Review: Spider-Man 2 traz aventura ágil, densa e inesquecível
Completamente centrado em sua dupla de protagonistas, Marvel's Spider-Man 2 eleva a franquia em todos os sentidos no PS5
equência direta dos jogos lançados pela Insomniac em 2018 e 2020 para o PlayStation 4 – e, posteriormente, PS5 –, Marvel's Spider-Man 2 tem o desafio de mostrar que a franquia aracnídea não só segue firme nos games, como também é capaz de alçar voos ainda mais altos.
Com lançamento agendado para o dia 20 de outubro, a próxima jogatina da série se propõe a contar a história de dois protagonistas simultaneamente: Peter Parker e Miles Morales, heróis que agem em conjunto para defender Nova York de uma escalada de ameaças, mas que, por debaixo da máscara, vivem momentos bastante distintos.
A ambição do estúdio da Sony não para por aí. Esse último grande lançamento do PlayStation Studios em 2023 traz um escopo ainda maior de ambientação e história, tenta melhorar praticamente tudo que foi visto nos jogos anteriores e mergulha a fundo na mitologia Aranha para entregar algo original, mas que bebe na fonte de elementos clássicos da IP.
Mas será que toda essa ousadia se paga ou tudo não passa de fumaça e espelhos, como em uma ilusão do Mysterio? A resposta para esta e outras dúvidas está neste review completo de Spider-Man 2 aqui no Flow Games. Por isso, resista ao chamado do simbionte, esquive das armadilhas de Kraven e acompanhe a gente nesta jornada!
Este é Spider-Man 2
Num resumo rápido, a trama de Spider-Man 2 se passa cerca de 9 meses após os eventos de Spider-Man: Miles Morales e mostra Peter e Miles lidando com as consequências dos acontecimentos vividos por ambos em seus jogos. Enquanto o primeiro vê as coisas se encaixando aos poucos em sua vida, o segundo sente o peso da morte do pai ao mesmo tempo em que tenta equilibrar suas obrigações como filho, amigo, aluno e, é claro, herói.
Diversas mudanças repentinas, no entanto, como o retorno inesperado de Harry Osborn, a chegada de Kraven a Nova York e uma agitação incomum no submundo do crime da cidade, se tornam catalisadores explosivos para que a relação de ambos – que varia entre parceiros de combate ao crime e mentor e pupilo – estremeça.
Nesse meio tempo, você tem a oportunidade de conhecer um pouco mais da vida e do círculo de relacionamento de cada um dos heróis, lida com histórias abruptamente interrompidas, acompanha arcos de queda e redenção e, finalmente, se vê diante de decisões difíceis e emocionalmente densas – mas que não deixam de lado a diversão e a esperança, tão características da série nesta e em outras mídias.
Mesmo com todas essas opções no menu, Marvel’s Spider-Man 2 não é, nem de longe, aquele mundo aberto que vai encher sua tela de objetivos, pingar milhares de ícones pelo mapa e demandar centenas de horas para ser completado.
Aqui, você está diante de um prato principal saboroso, feito com os ingredientes certos e na porção exata para te deixar satisfeito. Tudo isso, é claro, sem deixar de reservar um pedacinho da sua fome para a degustação de entradas e sobremesas que vão aguçar seu paladar e enriquecer ainda mais a refeição como um todo.
O tamanho da diversão
Enquanto outros jogos do estilo enchem linguiça de todo jeito possível e imaginável, com toneladas de missões repetitivas, escondendo conteúdo atrás de sessões chatíssimas de grind ou criando idas e vindas pelo cenário apenas para te fazer perder tempo, Spider-Man 2 corta as gordurinhas e te entrega um verdadeiro filé.
Spider-Man 2 corta as gordurinhas e te entrega um verdadeiro filé.
Na dificuldade padrão e numa jogatina mais focada nas missões principais, a campanha do novo título da Insomniac tem uma duração em torno de 15 a 20 horas, podendo ser platinada facilmente em menos de 30 horas. No nosso caso, misturando um pouco de tudo, finalizamos a história inicialmente com pouco mais de 20 horas e 63% do conteúdo descoberto.
É possível que muita gente critique o fato de um game desse tamanho, escopo e preço ter um percurso tão breve, mas dá para dizer com tranquilidade que a aventura de Peter e Miles traz uma experiência completa e, sobretudo, com cadência e ritmo invejáveis.
Tomando como base a campanha, por exemplo, vemos que tudo começa de forma mais acelerada, fazendo com que você alterne constantemente entre os heróis para entender sua dinâmica e o quão insana é sua rotina como defensores de Nova York.
Logo depois, a história passa a se demorar um pouco mais nos trechos dedicados a cada um, criando cenas mais longas e densas, permitindo que a trama avance a passos largos, que o elenco de apoio ganhe mais protagonismo e que a personalidade dos heróis se desenvolva de uma forma que não havíamos visto até aqui.
Por fim, o terço final do game coloca tudo na sexta marcha, apresentando reviravoltas e costurando pontas soltas enquanto coloca sequências espetaculares em tela. Quando você finalmente volta a respirar e solta o ar que estava preso há tanto tempo, a sensação que fica é de que a saga teve a medida perfeita – nem mais, nem menos do que precisava ser.
Conteúdo extra de qualidade
Embora a campanha, por si só, traga uma experiência completa para quem resolva focar apenas nela, isso não significa que não haja nada mais para fazer em Nova York antes ou depois de concluir a história principal de Spider-Man 2.
Afinal, a jogatina vai muito além do que tanto Marvel’s Spider-Man e Miles Morales trouxeram à mesa com suas sidequests, oferecendo um repertório ainda maior e mais diverso de conteúdo extra. Isso inclui desafios viciantes, missões pessoais para cada personagem e colecionáveis espalhados por toda cidade, é claro.
Fora as ocorrências normais de crimes, que seguem sendo bobinhas, repetitivas e pouco inspiradas, em geral, todo resto do material paralelo de Spider-Man 2 é extremamente divertido e rende recompensas que não se limitam a bônus de experiência e recursos.
Basta ver que, ao serem concluídas, muitas das missões extras oferecem algo que leva a narrativa adiante ou aprofundam a imersão no mundo de alguma forma, seja por meio de diálogos interessantes, detalhes sobre as motivações de antagonistas ou, simplesmente, explorando o entorno de Peter e Miles – que são rodeados de personagens e grupos culturais tão interessantes quanto eles próprios.
A dedicação da Insomniac em fazer com que cada atividade em Spider-Man 2 seja relevante se estende até mesmo aos puzzles. Se no passado os quebra-cabeças podem ter sido motivo de frustração, aqui eles assumem o papel de um passatempo bem bacana e diversificado, com tarefas de ciência mais inteligentes, missões que te colocam no comando de spider-bots e outros minigames que se conectam organicamente à história e ao mundo do jogo.
Bosses são um capítulo à parte
Ainda que praticamente todo conteúdo de Spider-Man 2 seja saboroso, alguns elementos e trechos se destacam dos outros. É o caso dos confrontos contra vilões e outros chefões do game, que podem ser encontrados tanto nas missões principais quanto nas atividades paralelas.
Sim, há uma boa quantidade de lutas desse estilo no jogo – e outras tantas igualmente divertidas contra minibosses –, mas a questão aqui é menos sobre o número de pelejas absurdas e mais sobre o seu escopo e sua qualidade.
Se você gostou do que contamos e mostramos da luta contra Lizard em nossa prévia do game, saiba que a caça à forma animalesca do Dr. Connors é só uma pequena amostra do que os encontros contra bosses em Spider-Man 2 têm a oferecer aos jogadores.
A caça à forma animalesca do Dr. Connors é só uma pequena amostra do que os encontros contra bosses em Spider-Man 2 têm a oferecer aos jogadores.
Isso porque todas as lutas contra chefes são épicas, possuem múltiplas fases e, em alguns casos, não só passeiam por diversos ambientes e cenários, como também guardam segredos realmente inesperados para quem estava engajado com o enredo até ali.
Mais do que isso, cada uma delas possui suas próprias mecânicas e oferecem aquela pitada ideal de desafio, exigindo que você tenha um certo domínio sobre as habilidades de Peter e Miles (ou, em alguns casos, de ambos) para progredir pelas etapas do combate.
A impressão que fica é que a Insomniac entendeu bem cedo o potencial do que tinha em mãos com os bosses de Spider-Man 2. Basta ver que o jogo quase que literalmente começa com um confronto do tipo, colocando o jogador contra um chefão que se inspira no clássico God of War 2 para entregar uma experiência em escala titânica, com takes cinematográficos e visual de cair o queixo.
Claro que nada disso importaria – ou, pelo menos, teria um impacto menor – se a escolha de vilões e o seu desenvolvimento durante a história não fosse algo interessante. E, nesses quesitos, o estúdio da Sony também capricha.
Kraven é tão impiedoso, ameaçador e opressivo quanto imaginávamos, com a atuação de seu bando se tornando cada vez mais intimidadora e sufocante em Nova York. Lizard é o caos encarnado e sua presença está intimamente atrelada ao enredo, carregando uma alta carga dramática. E, como não poderia deixar de ser, Venom rouba a cena quando finalmente dá o ar da sua graça no game – e isso é só o que podemos falar no momento.
Gameplay clássico (mas com melhorias)
Se na trama e nos chefões a jogatina da Insomniac eleva tudo acima das expectativas do público, quando se fala de jogabilidade é possível dizer que Spider-Man 2 não reinventa a roda e nem precisa fazê-lo. Isso porque o título faz um belo trabalho em utilizar a estrutura sólida das aventuras anteriores como base para garantir familiaridade e responsividade na hora da ação, ampliando recursos e funções apenas onde se faz necessário.
Nos combates, por exemplo, o destaque fica com as técnicas especiais e a nova forma como você interage com os dispositivos. A primeira categoria utiliza o L1 e os botões principais do DualSense, enquanto os acessórios-aranha são ativados com o R1 e os mesmos atalhos.
Isso coloca um arsenal maior e mais recorrente literalmente na ponta dos seus dedos, tornando as lutas não só plasticamente mais bonitas como incrivelmente mais dinâmicas. Junte a isso os combos – que voltam levemente repaginados –, os especiais de trajes (L3 + R3) e as finalizações com o uso da barra de foco, e você tem sempre algo para fazer durante os confrontos em vez de ficar somente apertando Quadrado.
Do lado dos oponentes, a introdução de inimigos com golpes que só podem ser esquivados (uma retícula prateada que exige que você aperte Bola no momento certo) ou, em outros casos, apenas aparados (L1 quando a retícula amarela se torna vermelha) adiciona um tempero extra à ação.
O parry, especificamente, é uma ferramenta que ganha importância ao longo da campanha, servindo como recurso ao mesmo tempo defensivo (evitar o dano) e ofensivo (abrir a defesa do inimigo para golpes devastadores). Vale dizer que esse recurso ficou bem mais amigável na versão final em relação a demo que experimentamos, trazendo uma janela de tempo bem ampla – e menos punitiva – para que você execute a ação.
Finalmente, não podemos esquecer das asas de teia, que podem ser ativadas com o botão Triângulo a qualquer momento no mundo aberto, contanto que você esteja no ar. O recurso de movimentação é desbloqueado bem cedo na história e multiplica consideravelmente as possibilidades de locomoção e exploração do ambiente, valorizando o mapa quase 2x maior do que o dos games anteriores (além de ser um bocado divertido).
Escolha seu veneno
Quando se fala de quesitos como desafio, a proposta de Spider-Man 2, no geral, é bastante equilibrada. Jogando no modo padrão e sem nos dedicarmos tanto às missões extras quanto gostaríamos – atividades que, querendo ou não, rendem experiência e recursos para aumentar vida, dano, ganho de foco e aprimoramento de técnicas e dispositivos – só fomos suar a camisa praticamente nos últimos trechos do game.
Apesar disso, é possível alterar o nível de dificuldade a qualquer momento durante sua jornada pelo título da Insomniac. Ao todo, a jogatina oferece 5 níveis de desafio diferentes, mas é possível fazer mudanças mais granulares caso prefira, mexendo apenas na saúde dos inimigos ou no dano que eles dão aos heróis, por exemplo.
Também há uma série de recursos que podem ser usados tanto como ferramentas de acessibilidade como auxílio extra para quem só quer curtir a história, sem preocupações. Isso inclui simplificação de puzzles, ajuda na perseguição a carros e drones, mira aprimorada e até mesmo redução global na velocidade do jogo – entre outros artifícios.
Interface aprimorada
Assim como no gameplay, Spider-Man 2 traz melhorias incrementais em sua interface. Seja nos momentos de exploração, na hora de interagir com o mundo ou nos trechos de pancadaria, fica claro que tudo é muito mais orgânico, acessível e prático.
Um exemplo disso é que a Insomniac parece ter se dedicado a resolver, por meio de atualizações pontuais na UI, um dos maiores problemas de jogos de mundo aberto repletos de conteúdo e de elementos colecionáveis: o quão frustrado ou engajado você se sente ao interagir com esse material extra da história.
Ao trazer dicas visuais de conteúdos adicionais, missões paralelas e colecionáveis para o mundo de jogo – como se fossem hologramas que saltam entre os prédios quando você escaneia a região com o visor do seu uniforme –, o título faz com que o jogador abra menos o mapa ou evite que ele se sinta sufocado de ícones e objetivos.
Adicionalmente, a própria seleção de quests disponíveis é facilitada (e dispensa visitas recorrentes ao menu principal) ao ser transferida para o SMAV, uma espécie de aplicativo mobile usado in-game por Peter e Miles para ajudar os cidadãos nova-iorquinos em perigo.
Com tudo isso, explorar esses conteúdos conforme você transita pela cidade se torna muito mais natural e até mesmo condizente com o comportamento dos heróis. Fica aquele sentimento de: “já que estou indo ali perto, vou só dar uma passadinha no quarteirão anterior para coletar esse Spider-Bot (ou tirar uma foto ou resolver um puzzle) e depois volto para a missão principal”.
Da mesma forma, a reestruturação dos sistemas de Técnicas e Dispositivos – que mencionamos na seção de gameplay – e a exibição de seus atalhos e tempos de recarga na tela principal têm impacto direto no seu comportamento em combate, permitindo que você use muito mais os seus cooldowns em vez de guardá-los para alguma hipotética “situação ideal” que nunca chega.
A exibição de seus atalhos e tempos de recarga na tela principal têm impacto direto no seu comportamento em combate.
Tecnicamente impecável
Ao focar única e exclusivamente no PlayStation 5 – em vez de ter que lidar com o bravo, mas já cansado, hardware do PS4 –, a Insomniac conseguiu trazer algumas coisas realmente novas e next-gen para a experiência geral de Marvel’s Spider-Man 2.
Bastante elogiado no nosso preview e uma das estrelas do material de divulgação do jogo, o tempo de carregamento absurdo do novo Spider-Man, habilitado principalmente pelo SSD do console, muda completamente a forma como você interage com a jogatina.
A viagem rápida, que é ridiculamente rápida, segue o que foi prometido pelos devs e, em vez de te transportar para um hub ou pontos-chave específicos do mapa, te colocam no local exato em que você clicar na cidade – com direito a uma transição bem maneira.
Outro elemento de Spider-Man 2 que está associado a essa alta velocidade de carregamento de arquivos do PS5 e que tem um impacto direto com a forma com que você interage com o game é o sistema de troca instantânea entre personagens.
É algo tecnicamente tão impressionante – e que vai tão além do que vimos em GTA 5 – que acaba se tornando uma das bases do game (tanto na campanha principal quanto nas missões paralelas), ajuda a tornar a narrativa mais dinâmica e valoriza a ideia de mergulharmos numa história densa com dois protagonistas.
O melhor de tudo é que não há pop-ins ou artefatos mesmo que seus personagens se locomovam realmente rápido pela cidade. E, acredite, é possível ir muito rápido aos locais que você quiser, seja com a ajuda das asas de teia e túneis de vento espalhados pela cidade ou com novas habilidades de impulso com a teia.
O resultado? É extremamente divertido vagar por aí, mesmo num mapa gigantesco e no qual as missões podem estar bem distantes uma da outra. Esse sentimento de liberdade e desejo de exploração é bastante bem-vindo não apenas por tornar a jogatina mais fluida, mas também por acelerar sua vida enquanto você não libera a viagem rápida de cada região.
Um último ponto dos quesitos técnicos de Spider-Man 2 que vale ser mencionado aqui neste review é a integração espetacular do título com o DualSense. Embora não estejamos diante de um novo Astro’s Playroom, a forma como as tecnologias do controle do PS5 são usadas na aventura de Peter e Miles podem valer ligar novamente as funções de resistência do gatilho e feedback háptico do acessório.
Isso porque esses recursos vão além de serem enfeites ou truques em puzzles (embora deem show nesse quesito), permitindo que você sinta o movimento dos personagens – ou a chegada de seus inimigos –, cada alteração no ambiente e até mesmo o jeito como o simbionte se mexe por cima do seu corpo. Coisa fina.
Mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa
Durante nossa prévia de Spider-Man 2 aqui no Flow Games e também num vídeo dedicado ao game no nosso canal do YouTube – além de numa participação especial no Flow Games News –, este que vos fala disse que, visualmente, o novo jogo da Insomniac mostrava sim avanços, mas não chegava a impressionar, principalmente para quem vinha de Spider-Man Remastered ou da versão PS5 de Spider-Man: Miles Morales.
Porém, depois de passar um bocado de tempo com a aventura de Peter e Miles, só podemos pedir perdão pelo vacilo: Marvel’s Spider-Man 2 oferece sim um baita upgrade visual em relação a seus antecessores em praticamente todos os sentidos.
Sim, tanto o primeiro Spider-Man quanto Miles Morales são belíssimos e dão uma bela amostra do talento do time de arte da Insomniac, mas bastou que voltássemos aos títulos anteriores da série para comparar elementos gráficos para que ficássemos com a impressão de estar diante de uma versão mais apagada e vazia de Nova York.
Só o fato de termos feito mais de 400 capturas de tela durante nossa jornada pela campanha principal de Spider-Man 2 já deixa claro o quão belos são os cenários e personagens do jogo. O Modo Foto, aliás, recebeu bem poucos ajustes em relação ao que vimos no passado, mas, mesmo assim, segue sendo um dos melhores do mercado – pelo menos nos consoles.
Difícil desgrudar os olhos da tela
A beleza do título, no entanto, vai muito além das nossas habilidades de fotógrafos digitais. Animações, expressões dos personagens e detalhes em texturas de roupas, objetos e cenários são absurdamente impressionantes, assim como a iluminação e a ambientação do game (com ambas mudando a todo momento e sendo efetivas em todas as ocasiões).
Num geral, a densidade de carros nas ruas e de pedestres batendo perna ajudam a trazer um sopro extra de vida à metrópole e deixam sua jornada mais imersiva, realista e impactante. Ok, ainda é possível ver alguns clones andando próximos demais um do outro pelo mapa, mas isso não estraga de forma alguma a brincadeira.
Acima de tudo, porém, foi a distância de renderização que calou nossa boca e nos fez reconsiderar os avanços gráficos de Spider-Man 2.
É simplesmente insano o quão longe você pode enxergar Nova York e o quão detalhados/definidos são os prédios e outros elementos no horizonte. Essa excelência técnica conquistada pelo estúdio da Sony é o fator decisivo para que você aprecie o “glow up” de Manhattan e a adição dos bairros do Brooklyn e Queens – cada um com sua própria cultura, temas arquitetônicos e riqueza de detalhes.
Outros destaque gráficos do novo Spider-Man incluem: persistência de diversos acontecimentos passados no mundo conforme você avança pela história e trajes visivelmente rasgados, sujos e surrados conforme seus heróis entram e saem de lutas (como se vê nas roupas de Arthur Morgan em Red Dead Redemption 2, mas sem opção de banho, infelizmente).
Insomniac sendo Insomniac
Voltamos a dizer que a Insomniac é provavelmente uma das desenvolvedoras mais tecnicamente competentes não só da Sony, mas do mercado de games como um todo. O domínio que eles têm sobre o hardware e software de sua plataforma possibilita que eles entreguem algo bonito, estável e fluído desde antes de o jogo chegar ao consumidor.
Em vez de se apoiar num patch de Dia 1 – que, com certeza existirá, mas resolverá outros problemas – para mostrar sua maturidade visual, Spider-Man 2 já “sai de fábrica” com os modos gráficos perfeitos para todo tipo de público.
Se sua TV é um pouco mais antiga, por exemplo, o modo Desempenho (60 fps) foi feito para você, uma vez que a fluidez na jogabilidade e na exploração são essenciais num título como esse. Agora, se sua tela é mais recente e voltada para jogos, a opção Fidelidade tem tudo para superar a modalidade anterior.
Isso porque em televisores com resolução 4K e suporte a taxas altas de atualização de imagem – preferencialmente com a tecnologia VRR embutida –, o modo que prioriza a resolução oferece não somente imagem em Ultra HD, detalhes gráficos avançados e ray tracing de maior qualidade, mas também faz com que a base de 30 fps salte para 40 fps.
Parece uma mudança pequena, mas é o suficiente para que a renderização de frames seja sincronizada aos 120 Hz do display e reproduzam uma sensação próxima da oferecida pelos tradicionais 60 fps. Suave, bonito e estável e a experiência definitiva com Spider-Man 2.
Caindo da teia…
Mesmo tecendo elogios aos montes à obra mais recente da Insomniac, não estamos diante de uma jogatina perfeita. Em relação a bugs, erros ou encerramentos abruptos do game, temos poucas reclamações. Tudo sempre pareceu muito estável e foi aprimorado ainda mais com patches liberados durante o período de review.
No entanto, fora do âmbito técnico, podemos apontar algumas coisas que não curtimos tanto. A trilha sonora, por exemplo, ficou um pouco aquém do esperado.
Enquanto os episódios anteriores da franquia trouxeram uma experiência de áudio mais cinematográfica, sentimos que aqui tudo ficou um pouco discreto demais ou sem o peso emocional condizente com a trama. As músicas não são, de forma alguma, ruins, mas o material histórico apresentado nas missões do Miles – verdadeiras aulas de jazz, blues e hip-hop – é (muito) mais interessante do que as faixas que tocam de fundo ao longo da jogatina.
A localização também teve alguns pontos incômodos. Pode ficar tranquilo, tanto as legendas quanto a dublagem em português brasileiro estão virtualmente impecáveis, não só traduzindo tudo quase sem erros, como também adaptando alguns termos e gírias dos americanos para o nosso idioma.
O recorrente esforço da Marvel em internacionalizar suas marcas ao adotar um nome unificado e em inglês para personagens e elementos importantes das franquias, porém, parece ir na contramão de tudo isso.
Quem torceu o nariz quando nosso querido Homem-Aranha virou o Spider-Man vai ganhar uma urticária quando jogar Spider-Man 2. Afinal, o jogo traz o Lizard, não o Lagarto, o Prowler, não o Gatuno. Entendemos a visão corporativa por trás de uma decisão como essa, mas não deixa de ser triste para o histórico de décadas do Aranha junto aos fãs aqui no Brasil.
A ausência do modo Novo Jogo+ (New Game+) no lançamento também deve incomodar os complecionistas ou a galera que curtiu o jogo e quer progredir numa dificuldade maior com os poderes e upgrades obtidos em sua primeira passagem pela campanha. Felizmente, a perspectiva é de que a funcionalidade não demore a chegar ao título numa atualização futura.
Por fim, sentimos que enquanto o confronto contra chefões e minibosses eleva o novo Spider-Man para um patamar épico, a luta contra capangas segue sendo um dos aspectos mais fracos do game. Seja no combate ao crime no mundo aberto, investigando galpões na missão principal ou abrindo caminho para um arqui-inimigo, o combate contra os minions é insosso e segue a mesma fórmula há três jogos. Será que não está na hora de renovar esse quesito?
A luta contra capangas segue sendo um dos aspectos mais fracos do game.
Não arranhamos nem a superfície
Mesmo com tudo isso que dissemos a respeito de Spider-Man 2 nesta análise, podemos afirmar categoricamente que isso não é nada em comparação ao que o jogo tem a oferecer.
É só ver que uma série de questões seguem em aberto mesmo após uma tonelada de textos, previews, divulgações da Sony e tudo mais. Se liga:
- Como Harry voltou à ativa?
- Qual é o objetivo de Kraven?
- Como Peter consegue o simbionte e como ele afeta o herói?
- A Mary Jane volta a ter missões próprias?
- Quem são os outros vilões do jogo?
A Insomniac conseguiu um feito épico de hypar a galera com seu mais novo título ao mesmo tempo em que escondia um bocado de segredos, plot twists crocantes e participações especiais para fã nenhum botar defeito. Se conseguir, mergulhe no jogo sem se deixar levar por spoilers – você definitivamente vai se surpreender com essa jornada.
Eu sou… o Spider-Man!
No preview que fizemos de Spider-Man 2 – com base numa demo experimentada no meio de setembro, em um evento realizado pela Sony lá em Los Angeles –, dissemos que o que definiria se o game seria um sucessor à altura das aventuras solo de Peter e Miles seria sua história e a forma como ela se aprofundaria em seus personagens.
Também notamos que o jogo tinha um caminho claro pela frente: seguir a estrada trilhada por outras IPs de peso da casa, como The Last of Us e os episódios mais recentes de God of War, para oferecer ao público uma experiência consideravelmente mais densa e madura.
Ficamos muito felizes em dizer que não só estávamos corretos nas nossas expectativas, como a Insomniac fez um trabalho exemplar em adaptar e aplicar esses conceitos à sua obra, utilizando o material apresentado nos games anteriores como alicerce para construir algo maior em escopo e profundidade, tanto em termos de enredo quanto de mundo.
Tudo, absolutamente tudo em torno de Peter e Miles é interessante, dinâmico e convidativo, fazendo com que, a todo momento, você queira saber mais sobre eles e ver aonde a trama vai levá-los a seguir. Isto é, no final das contas, o grande trunfo de Spider-Man 2 é fazer com que você realmente se sinta na pele dos dois heróis – nos momentos bons e nos ruins.
O grande trunfo de Spider-Man 2 é fazer com que você realmente se sinta na pele dos dois heróis.
Nesse sentido, trajes inéditos, poderes insanos, vilões-surpresa e um mundo maior e mais vivo não passam de recursos que ajudam o jogador a mergulhar numa aventura épica, inesquecível e completamente centrada em seus protagonistas.
A dúvida que paira no ar é: como raios a Insomniac vai superar Spider-Man 2 em questão de trama, desenvolvimento de personagens, consolidação de mundo e densidade emocional? A gente não tem a resposta para essa pergunta, mas já estamos aguardando ansiosamente pela próxima aventura do Spider-Man.
Uma cópia de Marvel’s Spider-Man 2 para PS5 foi gentilmente cedida pelo time da PlayStation Brasil para a realização desta análise.
Spider-Man 2
Publisher: Sony Interactive Entertainment
Desenvolvedora: Insomniac Games
Plataformas: PlayStation 5
Lançamento: 20/10/2023
Tempo de review: 25 horas
Apostando em escopo épico e alta carga emocional, Spider-Man 2 oferece uma aventura imersiva, completamente inesquecível e que celebra sua dupla de protagonistas.
Prós
- Batalhas épicas contra chefes
- Mundo aberto bonito e gigantesco
- Campanha traz apenas o filé
- Missões paralelas contribuem para o enredo
- História emocionante e inesquecível
Contras
- Lutas contra capangas são insossas
- Nomes em inglês podem incomodar
- Trilha sonora aquém do esperado
Comentários
o jogo vai ter modo 60 fps em todos os modos ou so no desemprenho ?
Fala, Talyson! Beleza?
Por padrão, o jogo tem suporte a 60 fps no modo Desempenho e 30 fps no modo Fidelidade.
O Fidelidade, porém, salta para 40 fps se você tiver uma TV 4K com painel de 120 Hz, mantendo a qualidade de imagem e resolução mais alta, mas entregando uma experiência BEM próxima da fluidez dos 60 fps.