maneira errática, mesmo que fossem pequenas. Como citei, Nova Prospekt simplesmente não carregou para mim, mas por ser uma build, um recorte do jogo principal, é compreensível que algo travou.

Imagem: Vinícius Munhoz/Flow Games
Entretanto, vi alguns problemas na densidade volumétrica de partículas, que aparentavam aparência de macroblocos, como se muito (muito mesmo) pixelados. Algumas áreas, mesmo que em raríssimos casos, tinham as mesmas texturas de versão antiga, sem o update gráfico de Half-Life 2 RTX. E, em uma rara instância, também tive problemas de memory leak, baixando a performance para 15 ou 20 fps, algo que só foi corrigido ao reiniciar o PC.
Outros problemas, como shaders e texturas de sangue em baixa resolução, ainda estão em desenvolvimento e devem ser corrigidos na versão final.
Por ora, Half-Life 2 RTX é um dos projetos que mais me anima. Já revisei esse clássico algumas vezes, mas uma nova roupagem tão impressionante me faz querer retornar imediatamente para reaproveitar tudo de novo. Esse é um tipo de resultado raro de ver: um jogo exclusivo de gerações modernas de PC.
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