Review: Hogwarts Legacy é o ápice do mundo bruxo nos games
Mesmo com imperfeições, experiência funciona nos pilares de mundo aberto e se destaca por exploração
ogwarts Legacy está entre nós, “trouxas”, como são chamadas as pessoas que não possuem poderes de bruxos. Foi o que o Flow Games relatou no review em progresso e reitera agora. E sim, na lata, o game corresponde a todo esse barulho criado e é, definitivamente, a experiência que os fãs do Mundo Bruxo aguardavam, mesmo com suas imperfeições. Em outro review publicado aqui, este assinado por Davy Jones, o produto é tudo que os fãs mais ardorosos de Harry Potter sempre pediram.
Hogwarts Legacy: mundo imenso
Conforme já havíamos relatado em nossa prévia, feita a convite da Warner Brasil, o mundo aberto de Hogwarts Legacy é altamente promissor e especialmente imersivo a fãs antigos e novos da franquia. “Quisemos construir algo que fosse único e especial a partir do Universo Bruxo já conhecido nos livros e filmes”, contou o produtor Jimmie Nelson, presente no evento, em conversa conosco.
Em quatro pilares fundamentais, esses são os pontos que mais arregalam os olhos durante a jogatina:
- Exploração imersiva;
- Mundo muito maior do que se esperava;
- Combate eficiente;
- Ótimas mecânicas de voo na vassoura.
O jogo muda conforme a casa que você escolher?
O título oferece as quatro casas disponíveis na escola: Grifinória, Sonserina, Lufa-Lufa e Corvinal. E sim, os jogadores têm sua própria Casa Comunal, com linhas de diálogo que mudam conforme sua escolha e um ou outro detalhe nas missões dadas, mas nada radical. Essencialmente, a estrutura é a mesma para todos.
Por aqui, escolhemos Grifinória e Corvinal. Até os amigos que você faz são os mesmos – claro que uma ou outra coisa pode mudar a partir das opções que o jogador ativar nos diálogos, mas, em suma, a jornada é igual.
Exploração e mundo: grande escala
Reina aqui aquele que deve ser o ponto mais enaltecido do jogo quando cair nas mãos do público: as possibilidades que a exploração oferece. Os fãs poderão, enfim, ter seu “tour dos sonhos” numa Hogwarts ampla, modernizada e adornada por detalhes, com sutis opções de interação que devem agradar saudosistas e novatos.
Ao caminhar pelo salão principal, todas as escadarias e estátuas estão ali, bem como fontes, quadros com pessoas que se mexem, a icônica biblioteca, os castiçais, longos corrimões e outros elementos que os conhecedores do Mundo Bruxo vão detectando conforme exploram – e cada descoberta é uma agradável surpresa a quem já manja desse mundo de trás para frente. O climão de escola suscita memórias de Bully e Persona 5, como também mencionamos em nossa prévia.
Mas o encanto reside, talvez, justamente fora do castelo. Os arredores de Hogwarts, quando dimensionados escala por escala, oferecem uma área imensa a ser descoberta, com florestas, cavernas, bosques, masmorras, vilarejos e até praia. Tudo resguarda um rápido desafio ou recompensa a quem quiser farejar os cantinhos.
Os Testes de Merlin, disponíveis nesses confins, interrompem a andança por um breve momento, em enigmas que podem ser rapidamente resolvidos, sem quebrar o ritmo da exploração – que é um erro de Immortals: Fenyx Rising, por exemplo, um jogo lindo e lotado de boas ideias, mas com puzzles longos e presentes em excesso.
E sim, cartões-postais conhecidos estão ali, como a casa de Hagrid e o campo de Quadribol, que ostentam arquibancadas separadas em estreitas torres e todo o tracejado do espaço. Infelizmente, como sabemos, a temporada do esporte está fechada no game, mas isso não impede o jogador de realizar missões específicas de voo em Hogwarts Legacy
Voar é bom demais!
Em Hogwarts Legacy, a exploração é tão pulverizada que diversas mecânicas são introduzidas após várias horas de jogatina. A vassoura, por exemplo, leva suas boas 5 a 6 horas para aparecer e não decepciona: levitar é tão prazeroso quanto aprender a andar de bicicleta pela primeira vez.
Aqui, no entanto, o aprendizado requer certa prática, uma vez que você controla o eixo horizontal com o analógico esquerdo e o vertical com o direito. A princípio, você vai, involuntariamente, usar as duas alavancas, mas com o tempo seu cérebro separa as duas coisas, até que o manuseio seja natural.
Aos fundos do castelo, sob qualquer ângulo, podemos enxergar campos verdejantes que direcionam a colinas, cavernas e outros trechos sinuosos, quase tudo alcançável por meio da vassoura – a qual, aliás, não é a única montaria da jornada. Existem criaturas aladas que exercem essa função para você.
Eficiência em combate e roupas, ineficiência em sistema de economia
Uma pergunta que gira em órbita na cabeça dos jogadores diz respeito ao combate: afinal de contas, Hogwarts Legacy tem golpes corpo a corpo? Não. Praticamente tudo é resolvido na varinha, escolha deliberada e assertiva do time da Avalanche Software, estúdio a cargo do game, que é publicado pela Portkey, ambos da Warner. Aliás, segue uma breve nota de diferenciação: essa não é a mesma Avalanche de Mad Max, Just Cause e RAGE. Nesse caso, estaríamos falando da Avalanche Games. A Avalanche Software é a desenvolvedora de Hogwarts Legacy.
A facilidade de aprendizado de Hogwarts Legacy é um ponto extremamente positivo dos confrontos mágicos. O seu bruxo possui um leque de magias alocadas no canto inferior direito da tela, a partir do qual você pode rapidamente alterar o tipo de feitiço lançado, fazendo inimigos levitarem, explodirem, petrificarem, incendiarem e muito mais.
Na dúvida, o “botão de socorro” sempre será o R2 (ou RT, no Xbox), que pode ser macetado para lançar magias rápidas e fracas – equivalente a um golpe de base. Alguns inimigos podem se proteger criando campos de força ilustrados por diferentes cores, e cabe a você lançar o feitiço correspondente para quebrar essa bolha e desferir ataques subsequentes. Tudo é rápido, dinâmico e descomplicado. Havia um risco dessa quantidade de efeitos e partículas poluir a tela, mas não: a ação ocorre com fluidez e naturalidade.
Há uma enorme gama de feitiços a serem descobertos – inclusive do lado sombrio
Eis aqui uma ressalva técnica: em nosso teste, sentimos quedas na taxa de quadros por segundo, especialmente em trechos com muitos oponentes e efeitos explosivos na tela, mas a Warner reserva patches para ajustar esses contrapontos técnicos.
O sistema de economia de Hogwarts Legacy também poderia ser um pouco melhor. Aumentar defesa e ataque é algo unicamente ligado às vestimentas que seu bruxo usa, e não à habilidade de lançar feitiços, enquanto o combate atribui talentos que requerem tarefas espalhadas em confrontos, coleta de itens e realização de desafios diversos. A colheita de determinados recursos para melhorar equipamentos envolve muito mais o uso de “timers” do que um mecanismo mais eficiente de rastreamento. O aspecto RPG é, na verdade, “RPG”, entre aspas.
Veredito
Tudo funciona no mundo aberto de Hogwarts Legacy: NPCs reagem à sua presença, há inúmeros objetos de interação, vários easter eggs escondidos e referenciados no momento certo, diálogos inteligentes, atividades escondidas e objetos que só vão aparecer aos olhos mais astutos. Há uma infinidade de missões secundárias – leves, diversificadas e por vezes inusitadas – a serem cumpridas. O feitiço Revelio, usado para realçar objetos escondidos no cenário, será seu principal instrumento nessa jornada de descobertas.
Ainda que tenha suas pontas soltas, Hogwarts Legacy representa uma superfície dessa fase de reinvenção do Mundo Bruxo nos games, deixando espaço para muitos outros devaneios a serem vividos numa possível sequência – a qual, certamente, poderia dar os nós necessários para entregar uma evolução amarradinha.
Hogwarts Legacy foi gentilmente cedido pela Warner Brasil para a realização desta análise, feita no PS5.
Hogwarts Legacy
Publisher: Warner
Desenvolvedora: Portkey Games/Avalanche Software
Plataformas: PS5, Xbox Series X|S e PC
Lançamento: 10/02/2023
Tempo de review: 30 horas
Hogwarts Legacy é o melhor que poderia ser em termos de jogo baseado no mundo bruxo, mesmo com uma ou outra ponta solta
Prós
- Mundo mágico e imersivo de se explorar
- Combate eficiente, com boas escolhas e soluções
- Ótimo manuseio de voo na vassoura
- Muitos feitiços a serem descobertos
Contras
- Quedas consideráveis de fps em combates intensos
- Sistema de economia entre equipamentos e combate: "RPG"
Comentários
Grande Mica, o mago dos games, mais astuto que o Harry Potter e mais sábio que o Dumbledore. Ótima review e toda admiração pelo seu trabalho!
Excelente análise